Capítulo 48: E Nada Será Como Antes

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Lavigne empurrou as portas e não se surpreendeu ao encontrar os irmaos reunidos a sua espera. Todos pareciam reflexivos e distantes uns dos outros, de muitas formas. Quando entrou, todas a atenção voltou-se para a Lider.
- Que surpresa! - disse Clarke, fingindo algum mau humor - Não é muito educado convocar uma reunião e chegar atrasada...
- Eu não convoquei reunião nenhuma, Clarke... - Respondeu Lavigne, surpresa

- Ótimo, se você nao tem nada a dizer, posso voltar para o leito dos meus filhos, de onde não deveria ter saído... - Phiorella adiantou-se atravessando a sala, nao sem antes enviar um olhar descontente para Lavigne.

- E esse é exatamente o assunto, irmãzinha - Demetri bloqueou sua passagem com o corpo, de braços cruzados e voz sombria - Noossa Lavigne não convocou vocês. Fui eu. 

- Demetri, isso não é hora para... - Benjamin começou até ser cortado pelo irmão

- Para termos uma conversa séria e olharmos nos olhos uns dos outros - Indagou friamente - Nossa familia ja esta caindo aos pedaços sem que façamos nada. Nao é como se pudessemos continuar adiando isso indefinidamente...

- Há algo de errado, Demetri? - Clarke perguntou, cuidadoso

O sarcasmo de Demetri foi a resposta.
- Acho que você deveria perguntar o que não há de errado - ele caminhou até estar a  frente dos irmãos - Como vocês devem saber, Ciprian despertou de seu coma hoje. Porém, como nem tudo são flores, tenho certeza que ninguem mais sabe sobre as coisas que Lavigne viu, enquanto visitava seu leito. Ou mesmo as coisas que eu ouvi...
- Ele está apenas atormentado - Declarou Atena, tentando protege-lo - Assim como os outros...
- Ele está muito mais do que atormentado, amor. Todos eles estão mais do que atormentados. Conte a eles, Lavigne, como Ciprian está beirando a loucura...
- Não... - disse Atena ao mesmo tempo em que foi ignorada pelo irmão
- Conte a eles, o que me contou - Insistiu ele, encarando Lavigne, nos olhos - Conte o que Ciprian fez....
- Ele... - Lavigne começou com a garganta seca - Ele se permitiu acreditar nas falsas promessas de Valentina, feitas enquanto era prisioneiro. Dentre todos, arrisco dizer que ele foi quem mais zelou para que os irmãos ficassem a salvo... Ciprian disse a Valentina coisas sobre nós. Sobre os Jardins, criados. Sobre o Antidoto da morte definitiva, que existe....
- O que? - irrompeu Phiorella, surpresa
- Ele não disse o que era o Antidoto - tranquilizou Lavigne, rapidamente - Ou que estava em minha posse. Mas só então pude entender a fúria e ameças confusas de Valentina, quando travamos nossa propia luta. Ela tem uma perspicacia maniaca. Ela quer nos levar as cinzas, e não irá descansar até encontrar esse Antidoto, do mesmo modo que não descansou até encontrar nosso refúgio secreto.
- E... - Demetri a interrompeu - Todas as verdades, Lavigne...
- Ciprian está muito doente - respondeu Lavigne contra vontade - Começou a tossir, primeiro água da qual eu o tinha ajudado beber. E depois sangue. Tossiu até encharcar os lençóis, e minhas vestes, as quais estava trocando antes de vir para cá. Depois disso, perdi a conciencia por um breve momento, não sem antes contar a Demetri, que me resgatou para o lado de fora.
- Obrigada irmãzinha - disse Demetri de modo afável - E com tudo isso, podemos concluir que Ciprian esta mais do que louco. Ele está doente. E debilitado. Todos eles estão na verdade. Á dias em que eu observo todos eles, cada detalhe de suas loucuras e doenças, com realismo ao invés de votos de que eles ficarão bem e todas essas coisas que vocês mentem para eles.
- Aonde você quer chegar, Demetri? - Interrompeu Phiorella - Não estou ansiosa por ouvir meus filhos tendo suas integridade insultadas.
Os ombros de Demetri caíram, como se ele não pudesse mais se manter sustentar. Mas ele fez o possível para continuar em sua voz mais impassível.
- Vamos encarar os fatos, minha irmã. Aurora está agressiva e voraz. Perdeu sua sanidade. Florence tem alucinações, pensa a todo instante que estão tentando mata lá. Lorely tem surtos de panico constantes. Nicholas perdeu o dom das fala. Axel desenvolveu tiques nervosos, não consegue segurar um copo de àgua, sem tremer. E Ciprian é um traidor. Valentina foi inteligente a nós desestabilizar aonde somos mais fortes. Nossa Elite foi danificada, nossos pobres filhos... O comportamento de Ciprian me fez pensar se realmente há esperança para algum deles...
- Sempre há esperança, Demetri - foi a vez de Lavigne intervir antes que ele preferisse as palavras mais sentenciou as que ela ouviria na vida - Não entendo a que ponto você deseja chegar, mas a esperança sempre prevalece...
- Você é uma otimista, irmã. Com a confirmação de doutores, cheguei a conclusão de que eles jamais serão os mesmos outra vez.
- Isso não é verdade - Rebateu Phiorella - a doutora acredita na melhora de Lorely, e de Axel. Há esperança.
- Não, não há. - Rebateu Demetri - Os danos de Valentina foram muito profundos e não podem ser revertidos. Eu fiz a mesma doutora que disse isso a você, por bondade, dizer a mim quão graves eram as situações deles.
- E o que você quer que façamos, com isso? - Clarke rebateu de modo irritado - Você nos chamou aqui somente para ter a satisfação de jogar a verdade no rosto dos pais dos seus herdeiros e tios? - seu olhar se desviou para Lavigne nesse instante
- Não - Demetri recusou - Eu os chamei aqui para sugerir um modo... de dar fim a esse sofrimento. Uma cura... uma ultima caridade a nossa condenada Elite Original.
- E o que é? - Questionou Lavigne, ansiosa pela resposta que teria
- Olhe para o seu pescoço, irmãzinha - disse Demetri com pesar - Isso é a única coisa que pode salvar nossa Elite.
E Lavigne olhou. Todos olharam. E o que encontraram foi o camafeu ali pendurado sob as vestes. O camafeu que Iris deu a Lavigne numa noite sombria, antes de partir, com algo ainda mais sombrio dentro dele. Um Antidoto, no tom exato de violeta de seus olhos.
- Eles não estão enlouquecidos - irrompeu Clarke com fúria tangível - Você está. Como pode sugerir isso para crianças que passaram a vida com você?
- Isso é inaceitável! Demetri! - Phiorella estava horrizada, Atena parecia congelada a seu lado.
- Vocês acham que é fácil pra mim? - Demetri era quem parecia abalado - Eu tenho filhos na Elite. Minha Aurora. Meu Axel. Minha Lorely. Acham que eu sugeririra esse fim tão definitivo se não fosse a única alternativa de salva los?
- Salva los de que? - Lavigne rebate, com o sangue borbulhando sob sua pele
- De si mesmos! - gritou Demetri desesperado - Vocês não entendem? A únicas maneira de cura los é usando o Antidoto! Pense no que estaríamos poupando os. Uma eternidade condenada de dor, sofrimento e sangue. Por que seria apenas isso o que eles teriam, por toda a eternidade, como tem tendo nas últimas semanas desde o resgate. Isso é um favor.
- Isso é assassinato! - rebateu Phiorella
- E se não fosse? - disse Benjamin imparcial - Se você acha que o Antidoto é a única maneira de acabar com seu sofrimento, então por que não perguntamos a eles o que acham disso? Por que não lhes damos a escolha de tomar ou não o Antidoto?
Todos os olhares se voltaram a Demetri. Ele não hesitou.
- Por que eles estão loucos! Eles não podem mais pensar por si mesmos, eles perderam completamente o juízo do que é certo e errado, e agora cabe a nós, decidir por eles. Minha Aurora... - ele completou - Minha antiga Aurora. A corajosa e leal... ela queria ter tido esse fim rápido. Eu a conhecia. Ela não aceitaria viver a eternidade numa ala de hospital. Vocês me chamam de louco por sugerir isso... mas primeiramente tem de aceitar... de que essa é única forma que eles tem de encontrar a paz.
- Não! - protestou Atena, os olhos apertados, com lagrima escorrendo pelo rosto - Não, Demetri! Não!
- Esse conselho acabou. Vocês podem ir.
Demetri caminhou para Atena, tentando abraça lá, tentando conforta lá, mas ela o empurrou com um berro.
