Capítulo 14: Caçados

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Toc, Toc, Toc.
O ruído persiste na porta da casa dos Ryce. Com um salto, Alexander levanta - se do sofá em frente a lareira, e assim que a porta se abre, uma diminuta figura desaba em seus braços.
- Iris! - Alexander grita de surpresa preocupação, sustentando-a enquanto afasta a neve de seu rosto, com cílios congelados. Ela parece transitar entre a inconsciencia e a conciencia. Seu corpo inteiro treme em convulsão, nos braços dele, e há sangue coagulado em sua tempora. Alexander percebe que ela está tendo num começo de hipotermia, devido a tempestade de neve rigorosa, que castiga o local. Não se passara nem um dia inteiro desde a partida de Iris, mas com o simples vestido que ela usava, ele estava surpreso, por ela não estar muito pior. Carregando a para dentro da casa, ele a deita na poltrona mais próxima do fogo e a abraça esquecendo se que seu corpo não possui, calor para aquece-lá.
- Iris - ele sussurra, com leves batidinhas em sua bochecha - Ei. Acorde, anjo. Iris.
Seus olhos tremem como todo o seu corpo, e então se abrem para encara-lo. Quando Iris vê o amor de sua vida, é como estar no Paraíso, não importa a circunstância ou situação. Ela se sente a salvo, arrancada do inferno gelado para junto de seu amado.
- Al-Alexander... - suspira ela, sofregamente
- Oi. Eu estou aqui, anjo. - Alexander acaricia seu rosto com gentileza - O que foi que aconteceu? O que eles fizeram com você?
Então Iris se lembra. Se lembra como foi parar em casa, voando sob a nevasca de gelo cortante, e de antes disso. A Reunião e seu fracasso com os Lideres. Seu total e eminente fracasso.
- Ah-Ah, Alexander... - Seus grandes olhos castanhos brilham intensamente, quando lagrimas transbordam de dentro deles - O-O que foi q-que eu fiz? - Ela corrige - O que f-foi que eu fiz? - pergunta mais a si mesma do que para ele, ainda trêmula, quase em pânico
- Esta tudo bem, Iris - ele sussurra, embalando a, como se ela fosse uma criança. Encolhida contra ele, da maneira que estava, a anjo nunca esteve mais pequena e poderia facilmente se passar por uma.
- N-Não está nada bem - Iris soluça, enquanto seus lábios tremem, os dentes trincando uns contra os outros - Esta tudo errado. T-Tudo errado - Ela repete - Eu estraguei tudo. E ag-agora... Temos que sair daqui. - A convicção repentina em sua voz, assusta Alexander. Como se suas vidas estivessem em perigo e isso fosse a única coisa certa até então. A mão de Iris voa subitamente para seu braço, apertando-o com toda a força - Agora. - ruge ela, uma ultima vez, com uma ordem
Alexander está prestes a fazer milhões de perguntas para ela, mas seus olhos se reviram, e ela desmaia, soltando seu braços, finalmente parando de tremer.

Quando os Ryce se mudam para uma casa isolada ao sul da Italia, a tempestade de neve parece segui - los. Após se recuperar da quase morte gelada, Iris explicou sobre seu fracasso a Alexander que ouviu tudo atentamente sem fazer um ruído. Quando terminou, enfim, Iris estava em lágrimas, lamentando a cegueira dos Lideres, e o medo por seus filhos e o arrependimento em ter incitado sua fúria. Qualquer coisa que acontecesse de mal, a eles, a partir daquele momento seria culpa de Iris. Alexander apenas a abraçou, concordando que era hora de partir e não demorou para que enfim o tivessem feito, junto das crianças anjo, pequenas demais para encarar o incidente de vida ou morte com alguma seriedade. Para eles, aquela era apenas uma viagem para um novo lugar bonito. E Iris planejava manter sua inocência.
No sexto dia de tempestade, porém, Iris tem sonho, ou uma imagem durante o sonho, que prosseguiu normalmente. Iris estava com seus filhos na mesma colina onde sua casa esta localizada, com todos observando as estrelas e tentando formar constelações, quando um flash de luz a corta. Sangue pingando. Olhos azuis como o céu, escurecendo até um tom de castanho chocolate. E por último um líquido transparente com um tom de lilás, dentro de um minimo frasco. E as facetas de mil raios solares.
Iris não acorda assustada. Ela nem mesmo parece ter acordado. Seus olhos se abrem mas eles continuam fixados no teto branco por muitos minutos antes de se moverem. Ao contrário do sonho de criação que ela teve,  esse não trazia detalhes, mas ainda sim Iris não se esforçou para compreende - lo quando a mensagem estava implícita.
A tempestade anormal de neve, que castigava não só a cidade onde eles se encontravam, mas diversos lugares improváveis do mundo, tinha uma explicação, e a claro que tinha. E a culpa era toda dela.

Anjos de Sangue: Fim dos DiasWhere stories live. Discover now