Capítulo VIII - Normalidade

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Anton realmente estava muito radiante. Eu não acredito que ele está me traindo de novo. E quem é essa mulher? O que ela quer? Só sei que não apareceu mais e sumiu. A melhor coisa que eu posso fazer nesse momento é ficar quieta, como sempre e acenar. Acenar também faz parte do meu papel como a melhor esposa do mundo.

- O que achou do discurso do seu marido?

- Simplesmente fantástico, senhor Campos. Fascinante.

- Não precisa ser tão formal, me chame de Carlos. - Não respondo e mostro desinteresse enquanto ele ri de uma forma que me assusta. - E realmente ele cumpre o que diz? Sobre o discurso de seu madido. - Ele diz interessado, mas não no que eu vou dizer, e sim no fato de querer puxar assunto.

- Sim, esse é o meu marido. - Disse sem muito entusiasmo.

- Bem.. realmente não acreditei muito. Você é bela demais para esse.. esse.. cafajeste. Eu já passei um tempo com esse cara e ele não é muito tudo o que está dizendo. - Ele diz desdenhando.

- Como assim, senhor? - Não tenho muito interesse por esse homem nojento com quem eu estou falando. Na verdade, todas as pessoas desse meio são repugnantes, eu não gosto nada de estar aqui, mas quero saber um pouco mais sobre o Anton. Eu não sei nada dele antes de começar a morar com ele.

- Hum.. ele pegava muitas mulheres. Era um mulherengo para falar a verdade. E já teve algumas passagens na polícia.

- Na polícia?

- Sim. Agressões a outras mulheres.

- Isso que o senhor fala é verdade?

- Completamente. - Ele levanta as mãos como alguém indefeso.

Ele parecia falar a verdade.

- Mas.. o que aconteceu depois disso?

- Bem.. - Ele é interrompido por Anton que chega.

- Olá, Carlos. - Ele diz me pegando pela cintura.

- Lindo discurso, Anton. - Ele acena com a cabeça e diz de uma forma irônica. - De onde tirou? De uma frase de caminhão.

- Por favor, Carlos, sinto sua inveja destilando por aqui. Então, menos, por favor!

O clima entre os dois começa a ficar tenso. Eu prefiro não falar nada, senão sobra pra mim.

- E onde você arrumou essa ai? - Ele diz apontando para mim. Eu queria não estar ali naquele momento.

- Não é da sua conta. E essa aqui, é minha esposa, então eu peço respeito. Sabe de uma coisa... vamos embora, Eva. Vamos!

Ele sai me puxando pelo braço e me leva embora dali. Estamos indo para o estacionamento pegar o carro. Então entramos e colocamos o cinto. Essa noite vamos dormir em um hotel, não tem como voltarmos para o Brasil hoje.

- Eva! Eu já não disse que não quero você conversando com as pessoas. Fique quieta! Caramba, será que é tão difícil você me obedecer.

- Mas não foi eu que fui puxando assunto. Foi ele. - Digo com a voz alterada já na defensiva.

- Ah então ignorava ele, droga! - Ele grita.

A partir daí já não digo mais nada. Tudo sempre é culpa minha. Ainda fico me perguntando porque ele está comigo. Por quê não separamos? É muito mais fácil e menos sofrimento para mim, mas eu devo isso a ele. Eu devo minha vida à ele. E estou presa até o momento em que ele queira me dispensar.

Chegamos no hotel e quando chegamos, nos surpreendemos. Não! Nós não! Eu me surpreendo. Tem duas mulheres deitadas no nosso quarto. Estão quase semi-nuas. 

- O que significa isso, Anton? - Olho para ele assustada. Ele não responde. Não sei se ele sabe exatamente do que se trata.

Uma das mulheres se levanta, pega um papel em seu seio e estende para Anton.

"Uma lembrancinha para você, em comemoração os velhos tempos.

Campos."

- Quem aquele filho da mãe pensa que é? - Grita Anton jogando o papel, já amassado, no chão e pisa. - Caiam fora daqui agora! Anda!

- Mas somos um presente, senhor. Não sairemos daqui até que possamos cumprir nossa missão aqui. - Dizem as mulheres com um tom de sensualidade.

- Como é? Suas.. - Ele quase entra em ebulição. - Olha, não digo coisa pior em respeito a minha mulher. Saiam daqui agora, ou eu chamo a segurança do hotel! - Ele dá o ultimato, elas se olham e saem correndo.

- Meu Deus.. - Continuo assustada. Não sei se ele está as rejeitando por mim mesmo ou porque estamos num local onde ele não pode ser envergonhado.

- Que safadeza desse cara. Viu.. por isso não queria você conversando com ele, Eva. Isso me deixa com raiva.

Já posso até imaginar o que vem depois dessa raiva, ele desconta em mim.

- Estou com tanta raiva que poderia matar alguém, mas eu não quero fazer isso.. Hoje a noite foi muito importante para mim. - Ele me olha e me segura pelos braços.

- Que bom. - Digo sem muito agrado.

- Sim, e obrigada por ter me ouvido e hoje eu quero te agradecer. - Ele retira o cabelo do rosto e coloca atrás das minhas orelhas.

Nossa, isso me comove. Eu amo o Anton de verdade e oro a Deus para que ele mude. Eu quero que ele mude. Agora que encontrei a Deus, eu quero que possamos ser melhores do que éramos quando começamos a namorar. Quando ele me resgatou. 

Nessa noite ele me amou, e voltamos ao que éramos, infelizmente. Eu não sei porque ele me trata de formas tão baixas, porque ele me maltrata quando está com raiva. Eu queria que ele saísse da política, para voltarmos ao que era. Terminamos de ter relações e ficamos um ao lado do outro pensando e não pude deixar de perguntar.

- Anton, posso te perguntar algo?

- Pode. - Ele diz seco.

- Porque você me trata mal as vezes, pior do que um cachorro.

- Bela quando eu fiz isso? - E eu olho para ele pasma, tipo, como?

- Anton, você tem feito isso muito comigo, ultimamente, sabe. E eu não sei o que fazer. Tem vezes que você está de bom humor, mas tem vezes que está com um péssimo e desconta em mim.

- Ah Eva, eu tenho estado muito tenso com tudo que está acontecendo.

- Mas você não era assim antes de entrar na política.

- É.. que.. é a correria mesmo. Mas não quero mais falar sobre isso, pode ser?

- Tudo bem. Pode.

E mais uma vez eu fico sem as minhas respostas. Tudo está girando em volta da minha cabeça. Principalmente a ideia dessa tal mulher que eu não sei quem é.

Acabamos voltando para o Rio de Janeiro, retornando às nossas vidas normais e tudo continuava na mesma, eu com as minhas crianças e alunos, sofrendo e Anton dominador com a sua política. 

Meu Deus, onde está a Tua justiça?


Como o outro livro está para terminar, eu vou retornar com este, agora sim podemos continuar, me perdoem pela demora, mas agora vamos seguir em frente. Dúvidas, sugestões e elogios serão muito bem vindos, eu gosto muito de todos vocês. Obrigada por tudo, Deus abençoe vocês!

No seu coração.

P.

Confia em Mim: DestruídaWhere stories live. Discover now