Capítulo XXII - Susto

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- Esse é o fim. - Eu olhava para ele assustado enquanto novamente pronunciava essas palavras. O que eu iria fazer, estava tão perto de casa, mas não havia ninguém na rua, somente as velhas luzes que emanavam dos postes e com dificuldade iluminavam a neve que estava sobre o asfalto.

Os olhos de Anton emanava um brilho que eu por mais que tentasse, não conseguiria saber de onde viam, pareciam totalmente dominados pelo desejo, já não era mais o Anton que conheci na Conferência, estava mais sedento, estava possuído.

- Anton, por favor, me deixe sair. - Tento parecer calma e tentar abrir a porta pela maçaneta.

- Não adianta, Isabela. - Seu sorriso é carregado de más intenções. - Eu quero você.

Ele vem para cima de mim, tenta me beijar e passar a mão pelo meu corpo, eu luto ferozmente para que ele alcance seus objetivos. A sensação de ser tocada dessa forma me deixa aterrorizada, tento procurar uma saída. Vejo que ele deixou as chaves no volante, então faço força contra seu corpo e tento ligar o carro para abrir a porta.... Consigo fazê-lo, no momento que ele olha para o volante para desligar o carro, eu aciono a maçaneta da porta e ela se abre, quase caio de costas para fora do carro, saio cambaleando e vou correndo até a minha porta. Bato compulsivamente na porta, estava tão desesperada para sair que devo ter deixado a bolsa dentro do carro. Graças a Deus, Emmy estava em minha casa e rapidamente ela abre, preocupada com o tamanho barulho.

- Mãe! - A luz de dentro emana para o lado de fora. O mais rápido que me é permitido, eu a empurro para dentro e tranco a porta. Meus nervosos estão à toda, adrenalina à mil por hora. - Mãe, o que aconteceu?!! - Tento controlar minha respiração para poder responder à Emmy, que a essa altura está mais assustada que eu.

Olho para minha roupa e estou com algumas partes do vestido estão rasgadas, olho para um espelho atrás da minha filha e vejo que meus cabelos estão desgrenhados, minha maquiagem está completamente borrada. 

- An...ton... - Minha voz está trêmula.

- O que tem haver o Anton, mãe? Por favor fale, está me assustando. E por que está assim?

- Anton... Anton tentou me abusar. - Finalmente as palavras saem. 

- O quê? - Emmy fica tão ou mais assustada que eu. - Venha, - Ela me puxa pelo braço. - Vamos nos sentar no sofá. - Ela me ajeita no sofá e se senta no outro de frente para mim. - Me conte com calma o que aconteceu.

Começo a contar desde o início para ela, a saída, o jantar, as investidas... E observando melhor, parece que depois que saímos do restaurante Anton ficou cada vezes mais ousado e misterioso, eu não sei o que aconteceu, se é algo espiritual ou não, pois me pareceu algo bem maligno.

- Sabe, Emmy, eu não fico preocupada por mim, mas sim pela Eva, que está vivendo com esse homem tão nojento e safado como ele. - Emmy me lança um olhar piedoso, a essa hora nós duas já estamos mais calmas. - Eu preciso o mais rápido possível resgatar a minha irmã.

- O que o advogado lhe disse sobre isso?

- Talvez seja um pouco mais complicada, pois Eva não é menor de idade e é casada com Anton. Sem falar que as coisas no Brasil são um pouco mais complicadas do que aqui. Mesmo com tudo isso, eu vou buscar Eva essa semana ainda na casa de Anton!

Estou mais decidida do que qualquer coisa, não posso deixar esse crápula com Eva.

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Esses dois dias têm sido de paz aqui em casa, para os empregados e eu, Anton está viajando e deve voltar hoje. Eu acho que farei uma surpresa para ele, afinal tem sido tão bom para mim esses dias que eu não poderia deixar de demonstrar a minha gratidão, e quem sabe esse seja o início de uma mudança, sorrio com esse pensamento. Então hora de pôr as mãos em obra.

