BAILE.

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Sete horas e cinquenta e cinco minutos. Todas as partes do meu corpo estavam nervosas e, parada em frente ao salão de festas do clube que sou sócia, eu me senti tola. Tola porque, naquela tarde, eu quis implorar para Ian me tocar. Cada parte de mim se arrepiou quando ele abriu o zíper do meu vestido e precisei de alguns minutos extras para me recompor dentro daquele provador.
Tola porque eu não havia esquecido Pedro, mas estava disposta a dar uns beijos sem compromisso em Ian pra ver se isso acontecia.
E então ele chegou. Desceu de um carro preto e, parado a alguns metros de mim, me encarava. Ele sempre fazia isso. Eu precisei admitir, ele era o cara mais bonito naquele lugar. Com os cabelos loiros penteados pra traz e os olhos brilhantes, ele estava com as mãos no bolso e um leve sorriso no rosto. Se aproximou, me analisando e me fazendo corar.

- Eu te disse que esse era o terno certo. - Sorri.
- E eu te disse que esse era o vestido mais bonito. Vamos?

Ele me ofereceu o braço, e eu entrelacei o meu, grata por estar de luvas, assim minha mão não encostaria na dele e eu não teria outra surpresa como os arrepios de mais cedo.
Nós entramos no salão e eu não me surpreendi, era acostumada com todos aqueles olhares, mas Ian pareceu constrangido, então tentei amenizar a situação, chegando perto de seu ouvido e sussurrando:

- Eu os imagino de roupa íntima.

Ele deu uma breve risada, me perguntando em seguida:

- O que estamos fazendo aqui, Lisa?
- É um baile de apresentação do novo aeroporto e eu precisava de um acompanhante. Você serviu completamente. - Sorri.
- Estou sendo usado, Srta. Wengrov?
- Sim, Sr. Castelli, está. Ali está a minha mãe, venha, ela quer te conhecer.

Mercedes Wengrov estava parada em uma roda de mulheres bem vestidas, as quais eu já havia cumprimentado mais cedo. Minha mãe me dirigiu um olhar de aprovação, e eu agradeci, assentindo.

- Ian Castelli, não é?
- Sim, senhora. - Ele a cumprimentou com dois beijos no rosto.
- Me chame de Mercedes, eu e os amigos de Lisa já temos certa intimidade. - Minha mãe sorriu, demonstrando simpatia. - O que te traz aqui?
- Ele é meu convidado, mamãe, não faz parte da empresa.
- Ah, claro, que má interpretação a minha. Sinta-se em casa, Ian.
- Muito obrigado, Sra Wengrov.

Puxei Ian pelo braço, parando ao seu lado num canto do salão:

- E então? - Dei um giro - O que achou?
- Está perfeita, Lisa.
- Eu preciso de uma bebida. O que acha?
- Não bebo nada com álcool, mas te acompanho.
- Argh. - Revirei os olhos - Você é entediante, Castelli! - Dei uma risada e segui em direção ao bar, puxando Ian pela mão.

E então meu mundo caiu. Eu travei, minhas pernas tremeram e minha visão embaçou. Eu engoli em seco ao vê-lo na minha frente. Ele estava ali. Pedro Galharte estava ali. O grande ex amor da minha vida estava ali. E meus olhos marejaram.
Demorei alguns segundos para retornar, já que o olhar fixo de Pedro em mim me trouxe sensações inexplicáveis.

- Lisa? - Ian tocou meu braço, me fazendo lembrar de sua existencia. - Está tudo bem?
- Sim. - eu pigarreei, forçando um sorriso logo depois - Está tudo ótimo.

Ignorei o olhar de Pedro e continuei meu caminho para o bar, entrelaçando minha mão na de Ian na tentativa de me sentir mais segura. Sem sucesso. Apenas Pedro possuía esse poder.

- Um whiskey duplo, por favor - pedi ao barman.
- Uau. Quem diria. - Ian disse, ganhando minha atenção. - Whiskey duplo? Não seria melhor uma caipirinha?
- Nunca diga a uma garota o que ela deve ou não beber, Ian, e eu, provavelmente, aguento algumas doses a mais que qualquer homem.
- Não está mais aqui quem falou. - Ele deu risada. - Uma água com limão, por favor - Pediu.
- Olha, meu amigo, eu te indicaria uma marguerita, eles fazem uma sensacional nesse lugar.

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