Capítulo 10

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Depois de vários dias exaustivos, finalmente chega a sexta-feira. E de forma a me incomodar, hoje completam 5 anos que meu pai faleceu. Evitei durante todo o dia falar com minha mãe, imaginando que ela provavelmente fez seu ritual de visitar o túmulo do meu pai e ficar praticamente todo o dia lá. O dia está chuvoso, alimentando meu estado amuado. Pego minha bolsa e saio mais cedo da aula, sem dizer nada a ninguém, aproveitando para comprar um café e ir para casa. Tomei um banho quente e resolvi ligar para minha mãe por fim.  

"Ei, mãe", - ela puxou o ar com força e eu sabia que ela, provavelmente, esteve chorando por todo o dia.

"Ei, querida", ela manteve o silêncio e me atrevi a falar.

"Como você está?"

"Estou bem, acho que posso dizer isso", ela parecer mexer em algo e então voltou para mim "Visitei o túmulo do seu pai hoje. Queria que esta data não existisse, Bo."

"Sim, mãe, eu também. Papai era um bom homem."

"Ele era o melhor, querida", sei que ela estava prestes a chorar e senti meu rosto queimar com a vontade de chorar, que não veio em mim durante todo dia.

"Mãe, preciso ir, amo você, fique bem, o.k.?" 

"Amo você também, Bo, se cuide."

Deixei que a tristeza pela morte do meu pai fizesse seu caminho em meu peito e chorei um pouco. Foi uma enorme batalha enorme quando meu pai morreu. Ele era meu ponto de segurança na relação entre pais e foi uma quebra enorme. Eu não sabia lidar com a minha mãe, não parecíamos nos ajustar, mas ele parecia conseguir que ficássemos alinhadas de alguma forma. Mas quando ele se foi, tive que me virar para salvar minha relação com a minha mãe, e logo depois, com meus avós.

Quando tive um tempo do colapso emocional, peguei meu exemplar de 'O Italiano', finalmente estava chegando ao fim depois de quase duas semanas lendo-o. Assim que cheguei ao capítulo 31, com a frase "Your's in the ranks of death." de Shakespeare dando início ao capítulo, minha campainha tocou e tive que deixar meu livro de lado. Pensei por segundos se estaria apresentável para abrir a porta, o moletom cobrindo meu corpo e as meias nos pés. Pareço alguém que se arrastou pelo apartamento durante todo o dia. Foi exatamente o que eu fiz.

-Sim? - abri a porta e reconheci as costas na minha frente, assim como o coque no topo da cabeça - Harry?

-Ei - ele falou tímido, se virando para mim - Consegui convencer seu porteiro de que eu te conhecia.

-Poderia ter me ligado - abri um pouco mais a porta - Aconteceu algo?

-Eu trouxe algo para você - ele estendeu um embrulho azul para mim e o peguei, abrindo mais a porta - Entre, o que é isso?

Ele entrou e fechou a porta atrás de si. Ele usava um moletom cinza e suas habituais calças, mas estava de all-star desta vez.

-É uma edição especial de 'Emma' - levanto a cabeça, tirando meus olhos do embrulho e me deparo com seu sorriso com covinhas.

-Sério? - tiro o livro do embrulho e sorrio, cheirando as páginas e folheando - Harry, eu amo esse livro!

-Eu imaginei - ele deu de ombros e olhou em volta, eu voltei meu olhar para o exemplar e juntei o embrulho, colocando os dois em cima do aparador da sala - Você está bem?

-Sim - suspirei, tentando descobrir se afinal de contas, eu estava bem.

Ele se aproximou e levou uma mão até meu rosto, me assustando de imediato. Seu dedão tocou o canto do meu olho e ele limpou no moletom, se afastando logo depois.

Things I Can't | H.S.Where stories live. Discover now