- Oh meu Deus - escapou antes que eu pudesse controlar, as duas mulheres viraram-se para mim esperando pelo veredito - são maravilhosos. Sou louca por cookies, mas nunca havia experimentado algo assim. 

E realmente não estava falando apenas para agradar quem, talvez, poderia ser minha futura sogra, ou sei lá; os biscoitos eram realmente estupendos, como um pedaço do céu na boca. Após o meu comentário, as duas riram abertamente e sentaram-se ao meu lado e assim os minutos transcorreram em um piscar de olhos, envoltos em uma conversa bastante agradável. As duas mulheres Drake eram muito simpáticas e tranquilizantes, apesar da língua, muitas vezes, ferina de Ana, sim, ela tinha me permitido a intimidade

Cara, a garota adorava falar da vida alheia e devo admitir que não gostei quando o tópico tornou-se as mulheres que caíam de amores em William mesmo quando ele era apenas um menino. E não me deixou mais tranquila saber que Will e Nina se conhecem desde que nasceram, que não despregavam um do outro e que até já tomaram banhos juntos, mesmo que fosse quando eram crianças. Nossa conversa animada foi interrompida quando a porta abriu-se e risadas estridentes adentravam a casa. 

Três cabeças viraram-se em direção as pessoas que chegavam e engasguei quando vi William sorrindo, e que belo sorriso, um braço apoiado nos ombros de uma também risonha Nina, que tinha o braço ao redor da cintura de Will. Senti meu sangue subir para a cabeça com a cena e William arregalou os olhos quando me viu, seu pomo de Adão subiu e desceu quando ele engoliu em seco. E Nina apenas desapareceu com seu sorriso, uma carranca tomando seu lugar quando ela botou os olhos em mim.

WILLIAM

Acordei com meu celular tocando ruidosamente, tateei até encontrar o aparelho e atendi sem abrir os olhos.

- É bom alguém ter morrido - falei baixo. 

- Sabe que horas são? Hora de acordar, Will gatinho - era a voz de Nina do outro lado, com uma empolgação que eu não estava sentindo naquele momento. 

- Vá direto ao ponto - resmunguei, arriscando abrir um olho e o fechando em seguida quando a claridade cegou-me. 

- Só estava pensando, você está aqui faz um par de dias e ainda não saímos juntos, sei lá, para almoçar juntos e relembrar os velhos tempos.

- Nos velhos tempos éramos crianças, não fazíamos outra coisa nessa cidade além de correr e ralar o joelho. Não me entusiasma muito a ideia. 

- Mas nos divertíamos muito - ela riu do outro lado do telefone - mas não era disso que estava falando, seu bobo. Que tal almoçarmos juntos e dar uma volta pela cidade? Por favor, por favor - ficou repetindo incontáveis vezes em minha cabeça.

- Se eu disser que tudo bem, você para de falar? - perguntei, jogando minhas pernas para fora do colchão e forçando-me a sentar. 

- Combinado - disse, entusiasmada - passe aqui em casa 12:00, ok?

- Ta, ta - falei e desliguei o celular. Bocejei enquanto esticava os braços, espreguiçando-me. 

Bem, o dia não foi tão tedioso como eu pensava. Almoçamos em um restaurante francês que ficava perto de sua casa, andamos por um tempo pela cidade, relembrando nossos momentos de infância, como quando ela quebrou o braço tentando escalar o muro que dava para a janela do meu quarto ou como adorava escrever nas paredes das casas das pessoas, apesar do rala que vinha em seguida. Resolvemos ir para a casa da minha mãe, após muita insistência dela. 

- Sabe o que mais atrai as mulheres em você? - ela perguntou quando já estávamos alcançando a entrada de casa. 

- Seria a minha beleza? Ou meu sorriso encantador? - perguntei com um sorriso enviesado no rosto. 

