Minha mente estava a mil naquele momento, diante de situações tão diferentes e novas para mim. Trabalharia em um prostíbulo luxuoso, estaria cercada de mulheres atraentes que usavam seus corpos para ganhar dinheiro e, sabia que, em algum momento, seria considerada uma. Certamente, teria momentos ruins ou constrangedores, mas eu contava mais com a hipótese de poder aproveitar a situação da melhor forma possível.

Quando entramos na sala, Adam procurou minhas mãos e mesmo sabendo o que ele queria, permiti que as segurasse. Os grandes olhos verdes me encaravam e tive a mesma sensação de uma presa diante de seu caçador, sentia-me vulnerável. Aquele olhar não podia ser mais invasivo.
— Queria saber o que se passa nos seus pensamentos.
Adam apertou firmemente minhas mãos e não tive como me desvencilhar daquilo.

— Se você soubesse, enlouqueceria. – Comentei um fato. Se ele pensava que minha mente girava em torno de sua proposta, se desapontaria ao descobrir que desperdiçava meus neurônios com problemas e tentativas que desviar de algumas conversas.

Sorri na tentativa de descontrair o ar que se tornava mais sufocante a cada segundo, mas Adam me puxou para perto de seu corpo. Aquele botão de alerta que toda mulher tem em sua consciência foi acionado. Retesei meus braços impedindo que ele chegasse mais perto. Adam sorriu, decepcionado e me soltou.

— Isso só me dá mais vontade de você, Heather.

Fiquei calada, porque não dava para responder à altura ou fazer piada da situação. Um calafrio me percorreu o corpo, sabia que não devia deixar aquilo seguir em frente, mas era difícil para mim lidar com uma situação como aquelas, mesmo com Stephan eu não sabia como parar.
Adam também se calou, mas logo me soltou e andou até sua mesa, parando por alguns segundos. Poderia ouvir as engrenagens de sua cabeça trabalhando enquanto formulava uma frase, totalmente inquieta.

— Me desculpe se for indiscrição da minha parte, mas você tem outras preferências sexuais?

Franzi o cenho, chocada por sua pergunta como se houvesse levado um tapa. Adam virou-se para mim, esperando uma resposta. Eu o encarei, sem saber se ria ou se chorava e nesse ritmo conseguiu disparar um “não” engasgado. Era clara a sua insinuação com “preferências sexuais”, isso apenas porque não o deixei avançar com suas investidas.
— Eu não sou lésbica, Adam. – Afirmei, convicta, querendo demonstrar que ele me ofendera com o questionamento nada discreto.

—Não sou seu tipo? –Perguntou num misto de ansiedade e irritação.

Exatamente.

— É bem mais complicado que isso. – Respondi com cuidado, tentando amenizar a tensão que havia se formado. Levei alguns segundos para inventar uma ótima desculpa, ou melhor, enaltecer um fato. –Eu acabei de sair de um relacionamento, não me sinto segura para...

Rapidamente, ele me cortou, demonstrando que não se importava com o meu lado a não ser que fosse para dizer algo que ele queria ouvir.
— Ninguém falou nada sobre relacionamento, Heather.

Como alguém tão atraente podia ser tão idiota?

Suas palavras soaram mais arrogantes do que deveriam, quase me desconsiderando como mulher. Adam chegou mais perto rapidamente, com esperança de que aquela frase me fizesse mudar de ideia. Irritada, levantei o dedo e apontei para mim e depois para ele.

— Então o que seria isso aqui, senhor Gilbert?

— Uma transa. Ou duas se preferir.

Seus lábios se contorceram em um sorriso cheio de malícia e eu queria muito ter sentido repulsa do gesto, mas ele era tão bonito que se tornava quase impossível sentir algo além de um abalo nas estruturas. De qualquer forma, bonito ou não, ele não iria me tratar como um objeto, que apenas precisava garantir sua necessidade, caso contrário, justificasse com outro homem a recusa. Dei dois passos para trás, fazendo-o parar no meio do caminho.

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