17: Dia do chiclete

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Perdoar aquelas três pessoas de extrema importância na minha vida foi mil vezes mais fácil do que continuar as mantendo afastadas. Aquela barreira invisível que eu tinha construído ao longo do tempo, aos poucos e de maneira gradativa, não fazia mais questão de manter Felipe, Thomas e Rafael afastados de mim. O problema é que demorei para perceber isso.

Foi como se no lugar da barreira invisível um campo de força magnético tivesse sido colocado, os puxando para a minha vida mais uma vez.

E eu podia tentar fugir ou continuar naquele estado de negação, mas como continuar negando ou fugindo de algo quando eu queria inconscientemente aquilo mais que tudo? Não tinha lógica, nunca teria lógica.... Sendo sincera: acho nunca teve lógica nenhuma nessa situação toda.

Então joguei tudo para o alto. Me agarrei naquele campo - também invisível - magnético que fazia questão de ter os garotos novamente. Não seria de uma hora para a outra que tudo voltaria ao normal, infelizmente, não dava para passar uma borracha naqueles três anos, mas riscar aqueles três anos e começar tudo novamente, como se apenas um pause tivesse sido dado nas nossas vidas, isso poderia ser feito.

Dava para tentar de novo.

Porque a vida nada mais é do que daqueles jogos, no fim das contas. Podemos dar pauses, assim como podemos perder tudo de uma hora para a outra, dá para desistir de tudo, mas a melhor parte é que a gente pode não desistir e sempre começar novamente.

Um pause aqui, outro ali, um erro do outro lado e um recomeço sempre que necessário. É, acho que gosto de recomeços.

Foi uma das decisões mais certas que já tomei em tentar fazer as coisas recomeçarem novamente.

[...]

─ Já disse o quanto amo as roupas da Maria Luísa?

Bruna começou a rir e Júlia rodopiou pelo menos três no meio do meu quarto, fazendo com que o vestido que ela usava a acompanhasse. Levantei minha plaquinha com o número 10 gravado ali em sua direção, Bruna por sua vez levantou a de número 8.

Olhei intrigada para ela.

─ Prefiro esse vestido em mim do que nela. ─ deu de ombros.

Júlia revirou seus olhos, se dirigindo até a frente do meu espelho e se analisou durante quase dois minutos.

─ Ok, vou usar esse na festa. ─ juntei as mãos em um gesto de aleluia discreto. ─ Com certeza vou usar esse.

Tínhamos uma festa para ir daqui umas semanas e Júlia sempre foi a mais, hum, neurótica com o que deveríamos vestir. Por conta disso, ela sempre fazia com que escolhêssemos as nossas roupas semanas antes. Fazia mais de horas que estávamos trancadas as três no meu quarto, experimentando as roupas uma das outras e nos decidindo.

─ Graças a Deus, a minha bunda já estava ficando meio quadrada. ─ levantei da minha cama e olhei para a bagunça de roupas. ─ Olha, eu nunca usei esse vestido antes, mas acho que não dá pra colocar ele na máquina de lavar.

─ É, eu também acho. Mas pode deixar, vou cuidar super bem dele.

─ Digo o mesmo dos seus sapatos. ─ puxei Bruna pelas mãos, fazendo com que ela se levantasse. ─ Vamos comer alguma coisa? Depois eu arrumo essa bagunça toda.

Bruna assim que escutou a palavra comer saiu de dentro do meu quarto feito um míssil.

Júlia pediu para que eu descesse o zíper do vestido e começou a juntar suas roupas, as guardando e depois tirou o vestido. Ainda teve a coragem de olhar em dúvida para a peça que tinha acabado de retirar do corpo. Deus, por favor, não faça essa criatura com o cabelo rosa mudar de ideia.

5inco | ✓Where stories live. Discover now