E se alguém acha que foi porque Thomas resolveu recomeçar a briga ou até mesmo Felipe, sinto em informar que não foi nada disso. Depois que a minha mãe deu um jeito de tirar o caco de vidro da minha mão e dar uma toalha para Felipe estacar todo o sangue que jorrava, fomos colocados os cinco ─ e Fernanda e Pedro também ─ sentados no sofá e ficamos ali, apenas observando minha mãe e Clara andarem de um lado para o outro, totalmente absortas em pensamentos.

─ Me sinto como se tivesse cinco anos e tivesse brigado com o Augusto por causa do balde de areia na praia. ─ pressionei mais uma vez o pano na minha mão e então encarei a minha mãe. ─ Isso é tão ridículo.

Eu estava muito nervosa ainda por conta de toda a cena de violência. Não é novidade para ninguém que meu sistema nervoso parece entrar em pane com violência, e não foi diferente dessa vez. Talvez ─ talvez nada ─ dessa vez foi ainda mais forte todo o choque já que duas pessoas que eu nunca pensei estarem nessa situação, estavam. Só de relembrar os momentos anteriores uma tremedeira sem fim se apossava no meu corpo. Eu realmente não sei como não desmaiei ou entrei em crise.

─ Vocês podem explicar o que aconteceu?

Então, poder qualquer um de nós poderia explicar, mas agora queria ver alguém ter coragem de falar sobre tudo que aconteceu.

Felipe olhou para Thomas, que olhou para Rafael, que olhou para Augusto, que olhou para mim que, por fim, encarou Felipe de volta e depois, os cinco, parecendo boas crianças de quatro anos, encararam o chão.

Até pensei que alguém teria que pressionar Felipe ou Thomas a falar porque, afinal, os principais naquela situação eram os dois, mas cedo demais nós lembramos que tínhamos o Pedro no mesmo recinto. Eu apenas ainda não sabia se aquilo era algo bom ou péssimo.

─ Thomas bateu no Felipe porque o Felipe deu em cima da Júlia. ─ foi Pedro quem resolveu expor a situação toda já que nenhum de nós tinha coragem de abrir a boca. ─ Se vocês não vão falar, eu falo! Todo mundo aqui escutou quando o Thomas falou isso na cara do Felipe e quase tentou quebrar o nariz dele.

─ Pedro... ─ Fernanda o repreendeu e se colocou de pé, não demorando muito para chamar Pedro com um sinal de mãos. ─ A gente vai subir.

─ Fernanda, a gente vai perder toda a bronca que eles vão levar! ─ às vezes eu ficava extremamente surpresa com o quão bom fofoqueiro Pedro poderia ser e nem se dar conta do quanto aquela situação era séria. Fernanda lançou para ele um olhar nada agradável e então ele se rendeu. ─ Ok, entendi. Qualquer coisa estamos lá em cima.

Tanto minha mãe quanto Clara esperaram Pedro e Fernanda se retirarem da sala, talvez compadecidas com o estado de Pedro ─ que era mais dramático do que real ─ para começarem a sessão sermão. A única coisa que eu ainda não entendia naquela situação toda era o motivo de Augusto, Rafael e eu estarmos presentes ali também.

─ Deixem eu ver se entendi tudo ─ Clara pausou e olhou Thomas bem no fundos dos olhos. ─ Você bateu no Felipe porque ele deu em cima da Júlia?

Thomas ao invés de incorporar o Hulk como eu esperava, apenas desviou o olhar da tia Clara e o fixou em Felipe. E, cara, até eu fiquei gelada com aquele olhar.

─ Eu bati no meu suposto melhor amigo de infância porque ele deu em cima da minha namorada duas vezes. ─ a voz de Thomas saiu muito ácida e magoada. E ao invés de Felipe começar a se desculpar, ele apenas o encarou de volta em total silêncio. ─ Achei que pudesse confiar em você! Quantas vezes te procurei para falar sobre a Júlia e as minhas inseguranças? Como você pode ser tão dissimulado, Felipe?

Só fui entender que Thomas havia se colocado em pé novamente e avançava na direção de Felipe quando meu irmão fez a mesma coisa e Rafael se colocou entre os dois. Augusto deve ter sido lento assim como eu, mas assim que percebeu o que ia possivelmente acontecer novamente, também se colocou em pé.

5inco | ✓Where stories live. Discover now