Capítulo 31 - Ele

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POV Filipe:
Após Sam sair da sala. Eu tinha que falar a real para Ana.
- Olha aqui, Ana Campbell! Eu transformei você porque eu não achei que era a hora certa de você morrer tá?!
- E quem é você para decidir?
- Meu deus, você poderia ser menos ingrata?
- Como assim?! Você arruinou minha vida! - Ela rebateu.
- Nossa! Se você não está feliz é só se matar! Vai ali para o pátio e fica ali mais de um minuto...
- Sim, eu vou fazer isso. Adeus.
- Tchau então!
Ela nem chegou a sair pela porta da sala onde estávamos.
- Eu não posso fazer isso.
- Porque não? Você não estava se recusando a ser uma Vampira. Sua vida estava arruinada... - Ironizei.
- É... - Ela procurava uma explicação usando o mesmo tom raivoso.
- Eu não quero saber. Primeiro não mate ninguém da cidade e deixe rastros, compulsão nem sempre é permanente, o sol não te mata em poucos segundos. Você pode cruzar uma rua e ir até um lugar se recuperar. E por último, não menos importante, não transforme ninguém, já que você não tem instrução nenhuma para lidar com recém criados.
- Espera. Como você se alimenta?
- Eu sou um Híbrido Ana. Não preciso de sangue. Mas se bem que a reserva florestal tem ótimos animais...
- Mais alguma recomendação? "Papai"? - Ela ironizou.
- Tente não se matar ta? Qualquer coisa me liga.
Fui curto e grosso e saí da sala. Sinceramente, a transformei para evitar sua morte precoce e ela me retribui assim? Com todas as pedras possíveis na mão? Enfim, deixa ela jogar as pedras no ar e descobrir sozinha o que acontece...

    Essa era a segunda vez que eu havia transformado alguém. Eu me lembro da primeira vez que fiz isso. Eu não sabia direito como fazer, só na teoria.
Eu estava numa praça com minha ex-namorada Jess. Nós estávamos sentados num banco tomando algo, até que escutei uma grande batida de carro. Nós dois corremos para ver o que era. O carro fugia e apenas uma senhora com sacolas de mercado estava na rua, com muito sangue.
- Oh meu deus! Filipe! Vamos chamar a ambulância!
- Não da tempo Jess.
- Como não?!
- Fale para meus filhos que eu.... Os amo. - A senhora falava no chão enquanto se debatia.
- Vá para casa. Eu te levei até lá. Você nunca viu isso. - Falei nos olhos de Jess.
Foi assim que eu transformei a minha primeira pessoa. Ela não durou muito. Não teve instrução e acabou matando os próprios filhos. Eu fiquei muito chateado com essa história. Minha foi lá pessoalmente para acabar com a senhora. Depois disso eu prometi nunca mais transformar alguém. Até hoje...
- Alô Sam? Então to ligando no seu número já três vezes, e só está caindo na caixa postal. Eu queria agradecer por tudo... - Finalizei o correio de voz que deixei.
Fui até minha casa antiga. O vidro da frente continuava quebrado, mas o feitiço que Lúcia colocou ainda funcionava perfeitamente, isso era um bom sinal. A casa estava um tanto quanto diferente... Algumas coisas pareciam não se encaixar pelo pouco que eu lembrava. Um pote de olhos que estava na estante por exemplo, não me lembro daquilo. Tudo estava muito calmo... Até que eu fui a cozinha e me deparei com alguém.
- Olá Filipe.
- O....o que?
- Sou eu. Não vai cumprimentar?
- Ma...Mas como? Eu te matei a algumas horas!
- Aquele não era eu. Apenas um cara que eu achei vagando pela rua.
- Não... Isso é impossível. Como você fez isso?
- Na verdade Filipe... Há muitas coisas que você não sabe sobre mim. Nós somos parecidos. - Ele dizia e andava ao meu redor.
- Nos nunca seremos parecidos. - Falei com convicção.
- Será? Você não é o único Filipe. Sinceramne nunca esperei tanta mesquinharia... Como alguém pode ser tão certo sobre um fato?
- Do que fala?
- Você é tão tolo, que parece que perdeu todos os sentidos. Em breve, o conselho será todo sobre o meu comando. Assim como as matilhas e os Vampiros.
- O que você?
- O mesmo que você. Um Híbrido. Mas eu não tenho essa parte nojenta, que é capaz de se alimentar de sangue humano. Vamos dizer que eu sou mais felino.
- Isso não é possível.
- Claro que é. Seu pai não era o único bruxo capaz de lançar tal feitiço.
- Você não vai sair daqui vivo Hugh.
- E quem disse que eu quero sair daqui?
- Tudo vai ser executado aqui.
- Tudo?
- Tudo meu caro Treveli. Eu vou mata-lo e assim, por mais que eu ache nojento, me tonar o primeiro híbrido triplo que já existiu.
- O que? Você está maluco? E quanto aos puladores?
- Ah, aquilo? Só um pouco de feitiços de Glamoury. Uma lenda que talvez tenha existido na idade da pedra.
- Você armou tudo aquilo? A festa? A amizade? Tudo?
- Claro. Porque você acha que uma garota morre na minha festa. Seus pais morreram depois da minha festa. Ah, e não podemos esquecer daquela garota Riley, que eu tive o prazer em matar. Uma hora você vai perceber que tudo foi culpa minha. - Ele riu. - Até a tal da Sam, você conhece por minha causa.
- Filho da ....
Corri para a porta e percebi que nao adianta tentar sair. Algo tinha mudado o feitiço para que eu não conseguisse sair.
- Não adianta Treveli. Isso funciona também para sua irmãzinha Lúcia. Que esteve todo o tempo presa aqui, no porão.
- O que você fez com ela?! - Mostrei as presas.
- Eu? Nada. Mas se você nao se comportar. Eu poderia, vejamos.... Matar.
- Você não ousaria.
Avancei contra ele e nós dois caímos no chão. Dei um soco em seu rosto e me levantei. Ele chutou minhas pernas de modo que eu caísse.
- Eu vou te matar Hugh! - Gritei.
Ele golpeou minha barriga enquanto eu quebrei o seu braço.
- Agora você vai ver! - Falei enquanto mordi sua perna arrancando um pedaço de pele. E logo após quebrando seus ossos e derrubando-o exclamei em sua face:
- Últimas palavras?!
- Eu estou em maior número.
- O que?
De repente eu olhei para trás e lá estava a garota. Sofia, que segurando algo grande, deu um golpe certeiro na minha cabeça. Isso me fez ficar atordoado.
Com os olhos cerrilhados, consegui ver Hugh segurando um pergaminho verde. Isso prolonga o efeito de feitiços. E eu apaguei.

AscensãoWhere stories live. Discover now