Capítulo 29

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-Oi, mãe - meu tom era calmo, eu queria sondar o terreno onde estava entrando. Minha mãe podia ser tão confusa quanto Harry.

-Ei, Bo, como você está? - o alívio me preencheu quando um tom carinhoso foi entregue pela linha do telefone.

Meus olhos encararam o apartamento e me encolhi quando um vento gelado passou pela janela da varanda. O tempo esfriou e fica cada vez mais difícil sair de casa e fazer algo produtivo. O começo de Dezembro é sempre um inferno ao revés, o tempo gelado me faz querer gritar de irritação. Não vai demorar para começar a nevar, sei que não.

-Bem - minto - E você?

-Estou bem, aconteceu algo? - pergunta, o tom pronto para me provocar.

-Não, não nos falamos há muito tempo, só queria saber como está.

-É, certo, Bonie - ela quase ri e ouço seu suspiro - Não quer me dizer nada?

-Não, mãe - reviro os olhos, grata por ela não estar vendo.

-Nem deseja que seu pai estivesse vivo para deitar em seu colo?

É exatamente por isso que eu vinha evitando ao máximo ligar para ela. Queria algum conforto dela mas sei que não vou conseguir a não ser que me humilhe para isso. Queria que ela fosse mais amável e capaz de aceitar erros. Queria que pegasse um pouco mais leve, só para eu poder sentir por um tempo o consolo de se ter uma mãe amorosa e acolhedora. Respiro fundo e dou um gole no café antes de responder, mas desisto e acabo ficando em silêncio.

-Ele te deixou? - pergunta receosa.

-Não, eu o deixei - tento me distrair da dor e me preparar para a resposta da minha mãe.

-Por quê? - foi melhor do que eu imaginei, mas seu tom de voz ainda é ridiculamente defensivo.

-É complicado, você não entenderia, mãe. E eu não quero falar sobre isso - começo a andar pela sala, inquieta com a conversa estranha que estou tendo com minha mãe.

-E você entende? - ela pergunta, friamente.

-Mãe, por favor, não faça isso - a irritação cresce em meu peito e já estou desesperada para desligar o telefone.

-Fico feliz que tenha acabado antes mesmo de começar e além do mais-

-Não, isso é bastante. Foi bom falar com você, tchau mãe.

Desligo antes mesmo que suas palavras ásperas me machuquem ainda mais. Como é possível que ela não entenda? Só preciso de alguém para conversar, e ser reconfortada. Ela sabe exatamente tocar onde mais me dói. Fala do meu pai e de todas as coisa ruins possíveis que chegam até sua cabeça. É perturbador que não tenha nenhum respeito pelos meus sentimentos.

Duas semanas se passaram e desde que Harry saiu do meu carro, nunca houve nenhum contato entre nós dois. Eu o olho as vezes, não consigo me segurar, mas a única coisa que vejo é o mesmo Harry rabugento que todos vêem. Ele não me olha, nunca mais sequer passou perto de mim e tem pulado algumas aulas. É tão frustrante.

Estamos indo a Paris na próxima semana. Só confirmei meu pagamento depois de Ava me prometer que Harry não iria. É a viagem anual da universidade, onde eles alugam alguns chalés e os alunos ficam durante quatro dias em algum outro lugar. Eu não fui no ano passado, a viagem para Lyon parece ter sido divertida e isso me parece um bom modo de distração. É Paris, afinal de contas. Provavelmente minha mãe vai entrar em colapso quando souber, e se souber. Minhas intenções de contar à ela são nulas.

Things I Can't | H.S.Where stories live. Discover now