Horas à fio cozinhando e ouço o som da porta. Olho pela janela e vejo seu carro estacionado, só pode ser ele, Anton. Tiro o avental, ajeito meu cabelo da melhor forma que posso e deixo tudo arrumado sobre a mesa, nem consegui tomar banho com a correria, mas estou muito ansiosa pela presença do meu marido que mal posso me conter para vê-lo.

- Anton, que saudades! - Vou rápido para abraçá-lo, mas ele não esboça nenhuma reação.

- Eva, estou cansado e com dor de cabeça. Depois conversamos. - Ele foi curto e grosso, simplesmente. Se desvencilhou e estava à subir as escadas.

- Mas... Anton! Eu fiz o jantar, não vai querer? - Falo decepcionada.

- Não, estou sem fome. - Ele me lança um olhar de desprezo.

- Mas... mas... veja, - Vou até ele. - por que ligou desde que chegou em L.A.? Está tudo bem? Isabela está bem?

Seu olhar sobre mim se tornou mau e ele me deu um tapa na cara. De início fiquei sem nenhuma reação, ele ficou me encarando. Não era isso que eu esperava receber dele, ainda mais depois de ter feito uma surpresa tão boa para ele. As lágrimas começaram a escorrer involuntariamente.

- Por... por que? - Minha mão trêmula estava sob o local agredido.

- Você faz muitas perguntas, Eva! - Ele fala entredentes e começa a puxar meu cabelo, me arrastando até a parte de cima da casa.

- Ai ai... está doendo, Anton... - Tento soltar meus cabelos das suas mãos.

Chegando no segundo andar ele me joga no chão e começa a me chutar, ouço o som de algumas costelas se quebrando, o sangue começa a sujar o carpete. A essa altura já não tem nenhum empregado pelos corredores, sem nenhum espectador, era como um trato silencioso, quando Anton começava a me agredir, todos eles sumiam. Ele começou a me xingar de todos os nomes possíveis, falando que tudo era culpa minha e o pior, eu nem sabia o por quê dele fazer isso. Puxava meus cabelos, eu conseguia até ver alguns fios ao meu redor, ele pegou minha cabeça e bateu nas grades do guarda corpo, a dor era tanta que parecia que iria quebrar. Em um certo momento, quando eu não sabia se estava ou não consciente, brutalmente, ele pisou em meu estômago e comecei a jorrar sangue pela boca, como um jato. A partir desse momento, eu não vi mais nada.

3 dias depois

Finalmente estou chegando no Rio de Janeiro para resgatar minha irmã. Eu preciso saber onde ela está, preciso levá-la para minha casa, preciso cuidar dela. Chego no aeroporto e já tem um carro me esperando para ir buscá-la. Ninguém sabe dessa minha atitude, somente minha família, Cristina e Mariana. E pedi para Emmy avisar ao advogado somente no momento que eu desembarcasse.

O tempo no carro é angustiante, só de pensar o que minha irmã pode ter passado na mão daquele maldito. Mas acabou... finalmente acabou.

- Senhora, chegamos! - Olho pela janela e vejo algo estranho.

- Como assim, senhor, esse não pode ser o endereço. - Olho para o papel em minhas mãos, procuro o nome da rua e olho para o local indicado.

- Sim, senhora. Este é o lugar que me pediu para deixar. - O motorista insiste, sem entender o motivo de minha inquietação.

- Tudo bem. - Pego o dinheiro em minha bolsa, lhe entrego e saio de seu carro. - Muito obrigada. - Ele agradece e dá partida no veículo.

Não é possível que essa seja a casa, ela está completamente queimada, não resta mais nada aqui.


Pessoal voltei, e o livro está acabando. O que será que aconteceu com a casa, Anton e Eva? Continuem acompanhando nessa reta final. Peço perdões pelas faltas e agradeço aos leitores fiéis. Deus continue os abençoando.

No seu coração.

P.

Confia em Mim: DestruídaWhere stories live. Discover now