Capítulo 27 - Doença de Bruxa

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Pov: Samanta Barones

Depois de um feitiço fracassado tentando encontrar Lúcia eu sabia que Filipe havia ficado decepcionado, mas ele realmente tem sido um, vamos dizer, um ótimo aliado. Se eu quisesse eu poderia culpa-lo. Eu só o salvei, e não pedi para me envolver em toda essa história. Eu estava muito bem gerenciando o The Wiz. Mas eu realmente estava envolvida, meu pai e tudo mais. E além disso, eu me sinto bem perto dele.
- Sam, eu tenho que fazer uma coisa, te encontro depois. - Filipe gritou da sala enquanto eu arrumava a bagunça que fizemos.
- Tudo bem... - Respondi.
Na verdade, sem Filipe, eu acabaria ficando sozinha de novo. Já tentei relacionamento com alguns caras, mas nunca da certo. Muitos deles se aproveitam por eu ser a dona de um estabelecimento bem sucedido, e outros acabam descobrindo sobre minha magia. Luke foi um deles. Foi um relacionamento de três anos e alguns meses. Um dia ele me viu lendo um livro, não era nada pesado, apenas sobre algumas simpatias básicas. Ele quis saber o que se tratava. Contrariando as regras que foram ditas para mim desde que eu nasci, eu expliquei e mostrei o meu verdadeiro eu... Depois disso, foi só confusão. O final, um acordo. Eu fiz um pergaminho mágico para um vampiro a fim de que ele fizesse Luke esquecer tudo sobre mim.
Desci para dar um checada no The Wiz. Enquanto eu não podia gerência-lo, Valéria cuidava dele pra mim. Uma mulher baixinha com muitas tatuagens. Amiga da minha família desde que eu me entendo por gente.
- Valéria. Como está o movimento?
- O mesmo de sempre Samanta. E por onde você tem andando? Está tão sumida.
- Eu? Ah, resolvendo algumas coisas. Inclusive eu descobri o paradeiro do meu pai.
- Do seu pai!? Onde ele foi parar menina?
- O cafajeste está metido com crime organizado. - Foi o mais perto que eu consegui de normalizar a situação.
- Chocada... - Valéria disse.
O espaço estava como sempre. As bebidas muito bem organizadas e a iluminação do jeito que eu gosto.
- Só um minuto Val...- Meu telefone tocava.
- Alô, Sam!
- Filipe. Oi! - Falei animada.
- Meu deus... Você lembra da doença de bruxa? Eu preciso de um antídoto agora... Você sabe como fazer?
- Doença de bruxa? Meu deus, eu achei que estava extinto! Eu não sei como fazer, só o conselho tem essa receita. - Minha animação foi totalmente consumida por essa bomba. Doença de bruxa é a pior coisa que se pode imaginar... É tão... Até parece uma lenda.
- Você vai fazer o seguinte...
- Filipe? - O telefone ficou mudo por alguns segundos.
- Eu estou bem. Vá até minha antiga casa, e procure em uma caixa de livros, um livro com capa de couro. Meu pai tem essa receita.
- OK. Você está realmente bem? - Perguntei preocupado.
- Estou... Eu acho. - Ele desligou.
- Droga. - Gritei.
- Que foi menina? TPM? - Valéria disse rindo.
- Não Val, só mais e mais problemas. Tô indo, brigada por tudo... - Falei saindo.
Primeiro eu nem tinha certeza se sabia onde era a casa de treveli. Por sorte ele deixou a carteira em cima da bancada e nela tinha alguns registros.
Rapidamente cheguei ao local. A casa parecia bem mal cuidada. Acho que ninguém ia lá a algum tempo. O vidro da frente estava quebrado. Talvez a casa tenha sido saqueada.
Abri a porta e não consegui entrar.
- Muito esperto Filipe... Feitiço de proteção.
Passei a carteira dele na maçaneta algumas vezes e consegui entrar. Esses feitiços são facilmente burlados com um objeto de quem os lançou.
Na sala havia diversos estilhaços de vidro e claro a estante de livros não finalizada. As caixas estavam próximas.
Havia bastante material bom alí, livros que eu desconhecia, e feitiços que mesmo uma Maga como eu nunca havia feito. Logo eu vi o livro que Treveli mencionara, com a capa de couro, se destacando dentre os outros, além de parecer extremamente antigo e com páginas caindo. Ao folhear um pouco achei o que queria.
" Hortiácina
Nome popular: Doença de Bruxa
Maldição/praga criada pelos bruxos do antigo reino Cox, para exterminar os não puros. Bruxos não são afetados pela mesma, porém todo outro tipo de espécie que entrar em contato com a criatura contaminada estará sujeito a morte em poucas horas. A doença foi extinta pelo conselho de bruxaria e não deve ser reproduzida sobre pena de morte. Porém casos psicológicos da doença ainda podem ser tratados com o mesmo antitodo original.
Atenção, o antitodo abaixo requer sacrifícios, informe o conselho antes de realiza-lo:
Um par de olhos humanos
Uma amostra de DNA da criatura que espalhou a praga.
Magia canalizada da água. "

- Puta que pariu. Onde é que eu vou conseguir um par de olhos humanos! -
De repente olho para a estante do pai de Filipe e havia um pote com diversos olhos.
- Não foi tão difícil..
- Agora eu preciso canalizar a Magia da água. - Isso parece fácil mas canalizar a energia de um dos quatro elementos exige muita concentração e no mínimo uns quarenta minutos. Mas eu já havia feito isso antes, e consegui.
Meu segundo impulso foi ligar para Treveli. Para saber onde ele estava.
- Atende.... Atende...
Por mais que eu tentasse ele não atendia.
- Alô. - Alguém atendeu, e certamente não era a voz de Filipe.
- Quem fala? - Perguntei.
- Você não precisa saber. Logo todos estarão mortos. Se você quiser morrer também é só vir até a escola.
- Filho da... - A pessoa desligou.

Eu fiquei tão furiosa, e ao mesmo tempo preocupada por Treveli que o feitiço de transporte foi automático e em segundos eu estava perto dele. Ele estava caído e imóvel.
- Filipe! - Eu bati na cara dele.
- Acorde, Filipe! Eu preciso de você...
Eu olhei para trás e havia uma ambulância chegando e paramédicos correndo em direção a escola.
- Meu deus, eles não podem entrar... Ou vão todos morrer.
Corri ate a entrada da escola.
- Senhora você tem que sair daí agora. - Eles gritavam desesperados.
- Vocês não podem entrar. - Sem muita explicação, com um movimento derrubei todos. Não é um feitiço que eu gosto muito de usar, principalmente por deixar pessoas em coma.
- O que eu faço agora? Todos vão morrer! - Uma lágrima saiu do meu rosto.
Eu entrei pelo corredor da escola, e ela estava muito silenciosa do que eu me lembro do meu colegial. Olhei adentro de uma das salas e havia pessoas caídas no chão, se debatendo, e cuspindo sangue. Não havia antídoto para todas. Era o fim.

AscensãoWhere stories live. Discover now