Capítulo 31:

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Aquela noite foi um tanto delicada.
Na sala de jantar, enquanto a comida era servida por Bianca, Lionel e Charlotte, se apresentaram, de mãos dadas e entre risinhos, com roupas limpas, após mais um dia de construção e dedicação à cidade. Charlotte tinha os cabelos prateados caindo pelos ombros, molhados, o que deixava o cabelo num tom de cinza ainda mais escuro, porém não menos bonito e peculiar. Ostentava um sorriso descontraído no rosto o que era raramente visível, durante o trabalho, exceto quando ela estava com Lionel. Pelo que Lavigne tinha conhecimento, eles se relacionavam já algum tempo, e pareciam bastante felizes com isso. Lavigne tentou ficar feliz por ver os dois felizes, mas o clima tenso na mesa, era visível e pesado, como se houvesse chumbo no ar. Assim que os dois atravessaram a porta, logo perceberam que havia algo errado.
- Hum... Esta tudo bem? - Charlotte perguntou para ninguém em especial e como ninguém respondeu, Lavigne tomou a frente:
- Esta tudo bem, senhorita Peterson. Junte se a nós, durante para apreciar esse jantar.
- Hmmm, bolo de carne - Lionel tratou de se sentar, ao lado de Demetri, que pareceu desconfortável, mas ele não ligou. O Especial parecia jovem e ansioso, contrário ao clima da sala. Bianca lhe serviu com pratos e comida, assim como para Charlotte que se sentou desconfiada ao lado dele. Era certo que a criada tinha noção do clima pesado entre os Lideres mas felizmente, ela não se deu o trabalho de fazer perguntas. Todos se serviram da comida em silencio, um suculento bolo de carne, purê e molho crambarry. Lionel tentou fazer piada em algum momento, ou perguntar se havia algo de errado, mas os Lideres lhes responderam com respostas evasivas. Quando todos terminaram e Bianca anunciou torta de creme como sobremesa, Phiorella disse que estava cansada e que iria se preparar para dormir mais cedo hoje. Logo Demetri também saiu. Então Atena. E Benjamin. Só restaram Clarke, Charlotte, Lionel e Lavigne. Clarke parecia querer se esconder novamente, como se a sala parecesse enorme, mas sua fome de sobremesa, fosse mais tentadora. Charlotte e Lionel dera de ombros.
- Ao menos, sobra mais torta - Lionel tentou ver o lado bom daquela evasão repentina.
Lavigne quase sorriu diante do humor, daquele homem.
Após se deliciarem com a torta de Bianca - Lionel pegará três pedaços enormes - ele é Charlotte se retiraram. Novamente só sobraram, Clarke e Lavigne. Ela imediatamente se levantou enquanto Bianca começava a tirar a mesa.
- Posso ajuda lá com os pratos, Bianca - Lavigne lhe disse
A criada arregalou os olhos marfim, de modo que eles pareceram grandes bolinhas de cristal.
- Não, não, minha senhora - Ela alegou. Ainda era estranho ter alguém tão jovem quanto Lavigne aparentava ser em seus 17 anos, chamando a de minha senhora - Eu posso fazer isso, sem problemas.
Lavigne quase suspirou.
- Não é por que eu sou a Lider, que não posso ajudar a tirar a mesa.
A criada arregala ainda mais os olhos como se a tivesse ofendido. Lavigne se pergunta se existe a possibilidade deles cairem das órbitas.
- Não é nada, pessoal, minha senhora - Ela diz, suavemente - Eu apenas posso fazer isso, sem problemas.
Lavigne suspirou derrotada e atravessou a sala de jantar, disparando para fora bem depressa... Talvez conseguisse escapar...
- Lavigne! - uma voz soou atrás dela, no meio do corredor, e ela conteve um gemido de protesto, enquanto se virava lentamente.
- Sim? - disse com a suavidade de sempre
Clarke se aproximava dela, não tão confiante, agora, cada vez mais perto, até poderem falar em tom normal:
- Eu... sei que as coisas estão um pouco estranhas - ele começa e então se corrige - Muito estranhas mesmo - sua cabeça pende, em cachos castanhos - Eu... Só queria dizer que... eu não menti no seu escritório hoje a tarde. Esta tudo bem, de verdade. Eu a amo, Lavigne, mas você é minha irmã. Eu nao queria demonstrar, mas estou muito aliviado por Kandelyce não aprovar nosso envolvimento... - ele diz, simplesmente, com um sorriso, que reflete no violeta dos olhos de Lavigne. Ela devolve o sorriso, se dando Conta do que ele quer dizer. As coisas não precisavam ter ficado tão estranhas. Hesitante, Lavigne abriu os braços, como um pequeno pássaro negro, prestes a alcançar vôo, e Clarke mergulhou na escuridão dela, envolvendo a em um abraço apertado.
- Que bom que você não está ofendido, Clarke - Ela diz em seu ouvido
- Ah, francamente - ele retruca - Pensei que você estivesse...
- Não mesmo - Ela diz, aliviada, e se afasta dele - Você é meu irmão, Clarke. É isso. E... apesar de tudo, eu só estava tentando fazer o necessário, dizer na hora certa que acabou sendo a errada - Lavigne chacoalha a cortina de seda negra que é seus cabelos, na luz do luar que transpassa pelo corredor - Eu vi como vocês entraram hoje. Pareciam tão... felizes... eu queria ter adiado essa conversa para daqui, a 10 anos, quando tudo estivesse pronto e estabelecido.
- Não, você fez o certo, irmãzinha - Clarke assente e então suspira - De qualquer modo, essa será uma longa noite. E eu não me atreveria a ir até o corredor dos dormitórios se fosse você... - ele acrescenta com um sorriso malicioso. Lavigne ri e da uma cotovelada em suas costelas quando por dentro se sente enojada. Pela primeira vez em tempos, ela se sente jovem, por dentro e por fora, como seus irmãos.
- E então? O que vamos fazer essa noite, Senhor Clarke? - Ela pergunta em tom sugestivo
- Que tal uma partida de xadrez? E então podemos dormir na sala de estar mesmo.
Lavigne concorda, agradecida e agarra o braço estendido do irmão enquanto os dois caminham até a sala de estar, como se toda a tensão entre eles tivesse simplesmente evaporado.

Anjos de Sangue: Fim dos DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora