Anjos de Sangue: Fim dos Dias

Capítulo 17: Pacto

- Por que mesmo que estamos fazendo isso? - Benjamin Ryce, questiona, ofegante, enquanto ele acaba de ser desarmado pela irmã, Phiorella, a espada voando longe de sua mão.
- Só cale a boca e vá pegar sua espada, Ben - Ela retruca, secando o suor que escorre em sua testa. Esta de noite, os irmãos treinam desde o amanhecer, sem descanso, com supervisão da mãe. Agora que anoitecera, a supervisão passara para Alexander.
- Eu já disse o por que de estarmos sendo tão exigentes, com o treinamento de vocês - Ele responde, autoritário, passeando por entre os jovens que praticam alguma atividade - Eu e sua mãe queremos prepara los.
- Preparar a gente pra que? - Benjamin retruca, cruzando os braços, que já aparentam ter algum músculo, teimosamente. Já faz um ano, desde o ritual de criação. Os filhos de Alexander e  Iris, aparentam estar na adolescência, por volta dos 15 anos.
Ou pelo menos reclamam, como adolescentes natos, Alexander acrescenta mentalmente, com um suspiro.
 Eles também são inteligentes, mesmo que não estejam matriculados em nenhuma escola. Desde sempre, seus pais os educaram em casa, e isso não significava nenhum tipo de moleza. Todos liam bastante, e inclusive passavam por provações. E agora, com uma grande tormenta no mundo das sombras, Iris achou sábio, treina los fisicamente, ensinando lhes tudo o que sabem, e os preparando para o que virá, mas que Alexander não se atreve a dizer. A Guerra.
- Vocês saberão quando chegar a hora - Alexander responde, vagamente, enquanto um som de batalha explode em seus ouvidos. Num confronto, sobre a luz da lua, Demetri e Clarke, encontram se no meio de um acirrado duelo de espadas. Todos ali, tem afinidade em alguma técnica ofensiva. Phiorella, e Demetri são maravilhosos com qualquer tipo de espada. Clarke também é bom com espada, isso é visível a forma como ele luta com afinco, mas sua maior especialidade é o arco e flecha. Benjamin é excelente com adagas, machados e massas, o que quase custou a orelha direita de Demetri, certo dia, enquanto Atena possui grande afinidade com chicotes, dos mais variados tipos, embora o seu favorito seja o de electrum e havia Lavinia, que era boa em diversas coisas. Parecia ter uma habilidade para um pouco de cada arma, desde arco e flecha, até lâminas e massas, além de ser muito inteligente e uma boa estrategista. Porem ela não chamava muita atenção, passando o tempo livre com a cara sempre enfiada em livros de história, ou revisando táticas. Enquanto todos estão com os olhos vidrados no confronto de Demetri e Clarke, Lavinia está num canto, com uma lanterna iluminando um livro.
Uma pequena torcida se forma ao redor, dos dois, Benjamin, Atena, Phiorella e Alexander, observando atentamente. Leva vários minutos até que Demetri finalmente consiga desarmar Clarke.
Demetri ergue os braços em comemoração, enquanto Atena e Benjamin o congratulam. Clarke, protesta, batendo o pé, cheio de raiva:
- Você trapaceou, Demetri! - ele insiste
- Ah, menos, Clarkezinho - Demetri retruca com arrogância, e um sorriso sarcástico - Que bom que o papai está aqui, pra você chorar a sua derrota no colo dele
Isso tira qualquer resquício de controle que Clarke guardara. Ele está prestes a avançar para Demetri, quando Alexander o contém com uma mão no ombro:
- Nem pense nisso, Clarke. Demetri ganhou de maneira limpa, eu estava assistindo - Declara - Por hoje, é só. Agora guardem as armas, e vão tomar um banho. Clarke revira os olhos e com um murmúrio ininteligível, vai atrás de sua espada, enquanto Demetri assobia, com a espada no ombro, enquanto entra em casa. Atena enrola seu chicote de electrum, no pulso, e o segue. Benjamin também recolhe suas armas, junto de Phiorella. Alexander suspira com as mãos na cintura. Mais um dia de treinamento finalizado. Mais um dia em que essa família permanece viva e intacta. Com motivos de sobra para estar aliviado, Alexander está prestes a adentrar sua casa quando percebe Lavinia, ainda encolhida em seu canto com a lanterna e o livro. Ele sorri.
- Hora de entrar, Lavigne - Alexander a chama por esse nome constantemente, Ao invés de Lavinia, alegando que a pronúncia é muito mais fácil, ainda mais para quem, viveu a maior parte do tempo nos EUA. A menina de cabelos negros cacheados e pele palida, levanta os encantadores olhos cor de violeta do livro, e olha ao redor como se perguntasse aonde estão todos.
- Nos já terminamos por hoje. Hora de comer alguma coisa.
- Ah, sim pai - Lavigne fecha seu livro, e agarra a katana, arma com que treinara hoje, com a outra mão. Assim que ela entra na casa, Alexander da uma ultima olhada para o céu, pontilhado de estrelas e para as luzes das casas de mortais italianos, que pontilham a escuridão abaixo da colina, fechando a porta as suas costas.