Capítulo 17 - Segredo

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Ana


Acordei assustada e perguntei aonde eu estava. Filipe estava do meu lado.
- Ana, esse é o doutor Marcus! Ele te salvou - Julie disse.
- Salvou? O quê? Peraí... Marcus? - perguntei olhando para Treveli.
- Sim, Marcus. - ele respondeu com uma cara estranha. Logo entendi que era pra eu manter aquela mentira ridícula - Preciso falar com você, é sobre uma ameaça. E parece que seus amiguinhos de preto ali atrás não gostaram de eu ter te acordado - me virei para ver a quem ele se referia e reconheci apenas Cameron e Christopher. Os outros dois eu não sabia quem eram. Só sei que depois de me darem um olhar de reprovação, foram embora.
- Está se sentindo melhor? - Filipe continuou a encenação.
- Sim, obrigada. Como posso te contatar? - perguntei.
- Ligue para o meu escritório - ele me entregou um cartão com o nome de Marcus escrito. Achei curioso. Talvez ele tenha algo a mais do que apenas vampirismo. Porque, provavelmente, ele fez aquele cartão surgir do nada.
- Vamos indo meninas! Não temos mais nada para fazer aqui! - minha mãe falou e me puxou pelo braço.
- Calma mãe, porque vocês estão tão nervosos e apressados? - perguntei enquanto estava sendo puxada para o carro.
- Temos uma coisa séria para conversar.

***
- Ana, eu e seu pai... - minha mãe começou a falar, assim que chegamos em casa - Nós temos uma coisa para te contar.
- O que foi, mãe? - perguntei e cruzei os braços.
- É que... Nós sabemos sobre o seu "segredo" - meu pai falou e fez sinais de aspas com os dedos.
- Que segredo?
- Ah, Ana. Você sabe do que a gente está falando. Você é uma caçadora. Assim como...
- Espera um pouco! - cortei minha mãe enquanto ela falava - Vocês sabiam disso o tempo todo e não me falaram NADA!  Ou melhor, não fizeram NADA?
- Ana, você não entende...
- É claro que não entendo! - gritei - Porquê vocês esconderiam que sabiam disso o tempo todo?
- Ana, deixa a gente te explicar. Seu pai... Seu pai foi um caçador também.
- O quê? Ha Ha! Isso está ficando cada vez melhor!
- Só estamos te falando porque temos medo. Medo que você se machuque com esse trabalho cruel de matar essas pessoas. Seu pai passou por momentos terríveis quando fez parte disso tudo. Não queremos que você passe pelo mesmo - minha mãe falou e foi tentando se aproximar de mim.
- Primeiro de tudo - me afastei e comecei a falar - Eles não são pessoas. São seres capazes de matar pessoas inocentes. São ameaças. Segundo, eu já passei por muitas situações terríveis por conta desse trabalho e se eu me arrisquei por ele, foi porque eu quis. Foi uma opção minha trabalhar na agência e nada nem ninguém vai me fazer mudar de ideia agora. - Não que eu concordasse com tudo que eu falei nesse exato momento.
- Nós sabemos disso filha! Aconteceu a mesma coisa comigo! Eu queria fazer a "justiça" com as próprias mãos. Queria exterminar de vez esses sobrenaturais sem saber muito sobre eles. A agência me induziu a fazer parte disso e...
- Ah! Chega disso! Se vocês quisessem me proteger, teriam me falado isso antes. Antes mesmo de eu ter sido chamada para participar da Sociedade. - sai e subi as escadas pisando forte de raiva.
- Ana! - escutei um deles gritando, mas nem dei confiança.
Não podia acreditar que meu pai tinha escondido isso de mim por tanto tempo. Está certo que eu não fui totalmente franca, por não ter contado nada sobre eu estar na agência. Mas ele deveria ter me falado antes e me alertado sobre o que quer que fosse.
Depois da discussão não falei mais um pio com meus pais e evitei ficar andando pela casa para não me esbarrar com um deles e deixar o clima ainda mais tenso.
Queria saber o que Filipe tanto queria conversar comigo, mas estava nervosa demais para ligar agora é ainda estou com um pé atrás com aquele garoto.

***
Eu não queria nem olhar para a cara dos meus pais. Talvez eu tenha até sido muito turrona com eles. Afinal, de certa forma, eu omiti ser uma caçadora. Mas o que eles fizerem foi pior!
Eu ainda estava naquele castigo, mas tinha que sair de casa de algum jeito. Tinha que ir na agência resolver toda a confusão que causei.
Meus pais não estavam em casa quando acordei. Fui até a cozinha pegar um copo de leite e Julie surgiu do nada:
- Oi!
- Ahhh! Que susto! Afff, derramei metade do leite - falei pegando um pano para limpar.
- OH, que dó! Não chora!
- Ha ha!
- Sabe onde estão nossos pais? - ela perguntou e pegou o copo de leite que eu havia acabado de encher, me fazendo pegar outro para mim.
- Não. E nem quero saber - falei desanimada - tô saindo! - bebi o leite rapidamente e falei.
- Olha lá hein? Esqueceu que tá de castigo? Vou contar pra eles!
- Eu não ligo!
- Para onde você vai? Posso ir junto?
- Se quiser ficar segurando vela. Vou me encontrar com Matt - menti.
- Ah! Então deixa - ela falou e fez biquinho.
Saí e fechei a porta.
No caminho pra agência, Matt me ligou umas três vezes. Eu ignorei todas as chamadas, já que estava com pressa para chegar logo e ainda estava um pouco nervosa com ele.

***
Nem todos estavam na sala de conferência. Assim que vi Cameron, gelei. Eu sabia que iria receber xingamento e sermão.
- Não sei se todos vocês sabem, mas parece que temos um novo "tipo" de sobrenatural perambulando por aí. E eu acho bom vocês começarem a investigar o máximo de informação possível sobre eles - Durante sua fala, Cameron ficou me olhando com uma cara de repreensão, mas fez igual com todos. Assim que ele terminou de falar, puxei Christopher para um canto:
- Você não contou à eles sobre o que aconteceu na festa? - perguntei.
- Não! Quer dizer... Eles sabem do que aconteceu com aquela garota, então me pediram pra contar se vi algo de relevante sobre isso, mas não contei da parte que você dá a louca e tenta matar todo mundo.
- Haha engraçadinho. Valeu por não contar nada. Cameron me mataria de soubesse.
- Eu te mataria se soubesse do quê?

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