Capítulo 18

2.9K 278 77
                                    

-Não se preocupe com ela. Te garanto que o loirinho já se livrou daquela praga siliconada.

-Hum.

Levantei as sobrancelhas, tentando esboçar algum interesse, ainda prestando atenção aos dois que "conversavam" exasperados. Não que eu estivesse ignorando Angie, mas eu não conseguia assimilar nada além da cena que se desenvolvia diante dos meus olhos. Segurei na beirada do balcão, na tentativa de me acalmar, mas não dava certo. Eu queria ser uma mosquinha para saber o que se passava naquele momento.

-Ei, gata. Calma.
Senti a mão de Angel apertar carinhosamente meu braço.

-Eu estou calma, Angie. Não tem motivo para preocupação.
Disse, apreensiva. Eu não poderia estar menos tensa, não sabia o que havia entre os dois e essa conversa parecia mais uma discussão de casal.

No segundo instante Dan se levantou, aparentemente irritado; eu e Angie prendemos a respiração, tensos sobre o que estava por vir; olhei para a ruiva perfeita que retribuía meu olhar de forma intensa, como o irmão sempre fazia. Eu queria tanto arrancar aqueles fios vermelhos e sedosos à unhada...

Seus olhos, verdes como esmeraldas, brilharam perigosamente, anunciando a tragédia iminente e o início da destruição. Dayse Gilbert enlaçou Daniel com suas mãos pálidas e delicadas, puxando-o para um beijo de tirar o fôlego de qualquer um que visse a cena, inclusive o meu. Um grupo estacionado ao meu lado manifestou-se a favor daquela pegação, entre gritos de apoio e falas cheias de sacanagem que só me fizeram parecer menor diante da situação.

Sentia minhas mãos tremerem e uma agitação nada amigável, mas eu não poderia me abalar. Não naquele momento. Peguei a bandeja de prata à minha frente, que continha o coquetel de alguém que eu nem lembrava mais quem era, mas antes que eu pudesse voltar ao meu trabalho, Angel segurou meu pulso, impedindo que eu levasse a bebida.

-Não precisa, gata.
Seu olhar era calmo e compreensivo, talvez comovido com meu estado de choque.

Eu não queria ver o fim daquele show, então saí do ambiente sem dizer uma palavra. Adentrei o corredor escondido e, automaticamente, fui até o escritório. Bati à porta e parei para pensar no que eu diria a Adam. "Ah, vim fazer uma reclamação: sua irmã está agarrando Daniel, será que você pode fazer aquilo parar?". Pelo meu santo amor próprio, eu deveria voltar e fazer meu trabalho. Não estávamos juntos de qualquer jeito, só ficando. Acabou. Estava agindo com infantilidade, eu sabia que uma hora iria acabar. Eu sabia. Então, por quê doía tanto?

Pus a mão sobre a boca, tentando conter um soluço involuntário, quando a porta abriu. Vi Adam com um lindo sorriso para me recepcionar, que logo se desfez ao ver meu estado.

-Heather, você está bem?

Você acha que eu pareço bem?

-Hum. Não. Adam, eu. Eu preciso ir, não estou me sentindo bem.
Minha voz saiu estranha, meio robótica, confirmando o que foi dito.

-Tudo bem, vou chamar um dos seguranças para te acompanhar, ok?

Apenas confirmei com um balançar de cabeça, como uma criança que estava aceitando o único doce que sobrara. Adam pegou seu celular e mandou uma mensagem rápida, depois voltou sua atenção à mim. Ele se aproximou e, pela primeira vez, eu não queria visualizar aqueles oceanos esverdeados. Tanto por lembrar a irmã quanto pelo o que ele fez mais cedo. Quando suas mãos tocaram meus ombros senti uma insegurança estranha, só para piorar a situação.

-Heather, nós podemos jantar amanhã? Eu quero conversar com você.

-Tudo bem, vamos ver.
Ele não iria perguntar o que aconteceu?

The 2 Of Us - Livro 1. Duologia The 2 Of Us.Where stories live. Discover now