─ Já perdoou eles e nem se deu conta ainda.

Parei de andar subitamente com as suas palavras. Nunca tinha brigado com Rodrigo ou tido uma discussão, e eu realmente não queria fazer isso, ainda mais no corredor de um hospital, mas ele estava fazendo de tudo para me tirar do sério. Virei novamente em sua direção, respirando fundo e tentando entender o motivo dele estar se metendo daquela maneira. Rodrigo nunca tinha feito aquilo.

─O que? ─ girei meu corpo novamente, olhando diretamente para Rodrigo naquele momento. ─ Não sabe do que está falando, Rodrigo.

─ Tem certeza que eu não sei? ─ ele se aproximou alguns passos, mas quando viu que recuei, parou de andar novamente. ─ Você está aqui nesse hospital desde aquela briga estúpida na qual o seu irmão se meteu. Maria Luísa, precisa parar de fingir e deixa que eles se aproximem de você novamente. É impossível que você não veja o mal que está fazendo sustentando essa muralha ao seu redor.

─Para. ─ fechei meus olhos.

─ E tem que começar a ser mais franca sobre os seus sentimentos consigo também. ─ reprimi a vontade de revirar os olhos naquele momento. ─ Nós dois sabemos muito bem o motivo de ainda estar aqui nesse corredor. Ele ainda tem nome e sobrenome. E não estamos falando sobre Felipe Alves nesse momento.

Não, ele não sabia o motivo pelo qual eu estava aqui.

Se nem eu mesma sabia, como Rodrigo teria conhecimento sobre isso? Não era possível alguém conhecer uma pessoa melhor do que ela própria. Prendi minha atenção em minhas mãos, desviando dos olhos de Rodrigo que procuravam uma confirmação. Mas aquilo era uma coisa que eu não daria a ele. Como iria confirmar algo daquele tipo ainda mais para ele?

"Ah sim, o motivo pelo qual estou aqui é porque Rafael Cunha está desmaiado por minha causa e eu ainda posso manter um amor patético por ele. Então, ainda está tudo certo com a gente, certo?"

Rodrigo era algum tipo de masoquista? Queria mesmo ouvir aquilo ou era impressão minha? Talvez ele tenha cansado de esperar alguma resposta minha e deixou que um suspiro alto saísse do seu corpo. Levei meu olhar mais uma vez até ele, observando o quão cansado ele deveria estar. E não era por causa do jogo, mas sim por minha causa.

─ Vou indo nessa. ─ passou as mãos pelos cabelos, sabia que ele estava bravo. ─ Quer uma carona?

─ Não vou sair daqui até ele acordar. ─ respondi. ─ É por minha causa que isso tudo aconteceu.

Rodrigo sorriu sem humor enquanto passava sua mochila pelos ombros e já se virava, indo em direção a um corredor que o levaria direto para a recepção e depois para a saída do hospital. Ficaria sozinha agora.

─ Beleza. Pelo menos está admitindo em voz alta o que quer. ─ falou um pouco mais adiante. ─ A gente se vê no colégio.

Observei Rodrigo se afastar totalmente e sumir pelo corredor. Voltei meu corpo até onde eu estava sentada antes, o repousando na mesma cadeira de minutos atrás, mas escondi meu rosto em mãos. Eu queria chorar feito uma criança naquele momento. Chorar como se eu estivesse com medo de algum monstro imaginário, porque era exatamente isso que eu estava sentindo. Medo que alguma coisa acontecesse.

Senti braços me envolverem, pensei por um momento que fosse Rodrigo, mas quando o famoso perfume de rosas chegou até o meu nariz, deixei que as lágrimas começassem a rolar sem piedade pelo meu rosto. A mulher ao meu lado me apertou ainda mais contra si, buscando de alguma maneira me proteger e indicar que estaria comigo para tudo que viesse a acontecer.

E eu sabia que ela estaria ali sempre que eu precisasse.

─ Vai ficar tudo bem, meu amor. ─ mamãe sussurrou contra meus cabelos. ─ Felipe está bem, nenhum ferimento interno e nem externo. Parece que alguém é duro na queda por aqui, não é?

5inco | ✓Where stories live. Discover now