Capítulo 2 - Não sou a mesma

418 23 8
                                    

A campainha tocou indicando o fim da hora de almoço, uma nova aula estava prestes a começar então eu e mais as outras meninas nos dirigimos rapidamente para a sala.
Logo atrás vinha Karla, Bradley e o tal de Tristan, eu sinto que este último é o mais irrelevante deles todos nesta narrativa.

A professora de inglês chegou bem rápido, e todos os alunos entraram para a sala e trataram de se sentar, a chamada foi feita e o grupo do fundo, desta vez não tinha chegado atrasado.

Estava tudo correndo bem, a professora estava dando calmamente a aula, até que gargalhadas começam a ser ouvidas, e já é possível concluir que quem estava a perturbar era o grupo dos três imbecis. Ao início a professora não disse nada, mas aí eles começaram a perturbar cada vez mais a aula, e chegou ao ponto de ser impossível ouvir as explicações da mulher, então ela teve que os chamar a atenção. Por momentos achei que não estava mais no ensino médio, e sim no fundamental, sério que eles têm 16/17 anos? Nem parece.

Karla ria alto, e os outros tentavam disfarçar as risadas, nem com a chamada de atenção eles acalmaram, simplesmente desobedeciam às ordens. A professora ameaçou que os botava fora da sala, e eles, felizmente, acalmaram um pouco, mas ainda dava para ouvir eles conversarem, e por estranho que pareça era sobre MIM que eles estavam conversando.

Bradley estava dizendo que eu havia mudado, que eu já não falava com ninguém, como se ele pudesse saber algo sobre mim, ele apenas tinha conhecido o meu novo "eu" há algumas horas. Tristan então perguntou o porque de eu ser assim, e Brad disse que no passado eu havia sofrido, "por culpa minha também, não a culpo por ela ser assim, eu fui um idiota para com ela", confesso que fiquei impressionada com o que ele disse, mas não me deixaria levar por aquela falsa preocupação, Karla manteve-se calada mas consegui notar que ela estava olhando para mim. Nunca viu? Quer uma foto?

As horas passaram e as aulas acabaram, estava prestes a sair da escola quando ouço uma voz masculina a passar na puberdade me chamando, era Bradley.

- Lauren! - ele gritou, deveria ignorar?

Continuei andando em direção ao portão da escola.

- Lauren, espere. - ele insistiu

Parei. Ele aproximou-se.

- O que foi? - perguntei, quando percebi que ele estava próximo.

- Tudo bem com você? Não falamos faz dois anos. - ele sorriu.

- Nunca fomos amigos.

- Não seja assim Lauren, eu sei que errei, mas nós tivemos uma bela amizade?

- Bela amizade? - franzi o sobrolho e o encarei. - Tu fingiu ser meu amigo durante quase toda a 9º série para depois no fim eu descobrir que você andava falando mal de mim, e ainda inventando coisas a meu respeito? Descobrir que você não passava de um falso? Que todas aquela amizade não passou de uma mentira? Depois de tudo isso você ainda tem o descaramento de dizer que nós tivemos uma bela amizade? Vá-se foder Brad. - falei já sentindo que estava perto de um ataque de raiva.

- Lauren, tenha calma. Eu já falei que não foi bem assim que as coisas aconteceram, eu juro que não era minha intenção magoar você. Eu era uma criança.

- Até parece que em dois anos você iria mudar.

- Mas você mudou.

- Você nem me conhece, não venha afirmar que eu mudei.

- Tu mudou sim Lauren, tu não era fria desse jeito. A Lauren de há dois anos iria-me perdoar.

- Brad, acontece que essa Lauren morreu desde aquela vez que você fez questão de me humilhar em frente de toda a escola. Ou pensa que eu iria esquecer?

- Ela não morreu, ela está aí, bem no fundo desse coração de gelo.

- Na moral, você nem merece o meu tempo perdido, nada do que você diz vai fazer eu mudar a minha ideia. Adeus.

Sai andando e deixei ele ali, sozinho. Fui-me embora da escola, e tentei chegar o mais depressa possível a casa. O primeiro dia de escola tinha sido cansativo, e eu não conseguia tirar da ideia a imagem de Karla, ela cantando na sua Ferrari, as risadas altas dela, eu não consegui compreender o por que de ela me deixar desta forma, eu nem tão pouco a conhecia, e nem pretendia conhecer, eu não podia me deixar apaixonar, era muito cedo, e ela era um tipo de pessoa que não me chamava a atenção, a beleza dela não condizia com a alma.

Ao chegar em casa, fui logo ter com minha mãe, contei-lhe sobre como tinha sido o primeiro dia de aulas, sempre fazia isso, sempre lhe contava tudo, ela sabia que eu não tinha nada para lhe esconder, e eu fazia questão de que ela soubesse as coisas em primeira mão, como se ainda fosse uma criança que conta como foi o dia no pré-escolar.

Depois de contar tudo a mamãe, fui comer algo leve, e tratei de ir tomar um duche. Já era tarde e eu não iria para mais lado nenhum, então vesti o meu pijama, era bem infantil para uma garota de 16 anos, mas não era como se eu fosse uma adulta já, então não havia problema algum em ter estampas de coelhinhos rosa, certo?

Liguei meu notebook e me loguei no Facebook, confesso que não era minha rede social favorita, eu era mais Twitter e Tumblr, mas prometi para a Ally, Dinah e Normani que as adicionava lá, procurei por elas, e foi fácil encontrar, adicionei-as e ainda falei com alguns amigos antigos que mudaram para outras escolas.
Olhei o relógio, 19:30 horas, a mãe devia estar quase chamando para o jantar, então fui para a cozinha antes que ela gritasse pelo meu nome, ajudei ela a pôr a mesa.

Quando o pai chegou do trabalho, tratamos logo de comer porque já estava a dar hora do gigante acordar.
Terminando o jantar, ajudei a mãe a lavar a loiça e o pai arrumou, quem disse que um homem não trabalha em casa? Também não está fazendo mais que a obrigação dele.

Depois disso, eu apenas fui para o meu quarto e me deitei, sim, ainda era cedo, mas eu estava pensativa em relação à conversa com o Brad, talvez a antiga Lauren não tivesse morrido, talvez ela ainda estivesse dentro de mim...eu continuo sendo eu, mas agora mais fechada. Talvez eu algum dia conseguisse perdoar o Bradley. Mas nada disso era uma certeza, eu não o queria perdoar, ele não merecia. Mas errar é humano, e se ele realmente estivesse arrependido, não teria mal algum em perdoar ele.

Olhei o relógio mais uma vez, 21:00 horas, "faz um desejo" *, "que consiga acabar o ensino médio sem perder a sanidade mental, ou o pouco que me resta dela." , sorri com o pedido bobo mas era sem dúvida algo que eu queria concluir. Depois do ensino médio eu iria fazer faculdade, por isso eu realmente precisava de ter sanidade mental, ou isso ou eu morreria.

Fiquei mexendo no celular, para que as horas passassem um pouco e o sono chegasse, o Twitter estava quase morto, agora com o começo das aulas ninguém estava ativo, o Tumblr era o que me livrava do tédio, rebloguei algumas frases e textos, como já era costume, e fotos que representavam aquilo que eu realmente era, o que a maior parte das pessoas desconhecia.

E foi então que decidi colocar o celular de lado, me deitar, arranjar os cobertores, e fechar os olhos. Amanhã era outro dia e eu tinha que estar preparada para o que viesse.

Modern FairytaleWhere stories live. Discover now