Capítulo I - Frivolidade

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Saio do banheiro para pegar algumas roupas no roupeiro e uma empregada está arrumando nosso quarto depois da bagunça. Eu ainda estava coberta de sangue.

- Senhora, deseja algo. - Diz ela com um olhar complacente e assutada ao mesmo tempo.

- Não, muito obrigada. - Sei que não posso manter muito contato com os empregados aqui, ordens de Anton para minha própria segurança, e eu acato. Pego minhas roupas e volto ao banheiro, me limpo, tomo um banho e troco de roupa. Não sei o que doí mais, meu corpo ou meu coração.

Desço para tomar um café da manhã, Anton estava na mesa já, com o típico jornal e uma xícara de café.

- Bom dia. - Digo.

- Bom dia, - ele abaixa o jornal e me olha com desdém. - preciso que esteja bem para o jantar que teremos amanhã, trate de cuidar tudo isso.

- Tudo bem, amor. - Me sento e como silenciosamente, pode se ouvir somente o som dos talheres. Esses jantares geralmente são muito importantes, sei que preciso me comportar bem se eu não quiser levar outra surra. Anton me ama, mas da maneira dele e eu o entendo quando o envergonho, e mereço tudo que ele faz pra tentar me melhorar.

- Estou indo. - Diz ele bebendo o último gole do seu café.

Anton é político, foi eleito no início desse ano, parece que ele tem andado bastante ocupado desde que começou a seguir carreira, por isso também não tem muita paciência.

Termino meu café e vou para meu quarto, me olho no espelho e estou com uma linha avermelhada da testa até o couro cabeludo, meu olho está um pouco roxo e inchado, então como o protocolo manda, novamente terei que ligar para a universidade e dizer que não poderei ir dar aula por algum motivo, Deus sabe o quanto odeio mentir, mas eu não posso aparecer fora dos limites de casa com o rosto dessa forma, senão vão pensar mal de Anton e isso pode arruinar a vida dele, nossa vida juntos e eu jamais faria isso, nos amamos e não podemos ficar longe um do outro.

Ligo para a universidade e digo que estou impossibilitada com uma tremenda dor de barriga, como sou esposa do deputado, eles não me enfrentam muito e aceitam minhas desculpas facilmente, odeio abandonar meus alunos, mas é por um motivo maior.

Aproveito o decorrer do dia para ler a bíblia e me dedicar a Deus, é o único momento que encontro paz e por meio deste eu consigo um conforto para suportar os momentos difíceis que a vida me impõe.

"Senhor meu Deus, muito obrigada pela minha vida, me torna mais forte para que eu consiga suportar as adversidades, cuide do Anton também onde ele estiver, em nome de Jesus, amém!"

Logo após meu momento de busca eu vou para o jardim, sei que temos jardineiro, mas eu adoro ajudar a cuidar das flores e observá-las, são tão lindas e não faz nenhum esforço para tal, eu não tenho muitos amigos, minha vida é muito restrita, então tento me ocupar da melhor maneira possível. Entro novamente em casa e pego um livro para ler ao ar livre, desço novamente e sento num banco de madeira que tem no jardim, a brisa batendo em meu rosto é maravilhoso.

O tempo passa tão rápido que nem noto a hora, são 16 horas, eu nem almocei ainda, mas vi que o carro de Anton já estava em casa, ele chegou cedo, não sei porque, mas vou até ele. Eu o encontro e para minha surpresa ele está no nosso quarto, beijando outra mulher. Não sei o que dá em mim, dizem que a reação é algo que não podemos prever, então eu tive a minha.

- Anton. - Dei um enorme grito e entrei no quarto. - O que significa isso? - Olho para ele e a mulher e notoriamente ele está bêbado.

- O que está fazendo aqui? - Ele se assusta.

- Como pôde pensar que eu poderia ir para aula com essa cara? - Aponto para meus machucados que querem se transformar em cicatrizes.

Nesse momento a mulher sai correndo pela casa indo embora.

Confia em Mim: DestruídaWhere stories live. Discover now