28: Novas sensações, doces emoções

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"A vida é cheia dessas coisas, cara, e voltar para esse lugar é tipo reviver a nossa infância. É como se cada cantinho dessa fazenda guardasse uma lembrança esquecida ou apagada daquela época tão mágica e fácil. Queria saber qual botão apertar para voltar pra esses dias. ── Pedro. "

Sabe aquela frase que todo mundo diz, alguma coisa como "a gente só percebe a falta que tal coisa faz quando a perdemos"? Então, a transformando um pouquinho, ela se encaixa perfeitamente na minha situação atual. Eu não fazia ideia de que sentia tanta falta de vir até a fazenda até o momento em que coloquei os pés novamente aqui.

Não fazia ideia do quanto sentia falta desse lugar até voltar a ele.

Foi uma choradeira sem fim da minha mãe e das gêmeas assim que chegamos. Tive que me segurar horrores para não repetir os gestos delas. Esse lugar é muito especial para a minha mãe, ela cresceu aqui com os primos delas e foi a casa da minha avó até alguns anos atrás. Então, quando a minha avó veio a falecer, a decisão de manter a casa ou não seria apenas da minha mãe. E ela a manteve. E agora iria casar no lugar em que cresceu e rendeu muitas lembranças para ela.

Não era nenhum pouco diferente para mim.

Esse lugar guarda muita coisa.

Desde sempre, quando as férias chegavam e nós podíamos ir para Resende, minha mãe nos colocava no carro e deixava Felipe e eu durante as férias de verão com a minha avó. Thomas, Augusto, Rafael e Pedro sempre vinham na mala também, é claro. A fazenda se tornou um dos nossos locais secretos e especiais durante a nossa infância e início da adolescência. E quando eu digo que esse lugar guarda muita coisa é porque ele realmente guardava muitas histórias e acontecimentos para todos nós.

Foi aqui o lugar em que Thomas quebrou o braço direito, que Felipe aprendeu a tocar piano, que Augusto descobriu o talento para cuidar das suas plantinhas ─ é sério, Augusto é o maluco das plantas ─, que Rafael fez os melhores desenhos, que Pedro bateu a antiga caminhonete da minha avó e foi aqui, no meio de uma dessas árvores, que eu dei meu primeiro beijo. Fora todos os tesouros que escondemos por aí e todas as outras várias coisas que perdemos. A fazenda carregava um pedacinho de todos nós e voltar aqui depois de tanto tempo, ainda mais para a cerimônia de casamento da minha mãe, era emocionante demais.

─ Bom, tirem as coisas de vocês do carro e se virem na divisão dos quartos. ─ foi o que meu padrasto disse depois de um longo minuto de silêncio entre todos nós. ─ Pedro, você não vai ficar no mesmo quarto que as gêmeas como da última vez, apenas avisando. Ninguém quer acordar com os seus gritos apenas porque a Kia resolveu te acordar e mostrar o sapo que estava no quarto.

Pedro ficou vermelho feito um pimentão, rebatendo que ele não tinha gritado por causa do sapo, mas sim por causa de Kia que parecia um fantasma naquela noite. É claro que ninguém acreditou naquela desculpa esfarrapada; Pedro tinha medo de sapos e isso era um fato.

─ Obrigado por proteger o sono de todo mundo, Marco. ─ Thomas disse enquanto ajudava a tia Clara a tirar as malas do carro deles. Escutei algo caindo no chão com força, mas estava mais focada no momento em retirar o aquário do Flash com muito cuidado. ─ Júlia, a gente só vai passar um final de semana aqui! Precisava uma mala desse tamanho, hein?

Enquanto Kia e eu retirávamos as nossas coisas do carro, escutávamos a breve conversa que Thomas e Júlia tinham ao carro ao lado. Dei uma espiadinha por cima do ombro, só para ver o motivo de tanta comoção e tive que dar razão ao Thomas naquela vez. Júlia trouxe uma mala gigante apenas para um final de semana e, ainda por cima, uma mochila.

─ Precisava de uma mala grande assim, sim. ─ ela puxou a enorme mala e Thomas pegou a sua mochila, torcendo o nariz para a quantidade de coisas que Júlia trouxe para aquele final de semana. ─ E outra: o tempo muda toda hora... Você deveria ficar agradecido por eu ser uma pessoa prevenida. Inclusive, tem roupas suas aqui dentro também. Então, de nada por pensar sempre em tudo.

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