Capítulo 4: Portões do Céu

3 0 0
                                    

Iris não conseguia evitar que suas mãos tremessem, enquanto encaminhava-se para o Salão do Trono. A convocação havia sido tão repentina, que a assustara. Algo que também não ajudava, era o fato de sentir seus irmãos perfurando suas costas, apenas com o olhar. Nada disso a acalmava.
Por que seu Senhor a havia chamado? Teria Iris o desagradado? Como uma serva obediente, ela revisou se não cometera algum erro. Como criatura, ela sempre o amara o Criador com todo o seu ser, sempre cumprira suas ordens, assim como todos os seus irmãos, que existiam para esse justo propósito e mais outro: Obedecer a Tua palavra, e servir aos seus filhos, os mortais.
Não eram todos, os que concordavam com isso, obviamente. Amar ao Criador, em toda a sua grandeza e perfeição era algo natural e inevitável. Quanto aos mortais, Iris já escutou seus irmãos justificarem a repulsa e o receio, por diversos motivos: Os mortais são falhos, corruptos, vulneráveis, pecadores e mortais... Os mais extremistas defendiam veemente que eles sequer deveriam merecer o perdão divino ou um simples ingresso no Céu...
Iris se mantinha longe desses anjos, menores em posição hierárquica. Eram geralmente os mais revoltados, e rebeldes. A anjo sabia que o Céu não admitia aquele tipo de pensamento, sem refruta-lo. Anjos já haviam sido punidos por rebeldia, todos tinham um único destino: O fogo infernal e a Queda...
Chacoalhando sua cabeleira castanha como a avelã mais doce, entre fios dourados como ouro líquido, Iris expulsou esse pensamento de sua conciencia e reduziu sua caminha, ao se aproximar da Sala do Trono. Atravessando os Portões de ouro, a luz, sempre presente em todos os cantos do Céu, tornou se ainda mais brilhante, mas não machucava seus olhos. Era a luz divina, formando o mais belo caleidoscópio de cores, que prenchia todo o local.
- Iris - a voz vinda do Trono a chamou - Aproxime-se.
Iris obedeceu, e olhou para cima, para a luz ainda mais brilhante. Esta era intensa demais até mesmo para seus olhos. Poucos eram os anjos que já haviam visto Deus em sua forma. Ela ajoelhou se imediatamente.
- Perdoe me, pela demora Senhor. Estava cuidando dos Jardins, quando meus irmãos avisaram me sobre o Teu chamado.
A voz do Trono quase divertiu se.
- Há coisas mais importantes que os Jardins, pequena Iris. Como a vida.
- Certamente, oh, Senhor da Vida - Iris adorou-o. Sempre que ouvia a voz do Senhor sendo doce e misericordiosa, Iris sentia vontade de cantar inumeros hinos em seu louvor e gloria, assim como todos os seus irmãos. No entanto algo mudou. O divertimento na voz vinda do Trono, desapareceu. As cores brilhantes ao seu redor tornaram se levemente mais opacas.
- O que sabes sobre os Seres das Sombras? - Perguntou a voz
Iris ponderou, inclinando a cabeça, incerta.
- Eles... hum, tem habilidades que os seres humanos não tem - Suas mãos começam a torcer a ponta de suas vestes, enquanto ela diz, cuidadosamente - Alguns tem alma, outros não. A maioria se envolve com artes demoníacas, coisas que não pertencem a luz do Senhor... Eles... estão em constante conflito. E... eles não deveriam existir - Ela completa.
- Isto é certo - A voz afirma, e Iris suspira aliviada, porém não por muito tempo - Atualmente... pensei que pudesse tolera - los enquanto não influenciassem nas vidas de meus filhos... mas o que aconteceu... não pode ser tolerado sem que haja punição - A voz do trono soava ainda mais alta e retumbante - Como aquelas criaturas ousaram interferir no curso natural da vida, criado por mim, como puderam, fazer com que a existência de meus filhos dependessem de algo tão material! - Iris tenta se manter no lugar quando um raio explode ao lado dela, e não só isso, eles explodem em diversos lugares no mesmo instante. Mais branda, a voz do Trono anuncia:
- Eu a convoquei para envia - lá em uma missão, Iris.
Sem hesitar, Iris assente.
- Que seja feita a Tua vontade, Senhor - Recita, com adoração - Apenas me guie em sua luz, e farei o que for preciso.
- Você cairá na Terra - Diz a voz - Levará a tua espada, e irá usa lá para destruir todo e qualquer filho da escuridão, até que, a Terra esteja livre desta praga. Quando o fizer, traga me a nota, da qual a vida de meus filhos está dependente. Irei queima lá com o fogo celestial, e meus filhos não mais terão suas vidas interferidas por qualquer criatura maligna. Você partirá agora mesmo.
- Assim será feito, Senhor - Iris se inclina, e espera algo mais, porém, quando a Voz se silencia, ela se levanta, e está prestes a sair, quando a Voz retorna a seus ouvidos, em tom de advertência:
- E Iris... Não desaponte o Céu - A voz ribombou - Estou enviando a por que confio que é capaz... Se fracassar... não permitirei que haja retorno. E você queimará como Lúcifer queimou.
Ao ouvir esse nome, Iris estremece.
- Isso não acontecerá, oh, Senhor. Farei o que me foi ordenado e regressarei a minha morada, muito em breve.
A Voz a dispensa. Então a anjo se retira da Sala do Trono, enquanto tenta conter os tremores que a percorrem.

Anjos de Sangue: Fim dos DiasUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum