Capítulo 1 - O Jovem Treveli

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Filipe

- Filipe! Me ajuda a carregar umas caixas aqui por favor? Como você sabe, sua mãe vai vir só a noite. Estou um pouco velho pra fazer isso sozinho.

- Opa, me desculpa, nem percebi que você precisava de ajuda. Já sabem quando a película vai chegar?

- Você sabe que eu só consigo comprar como aquele cara da Irlanda né? Diz ele que até amanhã chegaria, mas sempre atrasa. A alfândega sempre barra.

- É, sei... E Lúcia, alguma notícia? Ela vem quando?

- Ah, ela disse que viria nos próximos dias. Faz tempo que eu não vejo a Lúcia. Você tem muitas lembranças dela? Digo, claro que tem, mas... De momentos?

- Hmm... Pior que não. Mas alguma coisa sim. A imagem dos cabelos super lisos e loiros sempre vem na minha cabeça. E eu me lembro risada irritante.

- Oh, a risada. - Meu pai disse com um riso entre os lábios. - Assim como era a mãe dela. A parte dos cabelos loiros, claro. - Ele afirmou colocando uma caixa sobre outra.

Lúcia é minha meia-irmã. Meu pai foi casado com Magnólia, e eles tiveram a Lúcia, depois de poucos anos de casamento. Magnólia faleceu quando Lúcia tinha quatro anos e meio. Meu pai conta que ela começou a ficar muito doente, então depois de uma bateria de exames descobriram um câncer, já com metástase, no pulmão, foi muito triste para todos, mas pelo menos puderam se despedir.

Uns anos depois, meu pai conheceu Vilma, minha mãe, numa estação de trem. Logo depois aconteceram várias sequência de fatos que eu não me recordo muito bem, e algumas cenas que não vem ao caso, que resultaram na minha presença neste mundom Aqui estou.

Estou me mudando. Eu não queria, digo com certeza. Acontece que o trabalho do meu pai exige essas mudanças periódicas. Ele é gerente de banco. Os bancos transferem seus gerentes para evitar qualquer tipo de corrupção ou algo parecido, não sei muito bem.

Mudanças exigem mudanças. Eu namorava até semana passada. Terminei. Sem aviso prévio. Não ia funcionar com toda essa distância, eu sei disso. Considerando que ela está do outro lado do país, e passagens de avião estão caras pra caramba. Eu já me mudei algumas boas vezes... Sei como é. Eu espero que Jess entenda, afinal eu não fiquei tempo suficiente pra ver.

Eu estava no terceiro ano do ensino médio. Na verdade, estou. Não queria ter que mudar novamente de escola. Mas a vida é assim, contratempos. Bom, pelo menos a minha.

Devo considerar que no meu caso, minha vida já nem é normal. Não tenho problema em dizer que não sou normal, para às pessoas certas. Eu talvez não seja nem humano? Digo, se consideramos a biologia padrão. É óbvio que eu não saio gritando nas ruas quem eu sou. Mas, para quem já está familiarizado com o mundo, não vejo problema em não me esconder. Sou uma coisa meio estranha, incomum, talvez única. Imagine um vampiro. Sim, tipo esses da televisão, mas que foi chamado pra estudar em Hogwarts. Seria algo como, bruxo vampiro? Feiticeiro Vampiro? É, isso que sou. Bom, sem a parte de Hogwarts.

- Filipe! - Meu pai me gritou lá da sala. - Venha cá.

Eu havia subido para levar algumas coisas ao meu novo quarto.

- Venha me ajudar a colocar esses móveis no lugar por favor?

- Ok. Indo! - Respondi descendo as escadas. Aqueles corrimões estavam bem antigos.

Eu tenho várias habilidades do meu lado "vampiro". Algumas delas são compulsão, velocidade e uma força mais elevada que o normal. Eu não sou tão forte como um vampiro que é só vampiro, aqueles de três mil anos de idade. Sim, eles existem. Mas, por isso, tenho minhas vantagens. Eu posso andar no sol sem que meu corpo fique totalmente em chamas e eu vire poeira, algo assim. Eu nunca vi, mas dizem que é bem feio. Ah, e o melhor, não preciso de sangue para viver, mas não vou mentir, me dá uma sensação muito boa. Todos deviam experimentar o plasma. Tem um sabor agridoce magnífico. Brincadeira, se você não tiver nenhuma porcentagem "vampírica" não prove.

AscensãoWhere stories live. Discover now