Final

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(Visão do Zack)

Todos os carros de polícia param em frente ao local. Observo o sobrado simples em um bairro pobre e violento, e tenho a convicção de que o cara é realmente experiente nas escolhas dos seus locais. Ele planeja cada mísero detalhe, para não causar o mínimo de suspeitas. Afinal, como a polícia presumiria que o cativeiro de Lana era em meio á população? Alguém teria denunciado caso visse algo suspeito, não é?

Não em um bairro repleto de drogas e prostituição ilegal. Filho da puta!

Vejo a porta da frente escancarada, e engulo em seco. Os policiais retiram as armas, e se posicionam em frente á casa. Eles vasculham o lugar inteiro, antes de liberar nossa passagem. Logo na entrada, as pegadas de sangue são evidentes em todo o saguão.

A equipe de perícia sacam seus kits, e eu caminho para o andar de cima.

—TEM UM CORPO AQUI! —Escuto o grito de um policial.

Nem preciso da confirmação visual, para saber á que esse tanto de sangue pertencia. Ariana! Entro no cômodo, e vejo seu corpo estirado no chão, envolto de uma grande poça de sangue já escurecido.

Minha garganta se fecha. A culpa parece descer até a boca do meu estômago. Eu não deveria tê-la enforcado, muito menos a enviado nessa missão suicida.

—Espere um pouco, senhor. —Um perito me impede de avançar, e dou um passo meio vacilante para trás.

Ele tira foto do lugar e do corpo, em diversos ângulos e direções; logo em seguida, ele me libera mostrando o polegar. Mesmo tendo o sangue humano fazendo parte da minha rotina diária, não contenho um tremor de atravessar meu corpo, ao sentir o cheiro férreo e pisar no sangue quase seco.

—Sinto muito. —Abaixo-me até seu rosto, e fecho seus olhos abertos.

Levanto-me e decido sair de perto do corpo.

—Tem algumas molduras aqui. Quem é essa garota? —A detetive pergunta com a moldura na mão, e me aproximo.

—Essa é Luna Klanfield, irmã do Linc. Ele deixou a irmã em estado vegetativo e fez a família evaporar. —Outro detetive explica nos encarando.

—Pesquise as propriedades da família.

—Eu já pesquisei, e eles tinham apenas uma. A propriedade fica no Texas, foi leiloada e o banco a tomou. Só podemos entrar com um mandato.

—E que merda você estava fazendo, pra não ter me avisado isso antes? —A detetive deixa a moldura na mesa, e pega seu rádio. —Central, aqui é a Capitã Chavez, número zero três cinco um. Tenho a possível localização do criminoso. Preciso de um helicóptero e reforços terrestres antes do amanhecer.

—Confirmado.

Ela estrala o pescoço, e encara o outro detetive furiosa.

—Eu não sou bobo, sabia? Se você tivesse me deixado acabar de falar, saberia que eu só estava esperando o mandato chegar. —O detetive tira um papel do bolso, e um sorriso desenha o rosto da detetive.

—Vamos, não temos tempo á perder.

***

Os músculos da minha costa estão doloridos e inchados de estresse. Olhar o sítio abandonado que pode ser o cativeiro em que Lana está presa, misturado com a sensação de não poder fazer nada, parece tirar meu fôlego a cada segundo.

O uivo do vento piora as cenas de terror projetadas em minha mente. Um grito desesperado ecoa pela rua deserta, e corta o ar dos meus pulmões.

—É o grito dela! —Sussurro e olho petrificado para os detetives que me devolvem o mesmo olhar. —Temos que ajuda-la!

Apesar de VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora