N o t Y o u r B i t c h

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— Sam.  — chamei a atenção dele — Precisamos tirar o Dean e o Natan daqui.

     Sem questionar, ambos corremos até o elevador, cuja porta se fechou naquele exato momento. Antes que eu tivesse qualquer reação, ele me puxou para a ala de medicação, onde fomos interceptados por enfermeiras e carrinhos de soro, e corremos na direção de outro elevador, do qual tivemos sorte de estar vazio.

— Fecha, fecha, fecha! — passei a apertar todos os botões com receio da aproximação dos demônios.

      A porta se fechava numa velocidade desesperadora, dando tempo para que um demônio tentasse entrar. Mas meu chute foi o suficiente para impedir.

— Diz que você trouxe alguma arma, por favor. — apertei os olhos sentindo toda a minha musculatura enrijecer de medo.

— Só a faca. — levantou a barra da calça, onde escondia a faca que matava demônios e respirou fundo. 

— Merda! — pressionei as mãos na cabeça —Precisamos pensar em alguma coisa. — comecei a caminhar pelo pequeno cubículo. — Eu não consigo pensar em nada, que porra! — falei, com a respiração desregulada.

— Vai ficar tudo bem. — ele pegou na minha mão por alguns segundos e soltou em seguida, notando o que acabava de fazer. — Podemos... ir pra cozinha pegar sal. 

—Eu vou pra sala de cirurgia e tiro o Natanael daqui antes que abram ele. — disse olhando para uma placa que possuía todas as áreas do prédio. 

— Eu vou atrás do Dean. — acenou com a cabeça.

—Tente sair pela saída dos funcionários ou pela escada. Nos encontramos na rua de trás. — falei em tom de ordem, um tom que nunca havia experimentado antes.

— Certo. — desviei o olhar até ele, e tentei ignorar o fato de que o desespero havia tirado o ar áspero de sua voz.

      A cozinha ficava no mesmo andar onde Dean supostamente estava. Sam utilizou seus olhos verdes e cabelos charmosos para distrair uma das funcionárias, enquanto eu adentrava o local despercebida. O plano estava funcionando perfeitamente, embora eu nunca ficasse muito confortável sabendo da presença de demônios num raio de pelo menos 50 metros.

     Sammy permaneceu no mesmo andar e me deu a faca contra demônios, sabia que eu precisaria. O elevador agora tinha a presença de dois homens, os quais não depositei nenhuma confiança. O mais alto, à minha direita, era o mesmo que eu havia avistado pela primeira através do reflexo da entrada. O outro, à esquerda, poderia ser facilmente confundido com um humano comum, se não tivesse um faca mal escondida na calça. Nenhum dos dois se manifestou, eu não sabia o que significava.

      No andar seguinte, outros dois homens adentraram o elevador, tornado menor o espaço entre nós. As facas dessa vez eram visíveis, e meus olhos transitavam incansavelmente pelo grupo ao meu redor. Levei apenas quinze segundos para saber o que deveria fazer. 

      Num único ato, arranquei a faca do homem mais baixo com a mão direita, e acertei o outro no peito, que caiu agonizando. Um deles agarrou meu pescoço, onde pude pegar impulso para empurrá-lo contra a parede, enquanto desferia chutes no grupo à minha frente. Eu estava cercada, mas não permitiria ser imobilizada. 

       Parei de lutar contra o homem atrás de mim, e peguei a faca que Sam me deu, no cano da minha bota. Um golpe contra seu braço foi o suficiente para matá-lo. Meu antebraço impediu um soco contra meu rosto, no entanto, um chute provindo de um lugar desconhecido me fez cair. 

     A porta do elevador abriu exatamente onde eu deveria estar. Senti a mão pesada agarrar meu cabelo e me arrastar para o corredor.

— Viva, como o senhor pediu. — a voz rouca seguiu-se de uma risada baixa.

— Bom trabalho rapazes.

     O sotaque inglês não enganava. Meu olhar transitou por todo o vestuário obscuro que Crowley aprontou para aquela ocasião. Me levantei, o corpo levemente trêmulo com a quantidade de demônios e a falta dos Winchester. Ele nunca tirava o sorriso sarcástico do rosto.

— Sabe de uma coisa, Haniel? — pude ver seus pés caminharem em volta de mim — Se você acha mesmo que pode se juntar àqueles caçadores maricas para acabar com um pacto de milênios, vá em frente.— fez uma pausa —Mas eu cansei do seu joguinho, cansei de te manter viva, de te dar uma chance de se lembrar. Eu fiz de tudo para que isso fosse amigável, e você dificultou as coisas. — parou bem à minha frente.

      O olhar de Crowley sobre mim exalava uma onda de calor sinistra. Ou era meu medo?

  — Não pode fugir do que está dentro de você. — riu, deslisando o indicador pela lateral do meu rosto enquanto meus olhos seguiam seu dedo e um arrepio percorria minha espinha — Sei que veio para salvar seu amiguinho anjo Natanael, vocês humanos têm essas atitudes tolas. Mas olha só, não vai precisar mais fazer isso. — sorriu com os lábios fechados e senti uma queimação em minha garganta — Ele já está morto.

      Uma lágrima grossa despencou dos meus olhos quando vi o corpo de Natan na maca pela fresta da porta do quarto, sem ter tido tempo ao menos de deslisar em minha bochecha. O peso da culpa novamente caía sobre mim, e eu queria tanto esquecer que tudo só estava acontecendo por causa das minhas escolhas, era impossível.

— Se não aceitar o pacto agora, e se aliar à mim na guerra, — ergueu um olhar profundo — Sam será o próximo.


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AAAAAH EU SENTI TANTA FALTA DISSO <3 

If I Had Wings (Hiato)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora