Capitulo 8: Cruzada ao Horizonte

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Iris imaginava que sabia o que era dor, depois de se tornar um corpo celeste em chamas, durante sua queda do Céu para a Terra. Ela também sentiu dor, quando admitiu a parte principal de seus planos, para Alexander. Mas essa dor era a pior de todas.
Ela sentiu como se cada molécula de vida estivesse sendo arrancada de dentro dela por garras pontiagudas, que não tinham piedade. Sua cabeça se inclinou pata trás, e seu primeiro instinto foi clamar a Deus por uma resposta para o que acontecia com ela, mas a oração, congelou em sua garganta, e ela gritou com todas as suas forças. Alexander parecia palido de medo, e desespero como se compartilhasse da dor dela, e quando tentou envolve - lá em seus braços, ela se desvenciliou dele, e de tudo o que a prendia, ela imaginara.
Ainda gritando, Iris sentiu uma dor sobrepujando sua agonia, uma sensação intensa de queimarão em suas costas. Asas. Brancas como a neve e extensas, de modo que cobriam o chão de toda a caverna. Asas tão imaculadas quanto uma anjo celestial deveria ser. Porem, enquanto Alexander olhava Iris, ainda gritando na mais pura agonia, suas asas queimaram, em fogo vermelho, e onde aquela chama tocava, as penas das asas brancas e brilhantes, tornavam se negras como se contassem a essência da propia noite. Então quando a chama atingiu a última pena das asas, atrás de suas costas, toda a dor se foi, de uma vez, como se alguém tivesse desligado um interruptor, e Iris desmaiou.

Quando sua consciência retornou, Iris abriu os olhos e se viu nos braços de Alexander. Ele sussurrava, palavras encorajadoras e protetoras e por um momento o mundo inteiro, o céu e o inferno não existiam, nada existia a não ser ele. O jovem homem olhou para ela e sorriu com dificuldade, e Iris imaginou a dor que ele sentia com aquelas queimaduras.
- Que bom que acordou, querida - Ele diz, e sua voz parece conter um alívio sincero. Mas isso não conforta Iris, nenhum pouco - Pensei que tinha morrido. Quando suas asas irromperam, e então começaram a pegar fogo... foi a coisa mais assustadora e ainda sim encantadora que eu já vi.
Asas. Suas asas. Iris não o responde, apenas se levanta. Alexander engole o protesto da queimação em suas pernas, quando ela o faz, mas Iris não se desculpa, ocupada demais, olhando para seu par de asas, antes tão bonito e extenso, agora em tons de negro, mais curtas e ameaçadoras. Um soluço irrompe do fundo de seu ser, como o de um animal ferido, e ela põe as mãos na boca. Isso é horrível. É um desastre.
- Eu cai - E quando sua voz pronúncia o acontecido, isso torna tudo ainda mais real, e quando a verdade a atinge com um baque impiedoso, tudo se torna muito doloroso de assistir - Eu cai - Ela repete, desesperada
- Não - Alexander protesta, tentando manter sua voz firme - Você não caiu. Eu vi. Você está bem.
Mas isso não tranquiliza, Iris. Sua visão se embaça e lágrimas começam a cortar seu rosto. Em segundos ela está ali, sentada ao lado do Vampiro, soluçando de frustração, e repetindo a mesma coisa, em intensos berros lacrimosos.
- Eu cai. Eu cai. Eu cai. Eu não entendo. Como.... Como eu pude... Eu falhei. Eu cai.
Em certo momento, Alexander, que sente mais dor em ver Iris chorar, do que sentiu quando foi queimado, a envolve em seus braços, mesmo com os protestos de seu corpo ferido, e desta vez, ela não o impede. Iris ouve ele sussurrar:
- Não, você não caiu. Você está aqui comigo. Esta segura.
Essas palavras faz com que ela perca o controle.
- Você não entende! - Ela grita - Eu falhei com o Céu! Eu fui rejeitada! Eu simplesmente cai. Agora provavelmente terei que enfrentar a punição das sombras.
