- Oi William - forcei um sorriso brilhante e voltei a atenção para o filme. 

- Agora suba Will, queremos assistir o filme - Ana balançou a mão para indicar que ele poderia ir para o quarto. 

- E eu não posso assistir com vocês? - interrogou, já jogando-se no sofá ao lado da irmã e passando o braço ao redor dos seus ombros, a puxando para ele, beijando o topo de sua cabeça. Não consegui desviar o olhar deles, eram tão bonitos juntos, ele era tão carinhoso com ela; admito que eu já quis que ele fizesse algo assim comigo e, se eu fosse sincera comigo mesma, eu ainda queria. 

- Fique então, baby - ela beijou-lhe a face e se aconchegou nele, enquanto Will passava seus braços ao redor dos seus ombros. Depois de muitos sustos e gritos da parte das garotas da sala e risadas do homem, o filme terminou e cada um foi para o quarto designado. Bem, dormir não foi uma tarefa fácil sabendo que William estava repousando ao lado. 

WILLIAM

Fazia um par de dias que eu não via Lucy e quando a encontrei na escuridão da minha casa, assistindo filme com minha irmã, realmente foi um baque. Não estava acostumado a vê-la ali e não poder fazer nada, mas admito que a culpa disso é principalmente minha. Anabela sempre foi muito possessiva com seus irmãos e nunca gostou das garotas que apareciam aqui em casa ou que via junto comigo ou Julian; e eu tinha certeza que ela não gostava nem mesmo de Nina, que estava sempre por aqui desde que éramos crianças. 

Enfim, surpreendeu-me muito ver Lucy aqui mesmo depois que confessei, não sem pressão por parte de Ana, que já havia acontecido algo entre nós. Estava deitado na cama, rolando de um lado para o outro, pensando na mulher que estava logo no quarto em frente, dormindo tranquilamente ao lado da minha irmã. Porra, o lugar dela deveria ser aqui, na minha cama, ao meu lado, não com Anabela. Dormir estava sendo um trabalho árduo, então levantei-me para tomar um copo com água, girei a maçaneta da porta e sai para fora. 

Comecei a caminhar pelo corredor quando a porta do banheiro, que fica entre os dois quartos, se abriu. Me virei, franzindo o cenho pela surpresa, para encontrar uma bela mulher enrolada em uma toalha, seus ombros nus ainda com algumas gotas teimosas e seu cabelo ruivo preso em um coque no cocuruto. 

- William - ela exclamou com os olhos arregalados e apertando o pedaço de pano ao seu redor, como se isso pudesse bloquear meu olhar ou meus pensamentos imundos. 

- Lucy - falei tranquilamente com um sorriso de lado - estava com calor?

- Não estava conseguindo dormir - ela deu de ombros e isso fez a toalha abaixar um pouco, mostrando o começo da volta dos seus seios; apenas isso já fritou o meu cérebro, deixando-me babando em cima dela - e qual a sua desculpa?

- Faço das suas palavras a minha. 

Deixei que meus olhos vasculhassem seu corpo, comecei por seus olhos azuis me observando, desci para seus lábios cheios e avermelhados, tão chamativos, seus ombros brancos e nus, suas pernas delgadas. Estreitei meus olhos para a toalha, pensando qual a maneira mais rápida de tira-la para que me permitisse observar o que havia por baixo. Seria bem fácil puxa-la para meu quarto e...

- William? - sua voz arrancou-me bruscamente da minha névoa de pensamentos lascivos.

- Ham? - perguntei, piscando algumas vezes para me focar no presente, na realidade.

- Devo entrar, boa noite - não me deu oportunidade de responder nada, apenas abriu a porta e se escondeu lá dentro, fechando a porta atrás dela sem me lançar nenhum olhar. Passei as mãos nos meus cabelos e suspirei fundo. Essa mulher seria minha ruína, eu tinha certeza disso.

LUCIANA

Na manhã seguinte, acordei quando o relógio digital que estava sobre a cômoda apontava 07:30 a.m.. Levantei, fui ao banheiro, fiz minhas necessidades, escovei os dentes e balancei Ana algumas vezes.

- Ana, Ana - chamei baixo, ela resmungou e abriu um olho só - já estou indo.

- Por que tão cedo? Vai assaltar um banco ou algo assim? 

- Tenho algumas coisas para fazer hoje - murmurei - nos vemos depois, tudo bem?

- Ok, ok - ela balançou a mão e virou-se para dormir novamente. Sai e fechei a porta com cuidado, desci as escadas nas pontas dos pés para não acordar ninguém. Estava chegando na porta quando escuto uma voz atrás de mim.

- Ei - dei um pulo e pousei uma mão no meu peito, sobre o coração. 

- Você me assustou, William - reclamei - pare com isso, já está virando um hábito.

- Não tenho culpa - deu de ombros e mordeu o lábio para reprimir um sorriso - mas onde vai tão cedo? 

- Tenho que ir. 

- Isso eu já percebi - falou, aproximando-se com um balanço de um gato, bebericando seja lá o que ele estivesse na mão - mas por que tão cedo?

- Eu já ouvi essa pergunta hoje, mas responderei novamente, tenho coisas para fazer hoje - dei de ombros - até mais, William - me virei para a porta novamente, mas uma mão segurou meu pulso e logo eu estava escorada na parede, seu rosto apenas alguns centímetros de distância do meu.

- Fique mais um pouco - sussurrou enquanto colocava uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.

- É, bem que eu queria mas não vai dar - falei soltando uma risada nervosa. 

- E por que não? - perguntou colocando os braços ao redor da minha cabeça, suas palmas encostadas na parede.

- Já sabe o porquê - anunciei passando por baixo do seu braço estendido - muita coisa para fazer, sabe como é. Então, até mais, William - abri a porta e sai praticamente correndo dali antes que ele me encurralasse novamente e não seria legal se isso acontecesse. 

- Espere - escutei sua voz mas fingi que não e continuei meu caminho, parando apenas quando alcancei a entrada da casa de Júlia. 

Estava cedo ainda e provavelmente todos estavam adormecidos, então resolvi correr um pouco. Troquei de roupa, colocando um top e um short de malha, um tênis e desci devagar para não acordar ninguém. Coloquei os fones de ouvido e botei quente na minha corrida. A rua estava bem calma, apenas algumas pessoas estavam passando por ali. Cheguei na praça que havia ali perto e acalmei meus passos, apenas caminhando agora ao som de "The weakness in me" de Joan Armatrading. 

Bem, não foi uma escolha musical muito inteligente, apesar de adora-la me fez lembrar de William no mesmo instante. Eu realmente queria que as coisas fossem diferentes entre nós dois, mas eu não sabia se podia confiar nele novamente, alguém que aproveitou-se tanto de mim sem nunca pensar que poderia ter algo a mais. Alguém que ficou irado por achar que eu tinha ido procurar sua mãe para forçar alguma coisa. Mas apesar disso tudo, eu não conseguia tira-lo da minha cabeça, nem tudo que passamos juntos. 




ღ Perigosa AtraçãoWhere stories live. Discover now