Às vezes, me pegava observando-o de longe e a única coisa que eu queria era pular nele como uma leoa faminta, sentir seu gosto em minha boca e rasgar-lhe as roupas para ver o que havia oculto por elas.

- Lucy, Lucy - Stefan deu-me uma cotovelada na costela.

- Ai - reclamei passando a mão no lugar e o olhei, sua cara denunciava que ele estava me chamando a um bom tempo.

- Quer parar de viajar e prestar atenção - ralhou e eu apenas assenti - preste atenção, fique perto de mim e se precisar correr, eu direi. Fique atenta - balancei a cabeça novamente e ele partiu.

Logo a noite caiu e estávamos dentro da mansão Redmore, o lar de um dos homens mais influentes da Itália. Alguns dos gatunos já haviam passada furtivamente pela segurança e não pude deixar de pensar como conseguiam fazer isso; claro que se não fossem os melhores não teriam a fama que tem e nem seriam os mais procurados por todos os lugares. Em que encrenca eu havia me metido.

De repente, parecia que um cano de homens havia estourado e todos resolveram correr em minha direção.

- Ei, parados - escutei e quando olhei para onde vinha a voz, uma luz me cegou e não demorou um homem uniformizado estava se aproximando de mim. Ai meleca, a polícia. Coloquei quente em meus calcanhares, mas não demorou para que uma mão me puxasse para trás pelo colarinho. Droga, eu nunca fui uma boa corredora.

- Te peguei - ele me virou e eu estava com os olhos tão arregalados que quase saltaram pelas órbitas e senti minhas pernas começarem a tremer. O que eu faria para escapar dessa? Eu poderia implorar para que não me prendesse, ou eu poderia contar uma história comovente e me debruçar em lágrimas de crocodilos. Ou eu poderia...

- Você vai para o xadrez, meu amigo, e cada um dos seus companheiros também - ele disse com um sorriso triunfante. Ele estava tão perto - Capturei um - ele gritou olhando para trás do seu ombro e antes que eu pudesse pensar mais, dei-lhe uma joelhada na virilha o mais forte que consegui, o homem caiu no chão soltando um longo uivo de dor e essa foi minha chance. Pernas para que te quero.

Cheguei no navio com o oxigênio ausente e meus pulmões doíam.

- Falei para prestar atenção em mim - Stefan gritou, enfurecido.

- Desculpe-me - acho que foi o que eu disse, pelo menos era o que eu pretendia dizer, mas estava tão difícil respirar que falar parecia impossível. Escutei um barulho vindo sob meus pés e lembrei-me que havia uma nova garota ali em baixo, eu sempre as alimentava quando todos estavam dormindo, porém nunca mais soltei nenhuma delas. Não queria mais nenhuma morte por minha culpa. Não demorou os homens chegaram com um sorriso resplandecente e uma sacola preta com joias valiosas a enchendo.

Todos estavam dormindo e como a boa samaritana que eu era, arrastei-me para fora da cama, arrumei um prato de comida e desci. Os olhos da garota mudaram quando viu que era eu, de terror começaram a brilhar e logo ela pulou no prato e o devorou em apenas alguns minutos.

E enquanto isso eu estava ali, parada, pensando no que havia se tornado minha vida. Estava viajando, como eu sempre quis, mas com um bando de saqueadores beberrões e pervertidos, ajudando-os a furtar homens poderosos e... eu bati em um policial hoje. UM POLICIAL, PELO AMOR DE DEUS. Tinha como piorar?

Olhei para frente e agachei-me para pegar o prato, quando a moça arregalou os olhos e arrastou-se para longe, encolhendo-se em um canto escuro da cela.

- O que diabos está fazendo aqui? - uma voz severa ecoou atrás de mim e eu pulei em pé pelo susto. Orion Drake. E então ai estava a minha resposta, tinha como piorar sim.

- E-eu... - gaguejei, mas as palavras me fugiam, era como se eu não conhecia nenhuma. Esse homem amedrontava-me até o fundo de minha alma. Sob toda aquela mata atlântica de pelos que ele tinha na cara havia uma carranca profunda, ele baixou os olhos até o prato em minhas mãos e eu engoli em seco. Droga.

- Estava alimentando-a? Quem lhe permitiu isso? - rosnou e sua palma fechou em meu cotovelo, puxando-me para fora e sua mão estava tão firme que eu apostaria que deixaria um hematoma. Quando estávamos do lado de fora, o homem me jogou no chão e para meu desespero meu chapéu caiu. Minha respiração ficou suspensa.

WILLIAM

Havíamos zarpado na manhã seguinte ao roubo e agora éramos, novamente, uma agulha em um palheiro. Um pequeno barquinho de papel comparando-se com a imensidão azul. Ainda estava deitado quando uma batida leve soou do outro lado da porta.

- Adiante - gritei e Julian colocou a cabeça.

- Pai está te chamando - falou sucintamente e antes que eu pudesse abrir a boca para dizer algo, ele já havia ido. Levantei-me, me vesti e em alguns minutos estava batendo na porta da cabine contíguo.

- O que quer? - perguntei, jogando-me em uma poltrona que ali havia. Orion meu olhou e as comissuras de seus lábios ergueram-se.

- Confio em você, meu filho, e vim para pedir que vigie a nova moça que está lá em baixo - disse calmamente e sentou-se em sua cadeira giratória atrás da mesa.

- E por que não cuida o senhor mesmo, como sempre?

- Por que não me disse que havia uma garota disfarçada no navio? - ele perguntou, ignorando a minha.

- O quê? - arqueei uma sobrancelha.

- Havia uma mulher no navio e é muito formosa, não quero que escape, tenho planos para nós - falou com um sorriso lascivo - nós, quero dizer eu e ela.

- Então cuide dela o senhor mesmo - falei e já saia do lugar.

- Não posso, tenho coisas para fazer. Vá agora e fique de olho nela - bufei e sai. Ele arrumava essas mulheres e eu era quem tinha que vigia-las.

ღ Perigosa AtraçãoWhere stories live. Discover now