Lost

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Eu já havia perdido a noção do tempo, caminhando pelos corredores e me guiando pela luz da lanterna. O mal pressentimento ainda me acompanhava, cada vez mais escuro...

Parei quando dei de cara com sangue correndo pelo chão, agora já tocando meus pés.

E aumentando

Estava fresco.

Foquei a luz da lanterna para os lados, corredores compridos demais para conseguir ver o fim, algo agora estalava a minha frente.

Dentes batendo.

No segundo em que a lanterna iluminou a criatura a minha frente eu arregalei meus olhos e congelei.

Estava Mordendo o ar perto do meu rosto.

Abriu um sorriso sangrento, as mãos tremendo... Enquanto o mesmo me olhava paralisado.

A tremedeira era obviamente causada por...

Carne humana.

Olhei para baixo e vi pedaços sobrados de um cadáver ainda quente, sentindo a bile e o enjoo me subirem à garganta... E por um segundo eu ouvi o sussurro.

Corra

Eu realmente não pensei para que lado fui, apenas comecei a correr por entre as mesas e corpos no meio o caminho, ouvindo os passos rápidos atrás de mim, correndo o mais rápido que pude até parar de ouvi-lo.

Olhei para trás, dirigindo a luz para tudo que pude. Mas nada eu encontrei. Ele desistira, provavelmente achando algum corpo que lhe desse menos trabalho.

O corredor em que eu estava tinha uma longa distância, com uma placa verde luminosa indicando a saída a uns 100 metros à frente.

Desliguei a lanterna no intuito de poupar as pilhas e andei lentamente sobre as folhas de papel amassadas e sujas, baratas e ratos correndo.

Então eu ouvi um grito. Um grito de homem. E logo o som bem claro de ossos se partindo.

Merda!

Os passos eram bem mais pesados dessa vez... Passos de alguém ferido...

Parei, já abaixo da luz da saída, vendo o vulto com roupas rasgadas andar lento até mim, os cabelos caindo no rosto...

-April... - a fraca e rouca voz soou.

Harry.

Aquelas roupas, os sapatos... Era ele.

Era o meu amor.

Ele me encontrou.

Meu coração deu um salto e eu corri em direção a ele, já sentindo as lágrimas de alívio percorrerem meu rosto.

O abracei com força sem pensar duas vezes, sentindo meu coração cada vez mais acelerado... Cada vez mais curado.

-Harry... Meu amor... Por deus eu pensei que estava... - interrompi minhas próprias palavras, franzindo o cenho diante da estranha sensação...

Me afastei dele, vendo que meus braços estavam cheios de baratas. Soltei um grito estridente, estapeando os mesmos, olhando desesperada para Harry a minha frente, agora com os olhos focados em mim.

Mas não eram os olhos dele.

Meu coração pulou uma batida e eu senti a mesma dor de antes, suspirando derrotada enquanto um sorriso se abria em sua boca.

-É bom ter você aqui outra vez...- a voz disse em uma escuridão que tomou toda a minha alma. - eu nunca deveria tê-la deixado sair. Devia ter te matado quando tive chance, bastarda... Você vai sofrer. - e com essas palavras o corpo se desfez em insetos.

NÃO

Cega pelas lágrimas eu dei costas e corri, corri sem saber para onde estava indo... Descendo longas escadarias...

A tontura e a náusea eram inevitáveis. Aquilo acabara comigo.

Olhei em volta do lugar onde havia entrado. Parecia um... Pátio?

Eu estava no andar de cima, abaixo dali tinha um grande quadrado vazio, onde eu não conseguia enxergar o fundo... Não conseguia ver mais nada.

Parei com as mãos em meu coração, chorando alto, sentindo ainda mais meu enjoo, me curvando e vomitando água. Já sem nada no estômago para eliminar.

Deus, porque?

O choque veio ao sentir meu pescoço sendo agarrado por uma mão consideravelmente grande, e depois, pendurada por meus cabelos. Abrindo meus olhos e vendo um homem grande e gordo, com metade do rosto coberto por cicatrizes, olhando para mim como se eu fosse um inseto.

Ele estava brincando comigo. E pelo seu olhar eu notei isso. Mas eu não tinha forças pra me defender.

O movimento brusco de seu braço me arremessou ao nada, ao pátio abaixo, e eu senti uma de minhas pernas sendo rasgada pelas barras de proteção quebradas.

Eu estava caindo para o vazio. Até simplesmente parar. Com um baque surdo e doloroso. Caindo por cima de algo molhado e frio. Todo o espaço estava repleto de moscas. Eu estava sem o meu facão, não sabia onde estava minha lanterna.

Eu havia acabado de despencar por 3 andares, e agora meu corpo era dor. Minha perna queimava e minha cabeça chiava com zunidos e as batidas aceleradas do meu coração. Eu não tinha forças para mais nada. 

Minha visão escurecia aos poucos, e ao tatear abaixo de mim eu senti órgãos, mãos, rostos...

Eu estava sobre uma pilha de corpos. A pilha dos condenados ao inferno, esperando pelo julgamento do Senhor.

Esperando para queimar.

Esperando para morrer, enquanto caímos aos poucos na escuridão, sem esperança, sem saída.

Vamos April.

Seja forte.

Levante-se.

Eu estou com você. Levante-se.

Eu não consigo, me desculpe... Eu não consigo. Não consigo mais.

Não desista.

Por mim. Não desista.

Harry...

Era uma mentira. Uma armadilha...

Um jogo.

Eu estava gritando em pensamentos. Tentei me levantar, mas estava fraca, em choque, eu precisava de um tempo, de um caminho.
Minha visão se fechava mais a cada segundo, e oque já era escuridão tornou-se breu.

Meus ouvidos deixaram de emitir o zunido e os ruídos daquele lugar imundo, as moscas pararam de voar. Tudo era escuridão e silencio.

Apenas uma alma nesse lugar brincaria comigo daquela forma.

E eu infelizmente sabia quem era.

🔼🔽

Continuo?

RUN 2 - Harry Styles horror fanfic-  EM PAUSA Where stories live. Discover now