A parte Maria Luisa que estava machucada.

Aquilo não era justo.

Meu celular começou a vibrar na minha mão. Queria ignorar quem quer que fosse, mas depois de checar no visor de quem se tratava, eu sabia que dela não poderia fugir ou ignorar.

Deslizei o dedo pela tela e dessa forma atendi aquela ligação. Não dei nem chance da pessoa do outro lado da linha me saudar, apenas despejei toda minha magoa e raiva naquela curta frase.

─ Por que então não me avisou que ele iria voltar?

Um minuto de silêncio se seguiu naquela ligação. Eu sabia que minha mãe ainda continuava na linha, procurando alguma maneira de me explicar os motivos dela por não ter me contado da volta de Felipe. E eu também sabia que nada do que ela falasse iria levar a algum lugar; Ela não tinha o direito de omitir uma coisa como aquela.

Não sabia como iria reagir, Maria Luísa, você costuma ser intensa demais em algumas situações. ─ revirei meus olhos. Tudo bem, eu sou intensa mesmo, mas custava avisar sobre isso? ─ fiquei com medo de qual seria sua reação.

─ Era meio óbvio de que não seria uma recepção nada calorosa. ─ massageei minhas têmporas, logo em seguida apoiei meus cotovelos nos meus joelhos. ─ Vou ficar na casa da Bruna esse final de semana.

Falei assim do nada mesmo.

Não queria ir para casa e ter que ficar aguentando todo esse momento de seja bem-vindo de volta, Felipe. Não queria e não iria presenciar aquilo. E outra: Bruna me devia explicações.

Apenas juntei o útil ao extremamente agradável.

O que? Por quê? ─ afastei o telefone alguns centímetros do meu ouvido, Jane quase me deixou surda naquele momento. ─ Maria Luísa, não comece com isso!

─ É só um tempo, mãe. Preciso pensar e esfriar a cabeça, Felipe e você precisam de um tempo sozinhos também. ─ engoli em seco apenas por pensar no fato de encontrar com Felipe transitando pela casa como antigamente. ─ Não vamos começar uma discussão por causa disso.

Talvez você tenha razão. ─ por fim ela concordou comigo. ─ Mas é apenas esse final de semana, entendeu? Segunda-feira a quero aqui em casa e não se discute sobre isso.

─ Mãe, ninguém está discutindo sobre isso. ─ respondi impaciente. ─ Vou desligar, certo? Preciso ir para a casa de Bruna de uma vez.

Qualquer coisa é só ligar, Malu. ─ murmurei um "certo" para ela. ─ Não faça nenhuma besteira e se alimente.

Um meio sorriso escapou dos meus lábios mesmo naquela situação. Minha mãe nunca mudava e duvidava que ela fosse mudar com o decorrer dos anos.

─ Beijos e te amo. ─ me despedi.

Amo você também, raio de sol. ─ finalizei a ligação.

Fiquei encarando o telefone por cerca de dois minutos, respirando fundo e tomando coragem de ir até a casa de Bruna. Se minhas suspeitas estivessem certas, ela também já sabia da volta de Felipe. E, ao contrário do que eu pensava, ela omitiu algo como isso.

Esse dia só podia ser uma piada.

[...]

Só toca a campainha, Malu, só toca a campainha. Vamos lá, é algo super fácil!

Já era a quinta vez que elevava a mão com a intenção de tocar a campainha da casa de Bruna, mas a abaixava sem consegui realizar o simples ato. Os vizinhos da minha melhor amiga vão chamar a polícia daqui a pouco. Meu Deus, Maria Luísa, toca essa campainha de uma vez, garota!

5inco | ✓Where stories live. Discover now