Things I Can't | H.S.

Capítulo 41

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11 dias depois.

-Harry, para de reclamar, por Deus - Anne dizia alto pelo aeroporto me fazendo sorri. 

Era o dia, por fim. Harry continuou insistindo que eu o acompanhasse até Nova York e o ajudasse com a mudança e depois eu decidiria o que faria.

Eu já havia me decidido, eu não podia ir, mesmo que eu amasse Harry mais do que qualquer coisa que possa haver neste mundo, não posso ir com ele. Não é certo. Seria abrir mão da minha vida para viver a vida dele, a empresa da mãe dele, a megalópole onde ele teria uma vida agora. Eu queria apenas continuar em Londres, me formar e arrumar um emprego como redatora em qualquer jornal ou editora que fosse. Não eram grandes aspirações mas me lembro de querer isso desde que me entendo por gente e por ambições de futuro. 

Enquanto corríamos pelo Heathrow, o longo corredor estava vazio. As malas enormes de Harry estavam sendo carregadas por Anne, que carregava uma bolsa de mão grande o bastante para os três dias. É estranho pensar em como conseguimos enfiar toda a nossa vida em uma pequena mala, como se não significasse nada, por fim. 

O voo de mais de 7 horas seria cansativo mas eu poderia aguentar isso pelo meus últimos dias com Harry. Quando eu o veria novamente? Será que nos tornaríamos completos estranhos depois de tudo isso, afinal? 

-Não vou parar de reclamar, mãe - ele passou a mão no cabelo de forma nervosa - Porra, é muita mala. Onde vamos colocar tudo isso? Em um táxi apenas para as malas? 

-É - ela deu de ombros como se isso fosse óbvio e eu coloquei a mão na boca tentando não rir - Você é muito resmungão, Harry Edward. 

Ele a imitou fazendo careta e eu balancei a cabeça, rindo. Despachamos a mala e eles pagaram um valor absurdo pelo excesso de bagagem, o que já era de se esperar, de qualquer forma. Anne estava com um assento distante do meu e de Harry. Os assentos eram absurdamente confortáveis e me perguntei quanto aquilo custou para Harry. Mesmo que eu tenha pago minha passagem de volta, tenho certeza que ele comprou algum tipo de primeira classe, enquanto eu tentei ao máximo não gastar tanto dinheiro na volta. 500 euros era o bastante para uma passagem.

Ajeito o pequeno travesseiro em meus ombros e tento relaxar um pouco. Harry está segurando minha mão, os dedos entrelaçados nos meus, olhando pela janela ao meu lado. Ele respira fundo, segura minha mão e a põe sobre seu colo. Aproveito para aumentar um pouco o volume em meu fone de ouvido, deixando Bahamas tocar um pouco mais alto até que eu consiga dormir. 

-Puta que pariu - acordo com a voz de Harry enquanto ele se mexe inquieto ao meu lado - Eu te acordei? Me desculpe, Bo.

-Está tudo bem - balanço a cabeça o olhando confusa - O que houve? 

-Nada, só estou cansado. Ainda tem - ele olha o relógio - 4 horas de viagem e eu não aguento mais. Já andei por todo o avião. 

-Precisa se acalmar - eu repreendo. 

Ele trava o maxilar e imagino que quis me dar um resposta grosseira mas preferiu ficar em silêncio desta vez. Melhor assim. Ele me olha e dá um beijo na minha têmpora. 

-Queria deitar no seu colo mas mal posso me mexer nesse banco - diz baixo e eu sorrio. 

-Vai ter muito tempo para deitar no meu colo. 

Mal calculo quando as palavras saem da minha boca. Ele franze o cenho e desvia o olhar do meu. Me sinto um pouco mal por ter dito isso e mais ainda porque sei que Harry já sabe que não vou ficar com ele em Nova York. Ele tomba a cabeça para o lado e passa a mão na testa logo depois, fechando os olhos enquanto respira com calma, como se tentasse manter algum tipo de calma ou coisa parecida. Está realmente estressado com tudo isso.