Capítulo 34

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Sento-me à mesa junto com minha família e fico admirando o local a minha volta. Dasha começa a chorar e minha mãe a coloca em meu colo fazendo seu choro cessar. Vários garçons estão enfileirados apenas esperando a ordem para servir as entradas.

Tê resmunga algo sobre estar com tanta fome que poderia comer os talheres, nos tirando gargalhadas, chamando a atenção de alguns riquinhos metidos que não disfarçam a careta ao nos encarar.

Os garçons começam a se espalhar pelo salão com as entradas. Um deles para em nossa mesa e Tê solta um grito de animação. O prato se chama salada waldorf que consiste em uma leve fatia de maçã e aipo, nozes cortadas e uma cobertura feita de maionese.

Antes de eu comer, pego a bolsa de Dasha e tiro sua mamadeira colocando delicadamente em sua boca. Depois de ver a mamadeira vazia, coloco Dasha no carrinho. Procuro Zack pelo salão com os olhos, mas não o acho em lugar algum.

—Ele já virá. —Tê fala sorrindo de lado.

—Eu sei. Tê, eu queria te perguntar uma coisa, mas em particular. —Falo baixo e ela franze o cenho.

—Tudo bem, vamos ao banheiro, mas quero voltar antes de servirem o prato principal.

Levantamo-nos atraindo o olhar de todos na nossa mesa.

—Está tudo bem filha?—Meu pai pergunta visivelmente preocupado.

—Tudo sim, só vamos ao banheiro. Podem ficar de olho na Dasha? Já voltamos.

Caminhamos pelo salão e abrimos a porta do banheiro entrando em seguida. Tê tranca a porta e se joga em um dos bancos espalhados em um canto.

—Sou toda ouvidos.

—Bom, é um assunto um pouco constrangedor e nem sei se você entende mesmo do que eu vou perguntar e...

—Pode falar cunhada, se eu souber, prometo te ajudar.

Fecho os olhos e sinto minha face ruborizar.

—Eu... Queria dar um passo a mais, uma "apimentada" na minha relação com o seu irmão. —Vejo-a arregalar os olhos.

—Não me diga que você quer dar as portas do fundo! —Ela fala surpresa.

Pisco algumas vezes tentando entender. Quando cai à ficha, arregalo os olhos e me apresso em corrigir.

—Oh meu Deus Tê! claro que não. Eu estava falando de outro tipo de passo.

Ela encosta-se na parede e analisa meu rosto como se pudesse ler meus pensamentos. Vejo em seu olhar uma faísca de compreensão.

—Você quer botar a boca pra trabalhar? Sua safada! Como assim você nunca fez isso na vida?

Respiro fundo e decido contar o que me aconteceu a Tê. Vi em seu olhar desde raiva até tristeza.

—Agora entendi. Poxa, tu enfrentou uma barra pesada.

Encaro minhas unhas tentando afastar os sentimentos ruins.

—Já que você me contou um segredo, vou te contar o meu.

—Você não é obrigada a nada.

—Eu sei, mas mesmo assim vou falar.—Ela suspira e abre um sorriso sapeca. —Minhas férias não foram adiantadas. Eu meio que me envolvi com a filha do maior traficante de Antuérpia e ele não curtiu muito saber que sua filha adorava experiências novas.

—Você perdeu o juízo? Se seu irmão soubesse...

—Se soubesse, mas como não vai saber, não tenho com o que me preocupar. —Ela abre um sorriso genuíno.

Apesar de VocêOnde as histórias ganham vida. Descobre agora