No fundo, eu ainda era uma garotinha fraca que não saberia como se levantar sozinha. Precisava de ajuda antes de me perder de vez na minha escuridão, que tentava a todo custo me arrastar para as lembranças ruins e me fazer desistir. Ela não conseguiria, eu não deixaria.

Quando dei por mim, estava no colo de Daniel, que estava sentado no chão me aninhando e acariciando meus cabelos. Finalmente entendi a vulnerabilidade que eu sentia com ele. Eu só queria que ele me protegesse, como fez com Dayse.

- Você apareceu, linda, e fez eu me sentir perdido, depois saiu como um furacão, sem nem me questionar e eu já até me sentia culpado por alguma coisa. - Poderia discernir o sorriso em sua voz, então, após um momento, ele tornou mais sério. - Eu não vou te deixar escapar assim tão fácil, morena.

- Me desculpa.
Sussurrei ainda agarrada a ele. Seu valor era incrível, como os músculos firmes do peitoral, mas minha cabeça estava uma bagunça onde a tontura só piorava tudo.

- Quando a vi na festa senti vontade de tirá-la de perto de todos aqueles arrogantes egocêntricos, eles não mereciam a sua presença. Mas quando te vi agarrada a Gilbert, eu soube que ele não estava brincando.
Daniel me abraçou mais forte.

- O que?
Minha voz saiu como um sussurro que Daniel não ouviu. Confusão era o meu segundo nome, enquanto meus olhos teimavam contra a minha vontade de permanecer ativa.

- Sou eu quem deve desculpas a você. Eu não mais desistirei tão fácil!

Uma das mãos voltou à minha cabeça, acariciando com carinho. Seu toque leve me fez relaxar. Me senti segura e protegida. Cedi à vontade do corpo, fechando meus olhos à espera de, ao abri-los, estaria num mundo em que eu não precisasse mendigar a atenção de ninguém e nem as mais leves ressacas existiam. Melhor ainda seria se toda essa noite não passasse de um sonho louco, porque a vergonha estaria apenas na minha mente. Já bastava a dor de cabeça que causei e como castigo teria, merecidamente, a indisposição pós-porre.

Adormeci nos braços da pessoa que me salvou mais uma vez, não de outro bêbado tarado ou de um serial killer, mas de eu mesma. Minha noite foi leve e, devagar, os acontecimentos tornaram-se apenas lembranças distantes e vagas.

Um apito agudo e insistente dominava minha mente, parecendo cada vez mais alto. Abri os olhos lentamente enquanto procurava a origem do som infernal. Estiquei a mão até o criado ao lado da cama e alcancei meu celular.

Sete horas da manhã. Hora de trabalhar.

Havia a notificação de uma mensagem de texto, recebida às três horas da madrugada. Pisquei algumas vezes para poder ler. Era Adam.

11/07-03:07<De: Adam Gilbert>
Descanse hoje.

Então não era hora de trabalhar. Agradeci às forças do universo por me darem uma folga. E a Adam também.

Reuni coragem e me ergui de uma só vez, sentindo uma leve vertigem. Sentada na beirada da cama fiquei olhando para o nada, apenas degustando o estado quase vegetativo em que me encontrava. Alguma coisa estava me incomodando e não era a leve enxaqueca.

Algo estava errado.

Abri a boca em espanto, depois quis dar um tapa na testa, mas mudei de ideia sabendo que rodaria com a dor de cabeça.

Lembrei-me de alguns acontecimentos da noite passada. Olhei ao redor. Desde quando eu estava no meu quarto? Olhei para baixo, checando minha roupa. Minha não, eu estava usando uma camisa social branca que mais parecia um vestido no meu corpo. No momento eu só sabia de três coisas: a primeira era que eu estava usando apenas a lingerie por baixo da camisa; a segunda era que eu estava sozinha no quarto e a terceira era que o cheiro delicioso que sentia não poderia ser delírio de ressaca.

The 2 Of Us - Livro 1. Duologia The 2 Of Us.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora