TEMPESTADE.

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Eu poderia descrever os olhos dela com todas as palavras mais bonitas do mundo e ainda assim faltariam expressões. Não eram olhos chamativos, não eram olhos azuis. Eram simples olhos castanhos, cor de chocolate quente da mãe em um domingo frio, cor de pó de café que acende o corpo e a alma numa manhã preguiçosa, cor de tempestade mas ao mesmo tempo, cor de conforto.
O rosto dela era o céu, os olhos eram o sol, o sorriso era a lua e as sardas formavam a mais bela constelação. Eram cor de outono, e eu queria sentir a brisa dos olhos dela como quem se senta na calçada apenas para apreciar o gelado do vento dessa estação.
Parados no meio do segundo corredor, nós não nos conhecíamos, mas não parávamos de nos encarar. Eu quis beija-lá. Foi como reencontrar um amor de infância anos depois e sentir algo se iluminar.
E ela ainda não tinha soltado uma palavra sequer.
Percebi que precisava acabar com o silêncio de alguma forma quando ela levantou uma sobrancelha.

- Seu nome?

Como em 80% das vezes que abro a boca, eu me senti um retardado dois segundos depois, mas nada além dessas duas palavras quis sair de mim.

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