Capitulo 7: Tudo Mudou

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Iris salta de cima dele, imediatamente, puxando sua espada consigo enquanto o homem se debate, desesperado. Ainda sentindo sua espada cravada em seu peito, ela estende o braço até as costas e a puxa. Novamente não sente nada além de um puxão, e a sensação é de alívio como se estivesse livre de nada mais que um pequeno incomodo.
Iris deveria estar satisfeita, por seu oponente queimar, assim não precisaria ele não precisaria morrer por sua mão, mas algo em seu peito está desconfortável com isso. Então o homem e em chamas, se levanta e corre com tamanha rapidez, que se torna apenas um borrão de fogo aos olhos dela. Seus olhos o procuram até localiza - lo em uma caverna mais a frente, uma sombra se debatendo contra o chão.
Não se aproxime, adverte a voz, vá embora.
Mas Iris não pode fazer isso. Algo em seu coração a manda se aproximar, uma afiada curiosidade em seu cérebro...
Seus pés se movem sem controle, até onde ele está, e entrando na caverna, que não parece ser muito funda, ela o encontra encolhido e soluçando, nas sombras. O fogo se apagou, e o que resta são queimaduras horríveis, cobrindo seu rosto, e partes de seu corpo, já que as roupas estão em farrapos.
- Você é mesmo tão ruim a ponto de vir aqui só pra me assistir morrer?
- Por que está sendo tão duro comigo? - Iris não consegue evitar a pergunta
- Eu pedi para que você me matasse. Que descesse a espada - ele geme de dor - Mas você é cruel, não é mesmo?
- Eu não entendi - Iris sussurra - Eu não sabia o que ia acontecer... e pra falar a verdade ainda não sei o que aconteceu...
- De que planeta você vem? - Seus lábios se abrem num sorriso sarcástico, que só faz seus olhos azuis brilharem ainda mais - Se você tem uma espada dessas, então certamente não é humana, nem mesmo caçadora. Eu sou um Vampiro, docinho - ele diz - Eu queimo no sol.
- O sol... - Iris repete, não convencida - machuca você?
- Isso mesmo, docinho - Ele revira os olhos e geme de dor outra vez.
- E você não pode evitar? - Iris retruca, curiosa - Meu Mestre me adverte sobre os filhos da escuridão a mais tempo do que posso me lembrar... Perigosos, astutos e ageis e até agora não conseguiram uma solução para o sol?
O homem ri. É um som doce e esquisito ao mesmo tempo. Suave. E provoca certa agonia dentro de Iris.
- Você só pode ser uma turista atrevida - Ainda sim ele explica - Existem capas enfeitiçadas, que nos protegem do sol. Baste que você as vista e o sol não o afeta. Mas só os mais poderosos de nós tem acesso a elas. O resto... tem que se contentar em sair apenas a noite, ou morrer se aventurando no território da luz... Eu poderia me curar facilmente, mas a nao ser que eu morra antes, isso vai demorar, ja que passei tempo demais queimando-ele geme-Eu estou horrivel, não é mesmo?
Iris o avalia novamente.Suas feridas estão em vermelho vivo,cobrindo diversos pontos de seu corpo.
- Não está tão ruim assim - Ela diz,com um leve dar de ombros
Ele assente,distante.
- Qual o seu nome?
Mate o. Não diga nada apenas mate o.
Iris morde o interior da boca, mas não sente dor. Parece horrivel não sentir dor, agora, usar a dor como âncora para voltar a sua propia mente, parecia uma boa idéia agora.
- Iris - Ela responde de repente - E o seu?
- Iris... - ele repete, levemente e o som de seu nome, nos lábios dele, faz com que algo se revire em seu estômago outra vez
- Seu nome também é Iris? - Ela questiona inocentemente
- Não - ele consegue sorrir em meio a dor - É só que... é um nome muito bonito. Eu sou Alexander.
Alexander, parte de sua mente, a parte de sua mente a qual ela tem controle, repete. Bonito e suave... ela assente.
- Bem... - ele sussurra, quase sem forças, os traços pálidos de sua pele tornando se ainda mais brancos do que já eram - Agora que fomos devidamente apresentados... quer me dizer por que você não está morta?

