" Como tens estado? " A sua voz emitiu um tom sonolento.

" Bem, como sempre. " Faço uma pausa. " Amanhã estás à minha porta a que horas? "

" É por isso que te liguei. " Ela faz uma interrupção por algum tempo. " Amanhã não sei se vou conseguir ir à escola. "

" Porquê? " Baixo o olhar e mordo o lábio inferior, mesmo que ela não me esteja a ver.

" Os meus pais têm de ficar mais alguns dias aqui em Nova Iorque por causa do trabalho. " Disse.

" Tudo bem. É o primeiro ano que vou entrar na escola sem a minha melhor amiga. " O meu olhar fixa um ponto qualquer do quarto.

" Vais conhecer muitas pessoas logo no primeiro dia. Lembra-te que vais para a secundária. É onde todos os rapazes lindos estão! " Um guincho é ouvido e eu rio-me, apesar de toda a tristeza envolvida no meu pequeno corpo.

" Tu sabes muito bem que eu não quero tampouco saber de rapazes. " Reviro os olhos.

" Sky, um dia um vai chamar-te à atenção. " Ela faz uma pequena pausa. "Vais ter cinquenta anos e eu vou continuar a dizer-te isto. "

" Eu vou ter cinquenta anos e vou repetir que não quero saber de rapazes. "

" Veremos. Amanhã um vai chamar-te à atenção e tu não vais confessar-me isso, porque és demasiado orgulhosa. " Ela admite e eu suspiro pesadamente.

" Odeio-te. " Brinco com ela.

" Também te odeio. " Ela faz uma pausa. " Não me troques por nenhum rapaz, ouviste? "

" Não vou fazê-lo, e tu sabes muito bem disso. "

" Um dia vais dar-me razão, e esse dia está a chegar. "

" Pareces uma velha a falar. "

" Mais vale parecer velha do que ser orgulhosa. " Ela faz uma pausa. " Olha tenho de ir, os meus pais estão a chamar-me. Beijinhos. "

" Beijinhos, amo-te. "

" Amo-te. " Ela profere tal coisa e desliga a chamada logo a seguir.

Pouso o telemóvel na mesa de cabeceira e deito-me na minha cama aparentemente confortável. Estou realmente triste e toda a vontade que eu tinha de ir para a secundária, dispersou-se em segundos. Eu não tenho amigos nenhuns naquela escola e sem a Bella, as coisas vão ser complicadas. Não vou ter ninguém para falar de assuntos estupidamente idiotas do meu lado, e nem alguém para almoçar comigo. Vou vaguear por aqueles corredores como uma alma que não encontra o seu corpo. Uma alma sem algum objetivo. Uma alma solitária.

Os meus dedos vão ao encontro ao colar esquisito que está no meu pescoço. Sempre quis descobrir o significado dele, mas é praticamente impossível. E isto nem é um colar, é a metade de um. Eu tenho a metade do símbolo ying yang, onde fiquei com a parte branca e uma bola preta no meio. Mas não é isso o esquisito, mas sim o facto de que, na parte de trás deste colar, encontram-se siglas que eu nunca cheguei a desvendar. E eu juro que já tentei de tudo. As siglas são especificamente um H e um S.

Duas Metades {HS}Where stories live. Discover now