- Não, o motivo é sua crueldade. Você é um homem cruel e sabe disso, mas muitas adoram ser castigadas - ela mordeu o lábio inferior, passando o braço ao redor da minha cintura; comecei a rir assim que girei a maçaneta e empurrei a porta para entrarmos, serpenteando um braço por seus ombros. Mas meu sorriso desvaneceu-se quando notei que havia três cabeças viradas em nossa direção, duas das mulheres que habitavam a casa e uma que provavelmente não deveria fazer parte do cenário.

- Lucy - soltei em uma calma que eu não estava sentindo.

- Oi, Will- ela sorriu fracamente, mordeu o interior da boca e se abraçou, esfregando o braço esquerdo com a mão direita. Parecia... desconfortável. 

O silêncio que se formou no cômodo pequeno ficou tão tenso que eu estava sentindo-me sufocado, então eu me aproximei e lhe dei um beijo na bochecha. 

- Podemos conversar lá em cima? - perguntei e ela suspirou, aliviada, e assentiu com a cabeça - eu já volto - falei para Nina e guiei Lucy até o meu quarto. 

- O que diabos você está fazendo aqui? - perguntei, exasperado. Era algo que eu queria perguntar desde que a vi sentada ali entre minha mãe e Anabela - oh, por favor, não diga que veio ver minha mãe e fazer algum tipo de moral. Muitas já tentaram essa tática. 

- Não estou tentando tática nenhuma - falou em voz baixa - eu vim apenas vê-lo. Mas vejo que não fiz bem. 

- Você apenas atiçou a imaginação fértil da minha mãe, quando eu aparecer na sala teremos a velha conversa de como você é uma boa garota e uma ótima candidata à namorada - as palavras deslizavam por minha língua sem que eu conseguisse pensar direito, eu já tinha passado por situações iguais anteriormente e a única coisa que resultou foi uma terrível dor de cabeça depois de tanto falatório - não é à toa que não trago garotas para cá.

LUCIANA

Como eu pude ser tão idiota?

Essa pergunta flutuava em minha cabeça várias e várias vezes enquanto ele cuspia suas odiosas palavras. Repetindo, como eu pude ser tão idiota? Pensar que poderíamos ter algo mais do que... como disse Diana? Ah sim, um romance casual. Ou talvez nem fosse isso, ele era um cara que não tinha nada melhor para fazer e eu uma garota que estava disponível. Era baixo até para ele. Agora eu conseguia vê-lo como realmente ele era de verdade, realmente o que eu pensava que era, alguém que não suportaria entrar de cabeça em um relacionamento, o homem frio e calculista, que não sentia nada por ninguém.

- Acredite ou não, não vim para ver ou colocar caraminholas na cabeça de sua mãe. Vim para vê-lo, pois fui convencida e também porque somos amigos, não? - tentei contornar a situação, tentei feri-lo como ele tinha feito comigo, falando como se o que tivemos não significasse nada. E, sim, tivemos, pois para mim acabou.

- Sim, somos amigos - falou em um tom engasgado e parecia que eu tinha atingido o alvo. Ou talvez fosse apenas coisa da minha cabeça. 

- E agora que resolvemos isso, como está? - perguntei calmamente, forçando um sorriso que falhou totalmente.

- Estou bem e você? - questionou, arqueando uma sobrancelha, talvez perguntando-se qual era o meu ponto.

- Também. Devo ir embora agora.

- Por quê?

- Porque estou aqui já faz um tempinho, você demorou e está acompanhado. Não quero atrapalhar. 

- Não atrapalha - suspirou, passando a mão no cabelo - desculpe-me pelo que eu disse.Deveria ficar.

- Está tudo bem, mas eu tenho que partir. 

- Eu insisto - um sorriso torto surgiu - afinal, somos... amigos. - a palavra custou sair dos seus lábios e me perguntei o que isso significava. 

- Tudo bem, apenas mais um pouco. 

ღ Perigosa AtraçãoWhere stories live. Discover now