- Sky? - A voz rouca de Harry interrompe os meus pensamentos.
- O que estás aqui a fazer?!
Afasto a sua mão das minhas costas, e afundo mais a minha cara na almofada. Eu não acredito nisto, a Allison tem menos juízo que eu. Como é que ela pode deixar este desconhecido entrar no meu quarto, como se eu já o conhecesse à anos?
Eu tenho a perfeita noção de que ele está no meu quarto, e eu estou a chorar. Ele não pode saber de que eu estou tão triste e vulnerável. Aliás, ele não pode saber que eu sou fraca. Eu ao pé dele tenho de ser forte e muito, mas muito fria. Não posso deixar que ele se infiltre no meu coração, nem na minha vida.
- Eu só vim aqui para saber se querias ir sair. - Ele parece atrapalhado.
-Eu não vou sair com um desconhecido. - Digo num sussurro.
- Para conheceres uma pessoa, ela tem de ser tua desconhecida primeiro, não é?
Ele tem razão, mas nunca o vou admitir. Claro que para conhecermos alguém, essa pessoa tem de ser nossa desconhecida primeiro. E assim é a vida. Amigos tornam-se desconhecidos, e desconhecidos, tornam-se amigos. Algo inevitável.
Realmente não sei se devo aceitar a sua proposta ou não. Harry parece querer mesmo ser meu amigo, e eu gostava de conhecê-lo melhor. Gostava de saber de que bandas é que ele gosta, ou até que programas de televisão é que ele ama. Mas eu tenho medo, este medo que me segue para todo o lado. Ele é invisível, mas eu sei que ele está mesmo a meu lado. Talvez ele esteja sentado naquela cadeira e eu não o veja, pois, o medo é assim. É invisível e impossível de desaparecer.
- Aceitas sair comigo? - Ele pergunta novamente.
- Se for para jantar fora, ou ir ao cinema, coisas que namorados fazem, podes esquecer. - Admito.
- Não é nada disso. - Ele faz uma pausa. - Queres ir à feira, ou algo assim?
Levanto-me bruscamente da cama e eu e Harry ficamos frente a frente. À muitos anos que eu não vou a uma feira, aliás, eu nunca tive muitas possibilidades de ir a uma.
E é como se aquela tristeza e aquele estado nostálgico estivessem a dissipar-se aos poucos, deixando um pouco de felicidade entrar dentro de mim.- Estiveste a chorar? - Ele franze a testa.
O meu contentamento era tanto, que nem me lembrei do facto de estar a chorar, e graças a isso levantei-me bruscamente da cama. Eu realmente não penso nas coisas antes de as fazer, e nas consequências que elas me podem trazer.
- Não, porque é que eu haveria de estar a chorar? - Soou convicente.
- Porque estás triste.
- Eu não estou triste.
- Estás sim, não negues. - Ele aproxima-se de mim, e inesperadamente, abraça-me.
O seu corpo fica junto ao meu, e o calor que ele me proporciona, é inexplicável. As suas mãos deslizam consecutivamente pelas minhas costas, e se eu pudesse ficava assim nos seus braços, para sempre.
- Eu sei o que é pensar que nunca vamos ser felizes. - Ele sussurra ao meu ouvido. - Lembra-te que esses pensamentos são passageiros, assim como toda a tristeza.
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Duas Metades {HS}
Fanfiction" Tu és diferente. O diferente acaba por assustar as pessoas. " Skylar era apenas uma rapariga de sete anos, quando recebeu na época natalícia, um colar assustador. Ao longo do seu crescimento, um mistério inevitável circulou sempre à volta daquele...
|11| princess
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