Capítulo 13

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- Você disse que ia me deixar em paz. - Encaro o Pescador com raiva.

- Pois é, eu menti.

Ponho minhas chaves e carteira em cima da mesa, e volto meu olhar para o Pescador, que continua a tragar seu cigarro e beber sua maldita cerveja.

- Quando é que vai me deixar em paz?

- Assim que matarmos uma juíza.

- Se continuar assim, a polícia não vai demorar ir atrás de você.

- Você quer dizer de "nós". - Ele coloca a latinha no chão e se curva para mais perto apoiando seu cotovelo em cima dos joelhos. - Esqueceu que estamos juntos nessa?

- E quando é que eu me uni a você?

- Quando me obrigou a matar meu comparsa para salvar sua vida.

- Não me lembro de ter pedido sua ajuda.

- Na situação em que te encontrei, seus olhos pareciam pedir socorro.

- Faz caridades agora? - Sorrio de forma debochada.

Ele sorri um pouco também, o que me surpreende e me faz tirar meu sorriso do rosto, não esperava essa reação dele. O Pescador tira seu celular do bolso e estica o braço me mostrando a tela. Fico pasma quando vejo o vídeo em que eu assassinava a sangue frio os dois rapazes. Tento pegar o celular da mão dele, mas ele foi mais rápido do que eu e puxou o braço de volta, gargalhou assim que viu minha cara de fracasso.

- Não acredito que seja tola o suficiente para achar que só tenho uma cópia desse vídeo. - Ele volta a se encostar no sofá. - Vamos agir amanhã.

- Tá. - Meus dentes trincavam enquanto eu imaginava minha faca rasgando o pescoço dele.

- E Lya, você não tem escolha, então facilite as coisas. - Ele se levanta.

- E isso vai durar até quando? Até sermos presos? Ou melhor ainda, até sermos mortos?

- É mais provável você se matar antes disso acontecer.

Eu estava quase quebrando meus dedos de tanto aperta-los uns nos outros de raiva. Esse merda sempre aparecia aqui quando eu menos esperava, senão eu já teria metido uma bala em sua cabeça. E pelo visto meu alarme não valia de nada contra ele, pois entrava aqui da mesma forma que saia, silencioso, como se nunca tivesse estado na minha casa. Provavelmente ele já deve ter feito isso milhares de vezes.

- Espero que não esteja planejando me matar, achando que isso irá por fim na história. Porque eu tenho amigos, e se eu não der notícias por muito tempo, todas as informações que acumulei de diversas pessoas irão ao público, e as suas, Lyanna, estão entre elas.

- Então você tem amigos? Porque não pede para eles matarem essa tal juíza?

- Porque não confio neles.

- Mas confia a ponto de deixá-los com várias informações das outras pessoas?

- Com tanto que não sejam as minhas, sim.

- Hum.

- Já tomei muito o seu tempo, melhor descansar, porque amanhã será um dia especial.

Quando o Pescador vai embora, eu vejo a lata que ele largou no meu chão, e toda a raiva que sentia dele se expandiu, e por um pequeno impulso de ódio, eu chuto a maldita lata. Só que não esperava que ela ainda estivesse cheia, e a cerveja que estava dentro dela se esparrama por todo o meu chão e respinga nas paredes. Minha vontade era de gritar, mas eu subo para o meu quarto batendo os pés. A noite seria longa, muito longa.

Amor Assassino - Vol. IWhere stories live. Discover now