Capítulo 16

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Alguns dias depois...

Acordo a noite com um choro leve vindo da babá eletrônica. Levanto-me rapidamente e entro no quarto ao lado. Encontro Ariana sentada na poltrona com minha filha no colo. Ela a encara com tanto carinho que sinto uma pontada de ciúmes observando a cena.

—Me dê ela. Seu trabalho com ela é só pela manhã. À noite pode deixar que eu mesma cuido.

—S-sim, senhora.

Quando Dasha sai do colo de Ariana, ela começa a chorar. Coloco-a no berço por um instante, e pego uma mamadeira do mini frigobar rosa que Kiki colocou no quarto, retirando o esquentador de mamadeira de dentro da gaveta.

Esquento um pouco de leite e coloco a mamadeira com cuidado em sua boca, vendo-a sugar avidamente.

Como médica ou quase, sei que o leite sem ser o materno dá mais cólica para o bebê, porém ele dorme a noite toda, diferente de um bebê que mama no peito.

Depois de tomar toda a mamadeira, Dasha ainda chora. Verifico a fralda e vejo que ela está seca.

A enrolo em um pedaço de pano deixando-a "apertada" lá dentro. Chego perto de sua orelha e faço um chiado, que imita o barulho da barriga da mãe quando está gerando. Como um passe de mágica, ela dorme.

A aconchego mais a mim e canto uma canção de ninar que minha mãe cantava quando eu era pequena.

Eu canto para você dormir,
A terra gira sem ter fim,
O sol se esconde não sei onde,
Escurece a noite cresce.

Eu canto e você já dormiu
A terra gira por um fio
A lua brilha, minha filha
Eu canto este acalento, para você.

Caminho com ela pelo quarto enquanto sinto seu corpinho já tão familiar esquentando meus braços. Entro no meu quarto e a coloco em minha cama. Ester me vê acordada e fala que mais cedo um garoto tinha dado um gato a ela e que ela não teve como recusar. Falei que não teria problema nenhum e até alegraria a casa.

Enrolo-me no Edredom e confiro Dasha novamente. Passo meu braço em volta do seu corpinho miúdo, e me aconchego a ela pegando no sono logo em seguida.

***

Meu despertador me acorda e quando viro para o lado meu sorriso fica largo. Encaro um par de olhos pequenos, olhando para um animalzinho que anda pela cama.

Levanto-me, dou um banho em Dasha, e logo depois tomo o meu. Chamo Ariana para cuidar dela e me despeço da pequena com o coração na mão.

—Só avisando que depois da nossa aula, vamos ficar com a Dasha.

Kiki avisa assim que chego na faculdade.

—É o dever de vocês como tias. —Respondo ainda sonolenta.

—Quem vão ser os padrinhos dela? —Xubs pergunta pegando-me de surpresa.

—Quem precisa de padrinhos se ela pode ter duas madrinhas maravilhosas?

—Não acredito! Então, caso você morra ela poderá morar com uma de nós, mas como eu falei primeiro vai ser comigo. —Fala Xubs com os olhos brilhando de excitação.

—O quê? Vai ser comigo, eu sou parente. —Kiki intervém gargalhando.

—Ei, vocês duas desculpem decepcionar, mas eu estou muito bem viva e batam na madeira! Não vou morrer tão cedo.

Xubs me encara com a sobrancelha arqueada e enlaça meu pescoço com o braço magrelo.

—Não mesmo Lana, não mesmo.

***

Já não aguentava mais ficar na sala de aula. Cada segundo parecia ser cada vez mais entediante.

Antes de ir para casa, passo no mercado para comprar uma torta de chocolate pro jantar. Assim que estaciono, percebo Ariana empurrando o carrinho de Dasha, e alguém muito parecido com Zack ao seu lado. Os dois parecem estar em algum tipo de conversa séria, pois Ariana morde os lábios nervosamente e nega com a cabeça diversas vezes indo embora em seguida.

Aperto o volante até ver o nó dos meus dedos brancos. A boca do meu estômago parece ter se fechado. O homem passa o mão nos cabelos, e retira o celular do bolso virando em minha direção. Prendo a respiração ao notar Zack tão lindo quanto o último dia em que o vi. Seu rosto está com a expressão cansada, e seu semblante nervoso. Assim que ele desliga o celular, vejo-o correndo para o seu carro.

Passando-se alguns minutos desde a sua saída, uma pergunta ficou martelando em minha cabeça: Sobre o quê Zack e Ariana estavam conversando?

Apesar de VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora