Vol. 2

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O meu cérebro chacoalhou com o soco que levei. Fui jogado contra a parede com violência. O grandalhão continuou avançando, desferindo socos e ponta pés. O colete a prova de balas ajudou a conter o dano das botinas do infeliz, mas as minhas costelas ardiam a cada nova investida. Não era meia-dúzia de golpes que me parariam, precisava saber o paradeiro do carregamento de drogas, e seria naquela noite.

Meu estômago estava levando golpes e coloquei para fora tudo que restou do almoço. Os comparsas, menos robustos ficaram mais recuados, esperando o grandalhão terminar o serviço, ou o momento para dar seus sopapos. O desgraçado não manteria aquele ritmo o tempo todo, ele teria que parar, mesmo que por alguns segundos para respirar, e foi neste ínfimo hiato que aproveitei para segurar sua perna. Com o meu cotovelo, desferi um golpe em seu joelho, arrancando de sua cara uma expressão de dor. A chuva, constante por aqui deixava tudo mais escorregadio, mas quem se importava?

Perdendo sua estabilidade, o grandalhão ajoelhou-se, ficando no meu nível. Aparei sua cabeça com as duas mãos e desferi uma cabeçada que o fez cair. Consegui ficar de pé, ainda cambaleante. O grandalhão também levantou e veio em minha direção. O primeiro soco passou no vazio, o segundo também, mas o terceiro atingiu o meu rosto. O golpe me jogou para o lado e o container de lixo me amparou. Meus lábios estavam cortados e o sangue descia. Fechei a guarda e firmei posição, o meliante aproximou-se e ao tentar me socar, cuspi em sua cara uma mistura de saliva com sangue. Sua visão ficou bloqueada devido ao muco que impregnava seus olhos. O parrudo começou a gritar e socar o ar. Aproximei-me rapidamente e mesmo zonzo o soquei; uma, duas, três vezes. O gigante cambaleou, mas continuava de pé. Depois de respirar profundamente, segurei seus cabelos e soquei sucessivas vezes até o desgraçado ajoelhar-se. Saquei a arma e a coloquei grudada em sua testa.

_ Me digam para onde está indo o carregamento de drogas! Gritei, olhando para os comparsas.

_ Você acha que nos importamos com este traste? Pode mata-lo! Disse um dos traficantes.

_ Como queira! Disparei a minha arma estourando os miolos do grandalhão.

Um dos comparsas virou-se e correu. Apontei a arma em sua direção e disparei de maneira certeira. O projétil perfurou suas costas, fazendo-o saltar pelo menos dois metros para a frente com o impacto. O outro, vendo o que havia acontecido com o seu cúmplice, não percebeu minha aproximação. O peguei pelo pescoço e o arrastei até grudá-lo contra a parede.

_ Me diga agora seu verme ou acabo com você aqui mesmo! Falei enquanto meus dedos faziam pressão sobre o pescoço magricelo do indivíduo.

_ Não sei... balbuciou.

_ Pois deveria, seu idiota!

Apertando o pescoço o ergui. Seus pés dançavam no ar na tentativa de procurar alguma superfície onde apoiá-los.

_ OK... Ok... Falou com dificuldade.

Deixei de pressionar seu pescoço, precipitando-o no chão. O meliante caiu e puxando todo o ar que poderia reter em seus pulmões, tentou voltar a si. Ainda zonzo com o quase estrangulamento apoiou-se no que estava por perto para manter-se de pé. Subitamente o traficante parou, como se tivesse entrado em transe. Ergueu sua cabeça e seus olhos estavam fixos em mim, com sua pupilo dilatada.

Recuei alguns passos sem entender tal reação.

_ Fale logo! Tentei trazê-lo de volta.

_ O seu telefone irá tocar policial, é melhor atender... balbuciou tais palavras com certa rouquidão. O timbre de sua voz havia mudado, além de sua postura. Assim que terminou de falar, o corpo do bandido veio a baixo, inerte. Me aproximei tentando medir seus batimentos, mas para a minha surpresa, ele estava morto.

TRAGO (2017) - LIVRO (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora