BÔNUS: RAFAEL CUNHA

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Me coloquei de pé também e ficamos os dois ali, apenas nos encarando e procurando as respostas necessárias através da troca de olhares. Os ombros dela caíram e então de furiosa ela passou para cansada.

─ O que tudo isso significa, Rafael? Eu sentir ciúmes de você, a cena da piscina, o episódio do parque, o telefonema sobre a carta.... Todas essas coisas, o que elas significam? ─ Malu desviou o olhar por um momento, o focalizando no pátio deserto e voltou a me olhar. Tinham tantas dúvidas ali. ─ Me diz, por favor.

Já tinha passado da hora e tanto Maria Luísa e eu sabíamos disso.

Para ela era fácil falar sobre sentimentos e como se sentia, mas parecia que eu tinha alguma coisa que me impedia... Eu sabia muito bem o que era isso, mas simplesmente não dava mais para continuar daquela maneira. Ela precisava de respostas, precisava ficar no claro e a única pessoa que era capaz de esclarecer tudo aquilo que nos envolvia, seria eu.

Já tinha passado da hora dela saber como eu me sentia.

Do que eu sentia por ela.

─ Eu gosto de você! Gosto muito. ─ foi como um cadeado sendo aberto finalmente dentro de mim e as palavras simplesmente saíram em busca de atingir a sua destinatária. ─ Mas lá no fundo, tu já sabe disso. Sempre soube disso.

Suspirando, ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e voltou a me questionar:

─ E o que você quer de mim?

─ Eu quero que você... ─ pausei um momento, colocando meus pensamentos em ordem. ─ Melhor, eu quero você. Dá pra entender isso de uma vez por todas? Achei que fosse claro para você isso.

Ela não correu para os meus braços como eu esperava.

Ela não abriu um sorriso radiante ou deixou que um suspiro de alívio fosse liberado.

Ela nem mesmo mudou a postura.

Apenas continuou parada e me olhando, me deixando sem saber o que fazer ali depois de ter me declarado.

─ Por favor, Malu. ─ dei um passo em sua direção simplesmente porque não aguentava mais ficar parado ali, me sentindo estranhamente impotente. ─ Admite que ainda sente alguma coisa por mim ou acaba com isso de uma vez.

Eu queria uma reação vinda da parte dela depois de revelar meus sentimentos, mas não esperava por lágrimas e uma expressão de quem estava sendo machucada. Ela começou a chorar sentida na minha frente, voltando a se sentar em um dos degraus e me deixando sem uma reação que não fosse me sentar ao seu lado e a abraçar. Maria Luísa não gostava mais de mim, era isso? Malu não gostava mais de mim e estava tendo essa crise de choro porque teria que falar que não sentia por mim mais nada e....

─ Sim, admito que gosto de você. Eu gosto muito de você.

E voltou a esconder o rosto nas mãos e a chorar ao mesmo tempo que meu coração ficou aliviado e a minha cabeça voltou a se tornar uma confusão. Por que então ela estava chorando?

─ Se você admitiu que gosta de mim, porque você está chorando?

─ Por sua causa. ─ ela apontou um dedo na minha direção. ─ É a primeira vez que está dizendo isso e me fala que no fundo eu já sabia? Você já fugiu de mim! Eu não te entendo, Rafael, não entendo o que você quer e nem quando quer.... Do que adianta falar que gosta de mim, que quer ficar comigo e fazer tudo isso ─ gesticulou com as mãos ao nosso redor. ─, se você não faz nada para alguma coisa entre nós dois aconteça?

─ Malu...

─ É, sério. ─ me cortou. ─ Não entendo esse medo ridículo que você tem em admitir que gosta de mim. Eu acabei de me declarar por você pela segunda vez e, surpresa, continuo inteira! Do que você tem medo?

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