18: Anna em: o retorno maldito

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"Aqui no Rio de Janeiro, ser Anna Castro significa ser a x-9. A maior x-9 de todas. ── Thomas. "

Todo mundo tem aquele dia que simplesmente não quer sair da cama por algum motivo. Geralmente é por conta de ter passado a noite acordado fazendo qualquer coisa ou porque, sei lá, teve uma intoxicação alimentar; Tem casos também que a pessoa simplesmente não quer sair do conforto da sua cama e ter que aguentar uma manhã cheia de matérias escolares.

Nunca me encaixava nessas situações. Eu realmente tinha que estar muito doente para faltar aula ou, outra situação um pouco comum, era quando minhas irmãs não tinham aula e eu tinha que ficar com elas. Mas agora faltar aula por preguiça ou passar a noite virada, esses nunca foram motivos para me fazerem faltar aula.

Só que estranhamente naquela sexta-feira alguma coisa me dizia para ficar em casa e não aparecer no Basso.

E isso nunca havia acontecido.

Ao invés de escutar a vozinha chatinha que ficava ecoando na minha cabeça para ficar em casa, acabei me arrumando e tomando um café da manhã reforçado naquele dia. Talvez eu estivesse confundindo a vozinha com a minha preguiça; Isso com certeza soava mais realista do que acreditar que alguma coisa estava mesmo me avisando para não sair de casa hoje.

Tomei minha mochila com meus materiais e minha bolsa de treino. Dei uma última conferida mental para ter certeza que peguei tudo ─ claro que eu quase esqueci dos meus tênis, mas me lembrei deles no último momento ─ e, depois de pegar tudo e apagar a luz do corredor, podia ir tranquilamente para a aula.

Quase tomei um susto quando abri a porta da minha casa e me deparei com Augusto sentado em um dos degraus da escadinha, mas aí me lembrei do motivo dele estar parado na minha porta há essa hora da manhã: dia do chiclete.

─ Sendo a sua sexta-feira e a primeira pessoa a inaugurar com tudo isso ─ ele levantou-se da escada e apontou para a Matilde estacionada na calçada ali de casa. ─ nada mais justo que uma carona, certo?

─ Você é o melhor, Augusto. ─ dei um beijo na sua bochecha e fomos até a sua bicicleta.

Por mais velhinha que a Matilde fosse, por algum milagre Divino, ela conseguiu aguentar o meu peso, o peso do Augusto e foi meu meio de transporte naquela sexta.

O "estacionamento" de bicicletas do Basso fica do lado de fora do colégio, então Augusto me ajudou a descer da Matilde com as minhas coisas e começou a colocar o cadeado nela. Checou umas três vezes se estava tudo certo com ela, pegou a minha bolsa de treino e quase conseguimos passar pelos portões do Basso naquela manhã tranquila, mas Júlia não permitiu que realizássemos isso já que ela simplesmente surgiu do nada e nos manteve fora do colégio.

Parecia que ela tinha acabado de correr uma maratona.

─ Adoro ser recebido dessa maneira calorosa pela manhã.

Júlia apenas estalou seus dedos na frente de Augusto, o repreendendo por tal comentário e também mostrando que ela queria falar sobre alguma coisa séria com a gente. Ela ainda ofegava muito quando começou a não falar coisa com coisa.

─ Não vai acreditar em que está aqui! ─ as palavras iam tropeçando da boca dela, uma atrás da outra e em uma velocidade muito rápida. ─ Eu mesma vi e ainda não acredito, achei que era uma brincadeira, mas...

─ Ei, respira, Sanchez. ─ coloquei uma das minhas mãos no ombro de Júlia. ─ Fala devagar, assim não vamos conseguir nada.

Não sei de qual buraco Felipe, Rafael e Thomas apareceram naquele momento, mas a questão é que eles chegaram correndo até onde estávamos na rua. Certo, eu sei que uma boa parte dos alunos do Basso fica do lado do colégio até que o sinal bate ─ e rebate ─, só que a questão que nós não ficávamos ali.

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