The 2 Of Us - Livro 1. Duologia The 2 Of Us.

Capítulo 35

A minha vida continuava sendo minha, a única diferença é que eu estava dedicando a maior parte do tempo livre à Daniel, o que era uma injustiça quando considerava quem estava há mais tempo ao meu lado. Talvez tenha sido um ponto positivo não podermos passar a noite inteira juntos, já que ele recebeu uma ligação de emergência de sua mãe, dizendo que Reuben estava no hospital pois excedera seus limites no trabalho.

Preocupação era o que resumia seu semblante e, claro, como uma boa e oficial namorada, não pensei duas vezes antes de dizer "Não se preocupe comigo, o seu pai precisa de você!". Ele saiu antes da meia noite, o que me deu tempo suficiente para digerir as últimas horas. Eu, Heather White Colbert, era a companheira oficial do loiro. Só de tomar noção da proporção que estávamos ganhando, percebi quanto estava deixando as pessoas que eu mais amava de fora da minha vida.

Durante meus intervalos na empresa, claro que não eram tempos dados pelos empregadores e sim estabelecidos entre Harriet e eu, liguei para Daniel e não hesitei em atender suas chamadas. Depois da preocupação que seu pai causou e algumas conversas de sua família, estava decidido que dentro de um mês ele assumiria a frente da grande Union Valley, a maior empresa investidora da região. Meu Dan estava exausto mais por se preocupar até demais do que por algum perigo real, já que Reuben estava apenas em observação, então lhe afirmei que deveria descansar, cuidar de seus negócios e avisei que sairia a noite para visitar uma velha amiga.

Eu queria estar perto dele, poder acalmar seu jeito cuidadoso, mas não seria boa ideia levando em conta o apreço que seu pai não tinha por mim, então iria resolver minhas próprias pendências. Durante o almoço, já havia ligado para Wanda e combinado tudo, seu filho me pegaria no horário de saída e, depois de visitá-la, ele me levaria de volta para casa. No final das contas, tudo saiu como previsto e eu me sentia confortável novamente.

Joshua já me esperava em sua caminhonete quando saí da empresa, com seu sorriso cativante de sempre. Os dreds estavam cada vez maiores e seu visual ao bom e velho estilo rastafari mostrava quão maduro ele se tornara ao longo dos anos. Os olhos tão claros quanto os da mãe quase se fecharam com o largo sorriso que me ofereceu quando entrei no veículo.
- Cara, que saudade de você! - Deixei que seus braços me acolhessem enquanto ria, tão feliz quanto ele. - Você quase não muda, hein Heather, faz quanto tempo?

Rolei os olhos ainda dando risada. Eu poderia ser dramática, mas as pessoas ao meu redor não contribuíam para o contrário.
- Dois meses e meio de academia para você, Jay. - O apelido não era de minha autoria, mas era tão sem sentido quanto tantos outros. - Achei que o intercâmbio só terminasse no próximo semestre.

- Ah, sabe como é, eu gosto dessas coisas diferentes, mas não consigo ficar muito tempo longe das asas da mamãe... - Sorri, admirando sua dependência e apego para com Wanda.

- Quando eu tinha dezoito anos, o que mais fazia era sair de casa.

- Ou ia para festas ou ia ver minha mãe, você entende meu drama. - Consenti. Wanda sempre estava presente e, quando não conseguia lidar com a minha mãe, eu procurava quem estava logo atrás dela.

O caminho até a casa dos Parker não foi longo e a tranquilidade me deixou mais animada para conversar, mesmo não sendo capaz de afastar meus pensamentos de Daniel. Quando cheguei ao destino, Wanda já estava a minha espera e correu para me dar um abraço muito apertado, caloroso e com cheiro de flores.

Fui mimada até estarmos devidamente acomodadas no sofá da sala e com a saudade acalentada. Enquanto conversávamos sobre o dia, fui muito bem servida com tortinhas doce, coisa que adorava comer durante visitas à casa dela quando era criança.

O mais engraçado de tudo é que, mesmo depois que minha mãe se afastou quando meu pai simplesmente sumiu, Wanda nunca desistiu da amiga e nem dos filhos dela, Bruce e eu. Ela sempre fora uma mulher com amor à vida, alegre e cuidadosa, além de uma ótima companhia tanto numa festa, quanto num enterro. Eu poderia afirmar com todas as certezas porque já havia passado as duas situações, tanto a cômica quanto a trágica.