Iris está cansada de surpresas. Ela definitivamente não é boa em ser pega desprevenida por que a pergunta, faz com que ela torça o rosto e se afaste ligeiramente. Não há como disfarçar o incomodo nisso, por mais que ela tente. -O que você quer dizer com isso?
Ele revira seus olhos azuis, nas sombras.
- Eu posso ter entrado em combustão, mas não acho que isso tenha afetado minha memória... Eu acertei minha espada em você. Ela atravessou seu coração, sei bem onde eu a enfiei. A lamina é composta por prata batizada. Isso mata Anjos Caídos, na hora, como veneno, mas você nem pareceu sentir.
A voz de Iris irrompe, quase ofendida antes que ela possa se conter:
- Eu não sou uma anjo caída.
- Posso ver que não - ele assente - Você não é uma anjo caída, ou a espada teria te matado, nem lobisomem por que a mesma prata que mata anjos Caídos, também pode matar Lobisomens, e em segundo lugar, você é mulher e a licantropia não consegue se manifestar no organismo feminino. Você não é uma Especial, por que, querendo ou não, Especiais não são imortais, e a simples lâmina teria ao menos causado algum ferimento e você certamente não é uma vampira, eu posso ver isso - Alexander conclui - Então o que você é?
Mate o - a voz insiste mais forte e retumbante do que nunca, como se estivesse ao lado dela - Mate o agora, ela soube demais. Desça a sua espada sobre ele imediatamente! Faça o que veio fazer, ou não terá uma segunda chance!
O ultimato impregnado na voz faz com que o corpo de Iris trema descontroladamente. Seus dentes rangem e ela fecha os olhos, enquanto ergue a espada. Ela pode fazer isso. Ela pode fazer isso, de olhos fechados. Por que parece tão difícil?
- O que está fazendo? - outra voz pergunta, suave e cuidadosamente. Iris abre os olhos, e encontra Alexander fitando a com mais curiosidade do que medo. Os dedos de Iris estão apertados firmemente em torno do cabo da espada desembainhada.
Faça! Faça! - a voz exige
- Não! - Iris grita perdendo o controle - Ela joga o mais longe que consegue no fundo da caverna, proximo de onde Alexander está encolhido. Ambos os corpos tremem com a eletricidade do gesto, como se estivessem em convulsão - Eu não posso fazer isso - Sua voz range, como se sentisse dor física, mas a dor que sente naquele momento é muito pior. Ela pisca. - Eu não entendo - sua voz sussurra, retomando quase que seu controle abitual. Seus olhos ficam embaçados outra vez, mas ela não se assusta, na verdade não se importa. Seus pés se arrastam para onde Alexander está, e ele não encolhe, na verdade parece admira lá enquanto ela se ajoelha a sua frente, totalmente perdida - Você é um filho da escuridão que deveria morrer. Eu deveria matar você. Eu deveria destruir você, sem nem ao menos olhar no seu rosto... - Ela admite, com um soluço incontrolavel - você deveria morrer agora. Mas... Eu não consigo.
Seus olhos se fecham outra vez, e ela sente algo escorrendo líquido pendendo de seus cílios e então escorrendo pela maçã de seu rosto.
- Então nao mate - ele sussurra de volta.
- Mas eu tenho que fazer isso! - A anjo rebate, exasperada
- Você está chorando... - ele diz. E não parece assustado, nem mesmo chocado com a sentença de morte, clara na voz de Iris. Na verdade, ele parece mais inabalável do que nunca, por mais que sua voz esteja falhando, e que seu corpo esteja pendendo, coberto de feridas e com cheiro de queimado - Escute o que eu vou te dizer, Iris... não estou tentando convencer você, a não me matar somente para salvar a minha propia pele. Se você não fizer isso, minhas queimaduras vão dar conta de mim, eu posso sentir, que voce mente quando diz que elas nao estao tão ruins -Diz Alexander, sem se abalar, porém prosseguindo com cuidado - Mas... Se você está sendo forçada a fazer algo que não quer fazer... simplesmente não faça.
- Se eu não fizer... vou colocar tudo a perder. Tudo o que eu tenho. Tudo o que eu sou...
- E a sua liberdade? - Ele rebate - Será que a sua liberdade vale todo o risco?
Iris pondera, sobre o efeito de suas palavras, enquanto encara seus olhos. Por que Iris não consegue mata-lo? Por que não consegue matar o dono desses olhos da cor do próprio céu...?
Então a dor a atinge. E ela cai.

Anjos de Sangue: Fim dos DiasWhere stories live. Discover now