40: Respiração cachorrinho

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E então a minha luz no fim do túnel apareceu.

E, sinceramente, eu não faço ideia de como não percebi isso antes já que essa profissão sempre me instigou, mas tratava de achar que toda aquela euforia com o curso era algo passageiro e, por isso, não o levei a sério. Nunca.

Nenhuma sensação nunca vai descrever completamente quando finalmente descobri o que eu queria para a vida. Fiquei tão aliviada que nem parece que meus dezoito anos de vida foram vividos naquela coisa horrível entre decidir opções; foi como se eu tivesse escolhido esse curso lá no meu primeiro ano do ensino médio.

Até fazer o Enem pareceu mais fácil depois de decidir sobre isso e... Com certeza não. De coração, eu esperava não ter que enfrentar um Enem na minha vida nunca mais. Foi muito estressante. Achei por muito tempo que os vestibulares iam me assustar, mas nada me deixou mais assustada que essa prova.

O único vestibular que prestei pode não ter sido tão aterrorizante quanto o Enem foi para mim, mas que ele realmente conseguiu me deixar mal algum tempo depois... Isso, sim; eu tinha essa sede de passar em uma universidade federal que só seria saciada quando eu passasse em uma, de fato.

Infelizmente isso não aconteceu nesse ano.

Mas todo mundo já sabe dessa parte. Eu aceitei que aquele não tinha sido o meu ano de ser bixo em alguma federal, mas que muitos outros estavam por vir e meu sonho podia ser realizado. Só precisava me esforçar mais e focar bastante nos meus objetivos.

Simples...

Ou talvez não.

Se eu tinha achado que escolher Enfermagem tinha sido a decisão mais difícil da minha vida, eu realmente não sabia nada da vida.

Existe um programa chamado Sisu Sistema de Seleção Unificada e vi nele uma última opção para tentar uma vaga em uma universidade federal naquele ano. Acontece que são duas opções de curso/faculdade que escolhemos. A minha primeira foi a UFRJ, mas não fazia ideia de qual segunda opção colocar; sabia que de curso eu não mudaria nem que me pagassem, restava escolher uma segunda opção de faculdade. E depois de conversar algum tempo com Marco e mandar uma mensagem para minha mãe perguntando o que ela achava sobre a segunda opção de faculdade, nós chegamos a um acordo e escolhemos uma faculdade muito boa para que eu colocasse como segunda opção.

Mas, sendo sincera, eu nunca cogitei a hipótese de passar para a segunda opção que coloquei. Não ia acontecer isso. E, por isso, enquanto o tempo passava e o resultado da seleção não chegava, eu não fiquei tão pilhada em saber qual seria meu resultado. Porque de uma coisa eu sabia: mesmo que eu não passasse na UFRJ, eu também não passaria para a segunda opção. Sem neura. Sem estresse.

Até que o dia trinta de janeiro chegou e tudo ficou uma bagunça.

Novamente.

Foi aí que a decisão mais difícil da minha vida surgiu e é nesse momento que ainda não faço ideia do que fazer.

Encarei uma última vez a tela do meu notebook e encarei a minha mãe.

Não conseguia pensar naquele momento, alguma coisa na minha cabeça deu pane e eu não conseguia raciocinar direito. Mas isso não se aplicava ao meu padrasto e a minha mãe, não. Ambos possuíam sorrisos que rasgavam seus rostos e até posso jurar que os olhos deles estavam marejados. Enquanto eu não conseguia processar o que aquele site dizia.

Eu não consegui a minha vaga na UFRJ, mas acabei conseguindo uma vaga na UFSCA, que foi a minha segunda opção de faculdade e curso para o programa e tudo mais.

5inco | ✓Where stories live. Discover now