Capítulo 54

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Alguns meses depois...

—Você sabe que não é realmente necessário você ir comigo, não sabe?

—Sempre gostei de Yoga. —Zack batuca os dedos descontraidamente no volante.

Faz exatamente quatro meses, desde o último ataque de Linc. Todos á minha volta parecem estar felizes e despreocupados com esse repentino desaparecimento ou desistência. Mas conhecendo Linc como eu conheço, sei que ele não desistirá assim tão fácil. Á vista disso, o que me resta, é aproveitar todos os momentos como se fosse o último.

—Sério? Qual foi a última vez que você fez Yoga?

—Ham... Quando eu estava na barriga da minha mãe, eu acho. —Ele coça a cabeça constrangido, fazendo-me gargalhar.

—Estou feliz por você ter vindo conosco. —Sorrio apertando sua mão.

Respiro fundo e viro meu rosto na direção do vidro. O sol paira sobre a manhã timidamente; mantendo um frescor no ar, deixando as gotículas de orvalho sobre as folhas. O dia estaria ainda mais bonito para mim, se eu não estivesse temerosa com a reação de Zack diante do que falarei.

—Zack, tenho algo para te falar. —Rô um pequeno pedaço de unha.

—Pode falar. —Ele me encara por alguns instantes, e volta sua atenção para a pista.

—Eu fui ver um advogado da família. Eu não escolhi meu pai, por que obviamente ele não iria fazer o que eu desejava.

—E o que você desejava? —Ele me olha sem entender.

—Um testamento. —Vejo seus maxilares travarem, e sua expressão endurece imediatamente. —Mas calma isso não quer dizer que vá...

—Não. —Ele para no acostamento, e passa as mãos repetidas vezes no cabelo.

—O quê? Zack, nós precisamos conversar sobre essas coisas. Ou você acha que somos imortais? Fazer esse testamento me deixou segura, caso o Linc...

—Não fale o nome desse filho da puta! Eu... Eu te proíbo de falar dele ou de morte perto de mim. —Ele desvia seu olhar de mim para o volante. Seu rosto fica vermelho, e sei que não é de um jeito bom.

—Me proibir? —Tiro o cinto de segurança e seguro seu rosto em minhas mãos. —Você só está adiando essa conversa, Zack. Você acha que eu falo isso por puro prazer? Eu odeio a ideia de um dia partir e te deixar aqui.

—Eu não suportaria e você sabe! Só... Por favor, vamos adiar essa conversa para outra hora. —Ele suspira suplicante.

Sinto vontade de estapear meu próprio rosto, por ver essa áurea de sofrimento pairar sobre seus olhos. Decido desistir de ter essa conversa, de uma vez por todas.

—Eu te amo. —Beijo seus lábios.

—Eu te amo ainda mais.

Zack religa o carro, e eu recoloco o cinto. Para dispersar o clima pesado, ligo o rádio em uma estação qualquer.

—Está ansioso para a festa de hoje á noite?

—Um pouco. Só de pensar que terei de disputar o prêmio Richard com outras dezenas de médicos, sinto calafrios pelo corpo.

—Tenho certeza que você irá ganhar. —Sorrio genuinamente.

—Espero não decepcionar minha torcida.

Depois de um tempo, Zack estaciona e abre minha porta; recebendo um beijo como recompensa por seu cavalheirismo.

—Antes de entrar na sala, tome um pouco d'agua. —Ele beija a ponta do meu nariz. —Vou só fazer uma ligação e já entro também.

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