- Eu também irei enfrentar - ele diz, é Iris levanta os olhos para ele, para confirmar se ele está apenas tentando conforta-la. Ele está falando sério.
- Você não tem alma... - Iris se lembra
Então, a poucos centímetros de seu rosto, Alexander estende seus dedos até seu rosto e seca suas lágrimas com cuidado.
- Então partilhamos do mesmo destino - ele completa, sem ressentimento ou tristeza, é apenas a verdade.
Fitando seus olhos tão belos, Iris surpreende a Alexander e a si mesma,
Quando joga seus braços ao redor dele, em uma manifestação de sentimento. Carinho. Isto é um abraço.
Alexander a envolve de volta, sem hesitar, mas quando ele contém outro protesto de dor, Iris consegue senti - lo devido a proximidade de seu corpo.
- Eu posso cura - lo - Iris declara, afastando se dele.
O homem arqueia uma grossa sobrancelha.
- Me curar? - Ele repete, incredulo - Pode fazer isso?
Sem dizer uma palavra, Iris fecha os olhos e toma o rosto dele entre suas mãos. Ela não deveria fazer isso. Ela é uma anjo caída agora, e essa habilidade deveria se aplicar somente a anjos celestiais, mas ainda sim, ela pode sentir, o poder da cura, correndo por suas veias. Enquanto tem seu rosto ardente contra sua pele, Iris o sente se curar, as feridas das queimaduras, sobre seus dedos, se desfazerem, substituídas por uma pele macia como mármore, tão macia quanto ela imaginava que era, antes dele começar a queimar...
Sentindo que seu trabalho foi terminado, Iris abre os olhos, e encontra um novo Alexander, fitando a de volta. Sua pele está perfeitamente lisa, e palida, os lábios voltaram a ter alguma cor, suavemente moldurados. Até mesmo seu cabelo, parece ter sido restaurado. A única coisa que não foi restaurada foi sua barba, que parece ter sido chamuscada pelas chamas, e não recuperada, seu queixo está liso, e suas roupas, que continuam chamuscadas em certos pontos, mas seu corpo está curado, e aparentemente musculoso e forte, sobre os farrapos...
Ao se dar conta de que ainda está segurando seu rosto, Iris rapidamente o solta, quebrando o torpor entre os dois. Alexander parece embasbacado enquanto diz:
- Obrigado.
Iris assente enquanto rasteja para pegar sua espada, sentando se num canto, um tanto distante de Alexander para aprecia - lá. Sua espada continua a mesma, a lâmina celestial, continua brilhando, mas o punhal com a rosa cravada, agora não passa de uma triste lembrança, de uma casa para qual ela nunca retornará...
O sentimento a atinge como uma onda, e antes que comece a chorar novamente, Alexander pigarreia, e diz:
- Bem, eu imagino que isso deve significar algo para você, não é?
Então Iris explica tudo. Ela diz sobre a espada, e sobre sua morada, no Céu, o que a leva a dizer sobre o que ela é, uma anjo celestial, que acaba de cair, por falhar em sua missão. Alexander ouve atentamente e não expressa nada quando ela termina de falar sobre seu objetivo na Terra. Ele apenas assobia e pergunta sobre o envolvimento de Deus no que eles fizeram, e os dois acabam trocando conhecimentos. Alexander explica sobre os objetos, sobre qual Deus estava claramente furioso, os Artificios, além de falar sobre os Lideres dos Seres das Sombras e um pouco sobre si mesmo. Alexander era um soldado de menor escalão, que cuidava da guarda de outros soldados, estes de maior escalão, que se concentravam em diferentes partes do mundo, enquanto a maioria, se concentrava sobre o subterrâneo de Paris, França. Era isso o que ele estava fazendo, cuidando da segurança de outros, quando encontrou Iris. Além disso, Alexander acrescentou o fato de estarem no momento, ao norte de uma cidade dos estados unidos, chamada Colorado. Eles passaram o dia todo conversando e o Crepúsculo já se estendia pelo horizonte em tons de laranja e vermelho sangue, quando ambos tocaram em um assunto delicado: O que Iris iria fazer, agora que era uma anjo caída?
- Acha que essa tal Lider dos Anjos, Selene, me acolheria se eu fosse até o castelo dela na Rússia? - Iris questiona, com incerteza
- Ah, certamente que sim - ele responde -Não conheço muito sobre outros Lideres, mas se há algo que sei é que Selene é uma mulher bastante descente, e maternal, apesar de não ter nenhum filho de sangue.
- Então... Acho que eu deveria ir para a Rússia, talvez agora mesmo, enquanto voce volta para o seu posto de guarda... o sol já não pode mais machucar você não é? - Ela admite com um aperto no coração, responsável pela idéia de partida.
- Sim, o sol já não pode me machucar. Mas temos um problema, senhorita Iris, já que eu não quero voltar para o meu posto.
Iris está começando a odiar Surpresas. Sinceramente. Elas fazem com que seu coração, agora batendo nitidamente, contra seu peito, martele de forma ainda mais rápida.
- O que você quer dizer com isso? - a anjo pergunta, fitando seu rosto
Ele quase sorri, e ela tenta não reagir com surpresa quando ele toma suas mãos finas e mornas nas dele, que são grandes e fortes, apesar de geladas.
- Eu não tive um vida muito longa, Iris. Fui transformado em Vampiro quando tinha 20 anos e nem antes nem depois disso, minha história jamais foi muito feliz. Mas a partir do momento em que a vi, em que ouvi a sua história, eu encontrei um propósito para mim. Não quero voltar a minha vida vazia, como um guarda miserável. Nem mesmo quero que voce vá embora partindo para as terras russas, tão distantes. Eu quero ficar com você. Quero segui - lá para onde você for. Quero me aventurar por esse mundo, com você. Quero fazer descobertas em sua companhia. Eu morri a muito tempo, Iris. Mas voce... me faz querer viver. Viver de verdade, uma vida que eu nunca tive.
Quando Alexander termina, Iris está muito mais que surpresa. Ela poderia dizer qualquer coisa enquanto tenta assimilar cada palavra que acaba de sair dos lábios daquele jovem e belo homem imortal, mas ao invés de dizer qualquer coisa inspiradora ou linda o que ela realmente diz é:
- Seus superiores não vão mesmo notar que você se foi?
A gargalhada que escapa dos lábios de Alexander, é deliciosa. Ele não consegue evitar. O humor de Iris é contagiante e inocente demais para ele.
- Eles com certeza vão notar, mas não vão se importar com isso - ele responde - Estou livre. Ou ao menos posso ser livre, se você quiser me libertar - ele provoca com um sorriso - Você quer me libertar, Iris? Posso ser seu companheiro de viagem?
Iris não sabe ao certo o que isso significa, mas supõe que ele quer fazer companhia a ela, enquanto desbravam o mundo desconhecido. Pela primeira vez, Iris sorri, e a sensação é leve e interessante.
- Claro!
Os dois se levantam e Iris toma sua arma, encaixado - a de volta a suas costas. Eles ainda estão de mãos dadas quando, saem da caverna, e observam os últimos raios de sol fundindo - se ao azul da noite e aos pequenos pontos brancos, as estrelas. Alexander trata de recuperar sua espada abandonada no meio da floresta, assim como uma muda de roupas novas, já que estão em farrapos. Devidamente vestido e pronto para partida, Iris está impaciente na ponta dos pés e fitando o horizonte quando Alexander a toma nos braços e diz:
- Uma ultima coisa.
Iris não tem tempo de dizer nada quando os lábios de Alexander tocam os seus. Um beijo. Trata se de um beijo que não dura muito, mas é o suficiente para ser extasiante e doce, o beijo mais doce de todos, capaz de fazer com que Iris perca os sentidos. Ela mal tem tempo de assimilar, o que aconteceu quando Alexander toma sua mão novamente, e a puxa, em direção ao desconhecido:
- Vamos, o que está esperando, querida?
Tonta, Iris sorri, e o acompanha, em direção ao novo horizonte que se estende diante deles.

Anjos de Sangue: Fim dos DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora