Amor Assassino - Vol. I

Capítulo 5

Ao chegar no trabalho, já estava cheia de afazeres, e uma delas era uma cirurgia de risco em um urso pardo que estava com fluxo de água no cérebro. Teríamos que inserir um tubinho para que a água fosse drenada, evitando que ele sentisse mais dores, e pudesse viver normalmente com os outros ursos da sua espécie. Porém, eu mal comecei o procedimento e ja estava fazendo merda.

- Lya! Você não pode fazer a operação sem luvas!

- O que?! Meu deus! Desculpem pessoal...

Saio da sala de cirurgia para lavar minhas mãos novamente, e vejo que alguém vem atrás de mim logo em seguida.

- Você está bem? - Matt, um dos meus auxiliares, me pergunta.

- Sim, estou. - Tento mentir.

- Não é o que parece... - Ele aponta para as minhas mãos trêmulas debaixo da torneira.

- Eu só preciso de um minuto, por favor.

Quando ele volta a sala de cirurgia, vou até uma porta da sala em que eu estava e a fecho em meu braço, resultando em uma dor intensa, mas que fez eu me controlar e parar de tremer.

Não sabia o porquê, mas sentir dor sempre me tranquilizava e me fazia relaxar, nunca a vi como uma coisa ruim. Ela me faz sentir viva novamente como se eu voltasse a ter consciência de mim mesma no tempo e espaço atual, me fazendo retomar todo o controle. Já mais calma, volto para a sala de cirurgia.

- Prontos?!

Todos acenam com a cabeça. E após poucas horas de procedimento e muito cuidado, a cirurgia correu perfeitamente como esperado de mim e de meus auxiliares. Minha chefe não demorou muito em vir me parabenizar.

- Ótima cirurgia, Dra. Lyanna!

- Obrigada!

- Porém fiquei sabendo que teve um probleminha antes da operação, com as luvas...

- Sim, é verdade...

- Bom, como chefe, eu não posso ignorar certas coisas por mais simples que sejam...

- Eu sei.

- Suas férias são daqui há alguns dias, não quer elas mais cedo?

- Não, claro que não! Eu só estava um pouco cansada, a noite passada foi longa.

- Entendo, caso mude de ideia vá até a minha sala. Mas espero que aquilo ou coisa do tipo não se repita!

- Sim senhora, dou a minha palavra.

- Ótimo.

Mulherzinha infernal! Porque você simplesmente não enfarta e morre de uma vez?! Caminho frustrada para meus outros compromissos dentro da clínica.

E quando finalmente a hora do almoço chegou, eu mal consegui tocar na comida por causa da preocupação que rondava a minha cabeça. Estava tão perdida em meus pensamentos, que nem reparei o Dr. Daniel se sentar em minha frente até ele dizer algo.

- Está sem fome?

- Hum? Ah, sim... Enjoei da comida daqui...

- Você está bem?

- Sim.

- Tem certeza?

- Sim - O encaro. - Porque?

- Fiquei sabendo da cirurgia do Kevin...

- Kevin?

- O urso pardo. Ele se chama Kevin.

- Kevin?! - Me ajeito na cadeira para trás. - Não sabia... Nome estranho para um urso...

- Saberia se tivesse reparado na ficha dele.