Phiorella se aproximou da irmã com uma mão e suas costas e ela se permitiu ser guiada até a porta. Antes de desaparecer no corredor, Phiorella garantiu um olhar fumegante na direção de Demetri, que permanece inconsolável. Benjamin parecia absorto, e aquela sala pertencia a Lavigne. Quando Clarke avançou para Demetri, Lavigne não conseguiu impedir.
- O que você tem nesse cérebro, Demetri!? - gritou Clarke, empurrando seu peito e fazendo ele se desequilibrar - Você tem idéia do que está sugerindo que façamos! Matando nossos próprios filhos!
- Eles nem são seus filhos, seu idiota - Demetri revirou com outro empurrão - Eu sei o que é melhor para os meus, e sei que eles não irão sofrer a eternidade só por que você está revoltado.
- Mas eles são meus sobrinhos, e não irei permitir que você cometa a atrocidade de mata los! - protestou ele - Pense no exemplo que seríamos. Pense nos rostos das crianças que cresceram com você!
Que o amaram! Acha que sua preciosa Atena vai concordar com isso! Acha que a propia Lavigne vai aceitar isso! - Ele apontou para a irmã as suas costas
- Atena está abalada agora, mas sei que ele fará o que for certo, assim como Lavigne. Ou acha que ela é a Lider apenas por ser um rosto bonito e não por tomar as atitudes mais sábias? - Demetri provocou
Clarke se virou para encara lá. Os olhos de Lavigne nunca acharam o chão tão interessante.
- Lavigne? - Ela ouviu a voz do irmão que mais amava, chamado a em uma baixa suplica e ela levantou os olhos para ele, olhos violeta que nos podiam esconder a verdade, tudo, para receber em troca a face desolada de Clarke em sua direção. Sem precisar dizer uma palavra, Lavigne observou enquanto seu rosto passava de devastação, para a propia Perdição. Seu maxilar se tencionou, o olhar endurecido quando ele se voltou novamente para Demetri - Pois eu não vou permitir. E você é quem está louco se acha que conseguirá dar a sua paz para eles.
- Em primeiro lugar - começou Demetri tranquilamente, rodeando o em um círculo - Nos ficaríamos conhecidos como justos e realistas, que pensamos no bem do nosso povo em geral, e não só de nossos filhos. E em segundo lugar... ao inves de me agredir fisica e verbalmente, acredito que você deveria se preocupar em fazer seus próprios filhos, não atormentados, para cuidar, se ocupar e proteger com tanta... selvageria assim. Ou vai agir como quando éramos crianças? - provocou Demetri - Quando lutávamos na frente do nosso pai e eu sempre ganhava de você. Isso não mudou, Clarke, querido. Eu sempre ganho.
Clarke avançou na direção de Demetri como um raio, derrubando o no chão, golpeando com o punho livre enquanto o outro apertava a sua garganta.
- Cale a boca! - Ele gritava a cada golpe, que Demetri lhe permitia bater - Cale a boca!
Benjamin foi quem despertou primeiro e tirou Clarke de cima de Demetri, contendo o. Ele tentou revidar, mas Benjamin era mais forte, e tinha braços mais largos, e não era facilmente irritável o que lhe garantiu alguma vantagem. Ele foi o responsável por tirar Clarke daquele lugar, que gritava continuadamente para a figura ainda deitada no carpete do escritório de Lavigne.
- Eu não vou permitir isso, Demetri! Você vai ter que me matar com seu Antidoto, antes de tentar matar aquelas crianças! Você vai sangrar com elas... - as palavras de Clarke se perderam quando ele desapareceu no corredor.
Após isso, Demetri emitiu uma respiração profunda e sua garganta gorgolejou, assim que ele se sentou. Seu cabelo dourado estava coberto de suor, e havia sangue escorrendo por seu rosto, pelo nariz quebrado, e pela boca ferida. Lavigne se ajoelhou diante dele, estendendo os dedos para tocar seu rosto, mas Demetri a afastou com mais gentileza do que o esperado. Dentre todas as perguntas que Lavigne poderia ter feito, dentre todas as que atormentavam sua mente naquele instante, ela fez apenas uma, tão baixa quanto um sussurro, o suficiente para que ele entendesse.
- Por que deixou que ele te batesse?
Foi então que ela percebeu as lagrimas cortando seu rosto, quando ele a levantou para ela.
- Por que eu mereço sentir dor - Disse por fim, dando de ombros - Por que eu mereço sangrar, Lavigne.

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