N o t Y o u r B i t c h

Magsimula sa umpisa
                                    

      Sam seguiu os enfermeiros enquanto eu registrava Dean e Natan no hospital, mas ele foi barrado assim que chegaram no elevador. Eu me sentia na responsabilidade de ir confortá-lo, apesar de não haverem palavras. Talvez nós nunca tivéssemos sido feitos para ser algo além de amigos, porque Sam precisava de alguém naquele momento, e eu não queria ser outra pessoa senão sua melhor amiga.

  — Sammy...  — caminhei devagar, conseguindo vencer a resistência e o medo que me impediam — Eu sinto...

  — Eu sei que vai dizer que sente muito. — ele colocou uma mecha atrás da orelha, e se virou, me encarando sério com os olhos marejados — Mas sente pelo quê exatamente? Por ter apagado nossa memória, ou por ter mentido pra mim?

  — Ei, ei. — me afastei, franzindo o cenho e largando seu ombro — Eu nunca menti pra você.

  — Você queria o Dean, e de repente disse que me amava? — um sorriso sarcástico se desfez rapidamente — Qual é, Katherine? Assim que ele desaparece você supre suas emoções no primeiro cara que te dá atenção, é isso? — seu tom passou de sarcasmo para desprezo — Você é mais solitária do que eu pensei que fosse.

       Eu nunca pensei que algum dia aquele tipo de palavra sairia de sua boca. Haviam um tom mal calculado de raiva, e eu podia sentir aquilo como um vento forte soprado na minha direção. Não eram mais as frases de conforto que ele não media esforços para me dizer, eram palavras de raiva, e pesavam muito vindas dele.

  — Nossa. — tentei engolir o nó que se formava na minha garganta, e a sensação era de que eu iria me engasgar a qualquer momento — Eu sinto muito, por tudo.

         Senti medo de que aquele momento fosse o último em que trocaríamos mais do que frases curtas, e mais ainda que sua última frase fosse que havia desistido de mim. 

  — Vocês são os acompanhantes de David... Bowie — uma médica apareceu com uma ficha nos encarando com um olhar duvidoso pelos nomes registrados —, e Johnny... Cash?

  — Somos sim. — respondi me aproximando dela.

  —  Somos amigos de infância, e nossos pais eram fãs de rock. — Sam se explicou, mas não tirou o olhar duvidoso da médica.

  — Certo. — ela desceu os óculos até a ponta do nariz e leu a ficha — Bom, o senhor Bowie está com algumas fraturas nos ossos e incontáveis contusões pelo corpo, e está sendo encaminhado para a sala de cirurgia com urgência. Já o senhor Cash... — ela tirou os olhos da ficha e nos encarou com mais seriedade —  Ele ainda não acordou, faremos uma bateria de exames neurológicos para saber se a lesão causada pelos assaltantes afetou alguma parte do cérebro. Por enquanto ainda não temos previsão de alta para ele até sabermos o que houve.

     Assentimos, e ela voltou para o lugar indeterminado de onde saiu. Sam sentou-se no assento mais próximo, apoiando os cotovelos nos joelhos e massageando o couro cabeludo. Ainda em pé, encostei-me na parede ao lado dos assentos, apoiando a cabeça e fechando os olhos, tentando imaginar que as coisas estariam bem quando eu os abrisse.

      Eu nunca soube exatamente o que esperava quando aceitei entrar naquele Impala e ir contra minhas próprias escolhas. Sempre ouvi dizer que seriamos todos julgados pelas nossas escolhas, e mais ainda, pela coragem dos nossos corações. Eu não entendia por que minhas escolhas eram sempre tão erradas, e a minha coragem era sempre domada por covardia.

     De repente as vozes pareceram mais altas, e me despertou do meu momento comigo mesma. As luzes piscavam, olhei para Sam e ele se levantou com a mesma expressão que eu. O vidro da entrada refletia um grupo de diversas pessoas caminhando na direção do prédio. E de repente, um odor conhecido invadiu o espaço: enxofre.

If I Had Wings (Hiato)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon