Capítulo 01

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Anahí

Mas que merda!

Foi à primeira coisa em que pensei ao ser acordada pela desgraça do meu relógio-despertador.

Como tenho o costume de dormir com dois travesseiros joguei um deles em cima do relógio, que, como toda manhã caiu no chão parando de me atormentar. Enfiei o segundo travesseiro sobre a minha cabeça e fechei os olhos sabendo que não teria paz por muito tempo.

Confirmando as minhas suspeitas a porta se abriu e a doooce voz da insuportável da minha mãe invadiu o quarto.

Marichello: Anda Anahí acorda, são meio-dia! - puxou minhas cobertas.

Any: Ta eu já sei! - respondi de mau humor pressionando o travesseiro sobre minha cabeça. - Esse maldito relógio apita sempre ao meio dia, maldito fabricante que não colocou no manual onde tira essa droga! - reclamei, já que ninguém programara o relógio intrometido pra me acordar todo dia ao meio-dia.

Marichello: Então levanta de uma vez, não me faça vir aqui de novo. - avisou séria.

Any: Ta me deixa, que inferno! - rebati e ouvi a porta bater com força.

Enrolei mais um tempo na cama, até perder a paciência - já que o sol estava batendo sobre mim e me deixando com calor - e jogar o travesseiro longe me sentando na cama. Passei a mão pelos cabelos bagunçados.

Odeio férias!... Odeio essa casa!... Odeio essa porcaria de vida que eu tenho!, resmunguei em pensamento enquanto me levantava. Aliás esses pensamentos povoam a minha cabeça há cerca de um ano.

Escolhi uma roupa, abri a porta do banheiro e fui tomar banho pra começar a me arrumar antes que a minha adorável mãe voltasse pra me encher o saco.

Infelizmente nós nunca nos demos bem, temos um gênio do inferno e sempre batemos uma de frente com a outra, teimando em seus pontos de vistas, desafiando e contrariando uma a outra. O meu pai coitado, a única pessoa bondosa e paciente dessa casa, a única pessoa que me amou nessa vida, sempre tentava apartar a briga e conseguia ficar do meu lado e da minha mãe sem que nos sentíssemos traídas, ai as coisas se acalmavam. Até brigarmos de novo, claro!

Mas há um ano as coisas pararam de se acalmar, mais especificamente desde que meu pai morreu. Desde então essa casa virou um inferno, toda hora minha mãe me insulta, diz que eu não sou nada, que sou um estorvo pra ela e eu com meu gênio, não permito ofensas e mando que vá pro inferno e me deixe em paz. Essa é sempre minha última frase antes de sair daqui batendo a porta. E é incrível como as coisas se acalmam quando eu coloco o pé na rua e se acalmam mais ainda quando entro em um bar.

Não sou alcoólatra, antes que pensem isso, mas nesses últimos meses o álcool e até o cigarro às vezes, são as únicas coisas que conseguem me manter de pé. O único momento do dia que sinto prazer, que fico alegre, sem a ideia fixa de que minha vida é uma merda e eu deveria morrer, é quando encho a cara e fico tão doida que esqueço meus problemas e às vezes esqueço até meu nome e onde moro. E todo dia é a mesma coisa!

Começa assim, com esse maldito despertador tocando, depois vem minha adorada mãe me mandando levantar aos berros. Em seguida e com a cabeça explodindo e o estômago revirando como agora eu tomo banho pra tentar me livrar melhor da ressaca e ter ânimo pra sair do quarto. Sempre que desço pro café ou não dirijo a palavra àquela mulher que acostumei a chamar de mãe, ou já brigamos logo cedo. Então eu bato a porta de casa e começo a perambular pelas ruas com meu carro. Carro que ganhei de presente de 18 anos do meu pai.

Às vezes vou pra casa de Maite e fico lá com ela conversando e a ouvindo suspirar pelo seu namorado Derrick. Mas ela sim tem uma vida interessante, pessoas que gostam dela de verdade, que a amam, ao contrário de mim, então ela não pode me dar atenção todos os dias ou o dia todo. E infelizmente hoje é um desses dias em que vou ter que me distrair com outra coisa que não seja a Mai. É nesses dias quando Mai e eu não nos vemos que fico perambulando pelas ruas ou indo de bar em bar, ou no shopping.

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