" O que fazias se tivesses namorado com dezanove Katherines, e todas elas acabassem contigo? " Fecho o livro, e olho para Harry.

" Primeiro, quem é louco o bastante para namorar com pessoas com o mesmo nome? Aliás, quem namora dezanove vezes? " Ele fecha igualmente o livro e olha fixamente para mim.

" Existem pessoas que conseguem ultrapassar os limites. " Começo a rir e ele acompanha-me.

" Deveriam ser vinte Katherines, e não dezanove. "

" Porquê? " Ergo uma sobrancelha.

" O número dezanove é uma incerteza, não é um número certo. "

" Não estou a entender. " Tiros os fones dos nossos ouvidos e meto-os dentro da mochila, juntamente com o telemóvel. Depois disso, volto a olhar para ele.

" Quando vais a um supermercado, e o que vais comprar custa dezanove euros.- Ele faz uma pausa. " Tu vais pagar com uma nota de vinte, ou com moedas , certo? " Assinto e ele continua. " dezanove é um número que anda numa corda bamba, é algo indecifrável. Tipo um enigma. É um número ímpar, algo que não se encaixa.

" Exatamente. " Faço uma pausa. " É por isso que após dezanove namoradas, à vigésima, ele encontra o amor da sua vida. Porque vinte é um número par, é uma certeza. "

" Não me digas que a vigésima rapariga também se vai chamar Katherine. "

" Não. É isso que faz o livro ser engraçado. " Ele franze o sobrolho.

" Como assim, engraçado? " Ele olha diretamente para os meus olhos.

" Porque ensina-nos que temos deixar ir as coisas que nos puxam para trás. E temos de nos agarrar a uma coisa que nos puxe para a frente. " Faço uma pausa. " Já para não falar que o número dezanove fica antes do número vinte. Como algo já sem nenhuma utilidade.

Ele estava pronto para responder-me, até que aquela bibliotecária chatíssima grita alto e a bom som.

" A hora de almoço acabou. Têm de ir para as aulas! "

Levanto-me da mesa e pego rapidamente na minha mochila. Encaminho-me para as estantes e deixo este livro de romance lá arrumado. Harry faz o mesmo, porém o seu livro fica entre os livros de terror e ação. Nós saímos da biblioteca lado a lado, e eu não faço a mínima ideia de que aula vamos ter agora.

" Que aula vamos ter agora? " Eu pergunto, quebrando o silêncio.

" Educação Física. " Ele responde e eu suspiro pesadamente.

Educação Física é algo que eu não gosto de fazer nem um bocadinho. E é por uma coisa bem simples - Não gosto desta discplina, e não é pelo facto de já ter partido um braço a jogar futebol. É pelo facto de que, eu não sei fazer praticamente nada. Na maioria das vezes, fico petrificada a observar todos os outros a fazerem os exercícios perfeitamente bem - Perfeitamente não é a palavra correta para definir isso. Eu diria melhor que eu. Mas isso também não é muito difícil. Todos conseguem ser melhores que eu. E quando me refiro a todos, estou a ser sincera.

Caminhamos até ao pavilhão, e entramos, encontrando uma auxiliar velhinha sentada numa cadeira que está num estado lastimável.

Duas Metades {HS}Where stories live. Discover now