Cap 38

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(Olá meus amores, como estão? Espero que bem. Boa leitura, nos vemos nas notas finais.)

*-*

Anne

Meu sonho até meus sete anos sempre fora trabalhar na área da saúde, mas tudo mudou quando ele me tocou pela primeira vez, dali em diante esqueci de meus sonhos, passei a me odiar com todas as minhas forças, queria me destruir a qualquer custo, sentia tanto nojo de mim mesma, não conseguia nem ao menos tomar banho sem sentir repulsa.

Confesso ter sentido inveja das meninas de meu colégio, todas eram felizes, mesmo que quando chegassem em casa tivessem dificuldades, não eram abusadas, torturadas e humilhadas por aquele que deveria somente amar e cuidar delas.

Mas o tempo passou e quando perdi minha mãe e fui morar com minha tia, vi meus sonhos desabrochando novamente, me senti livre e feliz pela primeira vez em anos.

E cogitei a possibilidade de um dia ser mãe, o protegeria de tudo e de todos, não deixaria nada nem ninguém por as mãos sujas em meu anjinho.

A primeira vez que o tive em meu ventre, nem ao menos sabia que estava grávida e sinceramente se eu soubesse, não sei se daria seguimento a essa gravidez abominável. Sei que meu bebê não teria culpa de nada, mas não saberia nem ao menos como lhe chamar, seria de "irmão" ou de "filho"?

E finalmente depois desse tempo, me vejo na mesma situação de antes, mas desta vez há uma diferença, pois eu quero esse bebê, quero ser mãe, quero poder dar o meu melhor a este ser que reside em meu ventre, mesmo pequeno, já o amava muito. Mas como sempre o destino bate a minha porta, me avisando que tiraria novamente minha chance de ser feliz.

Sou presenteada pelos deuses, com uma doença rara, de nome Síndrome de Hellp, que estava colocando a minha vida e de meu pequeno em risco. Se eu pudesse, juro que optaria pela vida dele, me sacrificaria por ele e confesso ter tentado e implorado, mas Bernardo dissera ser impossível salvar o feto, juntamente com a clássica frase dos médicos "Você é jovem, poderá ter outros filhos."

Esses desgraçados pensam que é assim, que um filho pode substituir outro, pois estão enganados! Sei que sou nova, tenho apenas 16 anos, mas eu sei o que é perder alguém querido, afinal perdi minha amada mãe, e a culpa por sua morte me atormenta até hoje. Fui uma covarde, se não tivesse fugido, hoje minha mãe estaria viva e feliz, não sei se eu estaria nas mesmas condições, mas ela estando feliz, para mim bastava.

E assim me vi novamente sem saída, as opções para mim não existiam, se ao menos Brian estivesse ao meu lado, tudo seria mais fácil, mas não, como sempre passarei por mais uma dor lancinante sozinha. Sei que minha tia estaria ao meu lado, mas ela não entende o que é perder um filho, já o meu moreno entenderia, afinal ele é o pai.

Não sabia com quantos meses de gestação eu estava, mas pelo que o médico disse, já estava indo para a décima semana, e pelo fato de minha saúde estar e ser muito frágil, por conta de meu passado, optaram por não realizar o aborto por via de medicamentos, mas não me disseram o que fariam, mas sinceramente não gostaria de saber, já estava sofrendo demais por conta de minha perda.

As horas se passam e sou levada a sala onde ocorreria a cirurgia, após injetarem a anestesia, iniciam a "retirada", por fim descubro o tal procedimento, que seria por curetagem, ou seja, aqueles desumanos estavam cortando o meu bebê dentro de mim, retirando os pedaços para por fim jogarem em uma lixeira qualquer, não consigo mais aguentar a dor em meu peito, e acabo caindo na inconsciência.

Acordo no dia seguinte, minha tia estava ao meu lado a todo momento, mas eu não estava ali, meus olhos estavam focados em outro lugar, em uma vida onde a felicidade existia, e aborto era uma palavra proibida.

Se Entregando Ao Pecado (EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora